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Spotlight é comum demais e não surpreende como filme sobre jornalismo

Com chances concorrer ao Oscar, longa-metragem com Mark Ruffalo, Michael Keaton e Rachel McAdams retrata os bastidores de uma redação de jornal

 

Spotlight: Segredos revelados retrata os bastidores das reportagens investigativas que denunciaram, em 2002, a recorrência de casos de pedofilia cometidos por padres nos Estados Unidos. Além de reconstituir o trabalho dos repórteres do jornal The Boston Globe, o filme abre um leque de questões sobre jornalismo, religião, justiça e as relações entre essas três instâncias.

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Entre os favoritos para receber indicações ao Oscar deste ano, Spotlight é um dos candidatos com mais chances de ser finalista, já que concorre ao Globo de Ouro em três categorias e já venceu o Satellite Awards (prêmio da Academia Internacional de Imprensa) e dois prêmios no Festival de Veneza, além estar presente nas listas das demais premiações consideradas prévias. O elenco também ajuda, pois Michael Keaton e Mark Ruffalo foram indicados no ano passado respectivamente por Birdman e Foxcatcher.

O favoritismo diz respeito às indicações, mas não necessariamente aos prêmios. Spotlight, afinal, é um filme comum demais, sem ousadias ou inovações, que não corre riscos e assume uma objetividade à beira da frieza. O ritmo prende a atenção, só que não vai além. A trama também envolve um excesso de nomes que pode deixar o espectador meio confuso para memorizar os papéis de tantos envolvidos nos casos investigados. Os atores estão corretos e competentes, só que não possuem cenas emocionalmente marcantes e os personagens são desenvolvidos de forma praticamente funcional, sem uma profundidade pessoal.

As entrelinhas e os detalhes são mais interessantes do que o filme em si, principalmente no atual contexto de reformulação do jornalismo. "Um jornal exerce melhor sua função se tiver independência", diz um dos editores, interpretado por Liev Schreiber. O ponto de vista dele é essencial para a elaboração das reportagens, que só foram adiante porque a equipe de jornalistas investigativos tinha liberdade (sem precisar obedecer a interesses político-econômicos do jornal) e tempo para a apuração das provas (Spotlight era o nome de uma editoria que elaborava as matérias ao longo de meses).

A maioria dos leitores do jornal era católica e a religião tinha uma relação de poder sobre o funcionamento da justiça em Boston. Os repórteres não só receberam aval para desenvolver as investigações como ainda foram estimulados a direcionar a denúncia contra a Igreja Católica enquanto instituição internacional e não apenas para as centenas de casos de padres que cometiam abusos acobertados por bispos e cardeais.

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