O apelido veio na infância, quando João Fernando se tornou Don Tronxo, graças à indefensável falta de talento para os jogos de futebol no colégio. Don Tronxo se tornou músico e o apelido, nome artístico. As sucessivas quedas em campo, diz ele, podem tê-lo transformado em homem persistente. Compositor maduro, ele ri ao associar o benefício da persistência ao fato de ser um dos poucos artistas a lançar disco neste carnaval. Com participação de Alceu Valença, Silvério Pessoa, Geraldo Maia, Nena Queiroga, entre outros artistas locais, Folias de carnavais comemora os 40 anos de carreira de Don Tronxo, e integra lista enxuta de lançamentos, na qual estão inclusos projetos do músico Alcymar Monteiro, do alagoano Geraldo Cardoso, do bloco Cordas e Retalhos, do Homem da Meia-Noite e da banda Som da Terra.
“Reunimos, eu e meu parceiro musical Marcondes Sávio, batidas do frevo, dos maracatus, das cirandas. É um dos poucos lançamentos locais, devido aos altos custos para gravar e produzir álbuns”, observa Don Tronxo, que credita a inspiração para as letras ao tempo em que residiu em Olinda e no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife, onde circulavam blocos de rua todos os anos, no carnaval. “Comecei cantando rock misturado a MPB, mas há 30 anos migrei para as canções carnavalescas. Hoje se ouve pouco frevo, os ritmos de diferentes estados estão muito misturados, como frevo, samba, axé. Mas optei por persistir no estilo de frevo que canto há três décadas, mais folclórico, tradicional”, explica.
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O caminho é semelhante ao percorrido pela banda Som da Terra, que lançou, em novembro passado, o álbum Vai pegar fogo!, reverenciando os 40 anos de estrada e os frevos de raiz. “É nosso 23º disco, com homenagens à folia pernambucana e seus expoentes, como Claudionor Germano, a quem dedicamos a música Na voz de Claudionor”, conta Rominho, vocalista do grupo. O Homem da Meia-Noite, figura tradicional do carnaval de Olinda, também resgata letras clássicas do frevo em O calunga - primeiro registro fonográfico do gigante, que reúne, ainda, narrações sobre a sua história.
O alagoano Geraldo Cardoso, cujo disco recém-lançado Forrofrevando foi gravado no carnaval de Olinda do ano passado, vê o ritmo pernambucano como inesgotável. “Apesar de forrozeiro, misturo há dez anos o forró e o frevo. No álbum, composições minhas, de Alceu Valença, de Nando Cordel e de Maciel Melo reforçam o poder do carnaval pernambucano, das letras clássicas com batidas tradicionais. Precisava gravá-lo no berço da folia”, declara. Os sons, captados durante a Folia de Momo olindense, foram remixados em estúdio no fim do ano passado. Se unem, ainda, aos recém-lançados Vozes do Frevo, DVD de Alcymar Monteiro, e Folia, retalhos e ladeiras, disco do bloco Cordas e Retalhos.
SAIBAMAIS
Sob as batutas do maestro Edson Rodrigues, o disco apresenta regravações de frevos tradicionais executados no bloco Cordas e Retalhos, entre frevos de bloco e frevos canção, como Roda e avisa, O teu lencinho e Pernambucana. Há, ainda, faixas inéditas de compositores locais, com participações especiais de Luciano Magno, Fátima de Castro e Coral Infantil do Baile do Menino Deus.
Primeiro registro fonográfico do repertório do tradicional desfile d’O Homem da Meia-Noite, o disco apresenta narrações baseadas na história do gigante e frevos de raiz. O Calunga tem textos e narração de Luiz Adolpho e participações de artistas pernambucanos.
Lançamento de Alcymar Monteiro, o DVD foi gravado em apresentações com repertório carnavalesco desde 2013. Inclui faixas como Serpentina partida, Pagode russo, Evocação Nº1, Rosa cor de rosa e Voltei Recife. As composições celebram os 30 anos de carreira do músico, cuja carreira é dedicada ao frevo e ao forró.
Don Tronxo celebra os 40 anos de carreira e resgata frevos clássicos em 16 faixas, lançadas no último dia 20. Ciranda, maracatu e samba também entram no projeto, com participações especiais de Alceu Valença, Silvério Pessoa, Geraldo Maia, Edinho Queirós, Nena Queiroga, Marco Polo, Mauricio Menezes, Mazo Melo, Edilza Aires, Rosana Simpson, Márcia Pequeno, Hoosevelt Ramalho e Heberth Azzul.
O alagoano Geraldo Cardoso captou sons no carnaval de Olinda, no ano passado, e remixou o material em estúdio, no fim de 2015. O repertório inclui composições autorais e letras de Alceu Valença, Nando Cordel, Luiz Gonzaga, Genival Lacerda, Petrúcio Amorim e Acioly Neto, entre outros, reunindo clássicos do frevo e do forró.
O álbum é uma compilação de músicas autorais da banda, que comemorou 40 anos de carreira em 2015, quando o disco foi gravado e lançado. Os primeiros shows da turnê ocorreram em novembro passado e a apoteose será no desfile do Galo da Madrugada, no Sábado de Zé Pereira, no Centro do Recife. Além da homenagem a Claudionor Germano, há faixas dedicadas a blocos de rua e à trajetória do grupo.
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