Música Carnaval 2016: Lira toca Chico Science e relembra Cordel do Fogo Encantado em show no Rec-Beat Artista finalizou a penúltima noite do festival que ocorre no Cais da Alfândega

Por: Pedro Siqueira - Diario de Pernambuco

Publicado em: 09/02/2016 03:10 Atualizado em: 09/02/2016 12:55


Repertório de Lira contou até com cover de Sangue de bairro, da Nação Zumbi. Foto: Ariel Martini/Divulgação
Repertório de Lira contou até com cover de Sangue de bairro, da Nação Zumbi. Foto: Ariel Martini/Divulgação

O bom filho à casa torna. Com repertório do último álbum, O labirinto e o desmantelo, o cantor arcoverdense Lira encerrou a penúltima noite do festival Rec-Beat, realizado no Cais da Alfândega. Com público moderado, em grande parte pela concorrência dos tambores da Nação Zumbi, que se apresentava no Marco Zero, o cantor mostrou músicas novas e relembrou seu passado no Cordel do Fogo Encantado, com quem se apresentou pela primeira vez justamente no palco do Rec-Beat, em 1999.

Confira a programação completa do carnaval recifense

 O repertório teve início com Desamar, também primeira música de O labirinto... Performático, Lira não parou quieto, sempre pulando e dançando. No palco, as músicas dos dois discos solo ganham um peso maior. O sistema de som do festival, excelente, ajudou, assim como a competente banda que o acompanha, que conta com o guitarrista Neilton, da Devotos.

O problema de se adaptar um show de Lira para o carnaval é justamente o repertório não-carnavalesco do músico. Composições mais intimistas e psicodélicas como Ah, se não fosse o amor e Ser não funcionam tão bem em um palco daquele tamanho, ao ar livre. A grande maioria da plateia, inclusive, parecia só empolgar de fato quando Lira resgatava músicas do Cordel, como Morte e vida Stanley, A Matadeira e Os Oim do Meu Amor. Aqui vale citar como os novos arranjos funcionam com essas músicas. Se no Cordel, a sonoridade era armorial, com tambores e violões, agora as músicas ganham uma atmosfera eletrônica, indie e pesada. A matadeira, por exemplo, soa quase como um punk rock tocado por androides descontrolados. Ponto para Lira.

Foto: Brenda Alcântara/Esp. DP
Foto: Brenda Alcântara/Esp. DP


Para surpresa dos fãs, Lira encaixou no repertório um cover de Sangue de bairro, lançada em 1996 por Chico Science & Nação Zumbi. Chico, que completaria 50 anos em 2016, é lembrado em todo canto que se olha pelas ruas do Recife Antigo. De camisas referenciando letras da CSNZ até rapazes com chapéu de palha e óculos como 'cosplay' do Mangueboy.

Além de música, o show teve também espaço para a poesia. Quem teve a oportunidade de assistir um show do Cordel do Fogo Encantado (a banda acabou em 2010), sabe que a teatralidade sempre foi parte fundamental do espetáculo. No Rec-Beat, Lira declamou Ai se sesse, e foi acompanhado em uníssono pelo público. Ao final, homenagens a Arcoverde e outras cidades do interior pernambucano. Lira dá um grande passo para frente, evoluindo sua sonoridade e suas letras, mas sem deixar de lado as origens. Romantismo, melancolia, tudo se mistura no intrincado labirinto musical do cantor. Cabe a nós acompanhar esse caminho, nem que seja no desmantelo.

Mais Rec-Beat
O festival chega ao fim nesta terça-feira (9), com shows de DJ Benke Ferraz, Sombra SNJ, Almério, Liniker, Maite Hontelé e Johnny Hooker. As apresentações começam às 19h30, no Cais da Alfândega (Recife Antigo).

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