Apesar de ter vencido o Festival de Gramado em 2015, da participação no Festival de Berlim e da presença do pernambucano Irandhir Santos no elenco, Ausência nunca foi exibido em Pernambuco. O longa-metragem, dirigido por Chico Pinheiro, já estreou e saiu de cartaz em outros estados brasileiros, mas os pernambucanos não puderam vê-lo em uma tela de cinema por causa das contradições do mercado exibidor. Em compensação, o filme pode ser visto em casa, pois ganhou um bom lançamento no circuito doméstico e já está disponível nos serviços de exibição da Net Now, iTunes, Google Play e GVT.
O personagem principal é um adolescente de 15 anos de idade que vive com a mãe em um centro urbano do interior de São Paulo. Depois que o pai abandona a família, ele vira o homem da casa e precisa trabalhar para ajudar a pagar as contas, além de ajudar na criação do irmão mais novo.
O menino é interpretado por Matheus Fagundes, vencedor do Troféu Redentor de Melhor Ator no Festival do Rio. A mãe dele é vivida por Gilda Nomacce, que teoricamente é coadjuvante no filme, mas tem uma presença poderosa a ponto de ficar na memória como um das figuras centrais. Irandhir aparece como um professor, amigo do garoto. A relação de amizade entre os dois cresce demais, a ponto de tornar-se preocupante.
Ausência é extremamente preciso na maneira como apresenta as problemáticas sem induzir a julgamentos ou dramas acentuados. O filme deixa tudo no limite das leituras pessoais e expectativas do público. Questões graves são abordadas com um equilíbrio cirúrgico. Nunca passa do ponto. Tudo é sutil e ao mesmo tempo contundente. O roteiro parece ter sido trabalhado cuidadosamente ao longo de anos para evitar deslizes, irresponsabilidades, sugestões de preconceito ou direcionamentos precipitados.
A formação do protagonista é o grande tema, seja em relação ao trabalho e às responsabilidades familiares ou sobre a definição da identidade sexual. O personagem é personificação do estágio da adolescência, já que ele claramente ainda não virou adulto e nem deixou completamente de ser criança.
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Ausência teve uma carreira atípica em festivais de cinema. O filme foi exibido pela primeira vez em outubro de 2014 no Festival do Rio, onde ganhou o prêmio especial do júri e o Troféu Redentor de Melhor Ator. Depois, foi selecionado para o prestigiado Festival de Berlim, na mostra Panorama (junto com os brasileiros Sangue azul e Que horas ela volta?). Em seguida, foi o grande vencedor do Festival de Toulouse, principal mostra europeia dedicada ao cinema latino-americano. Dez meses depois da primeira exibição, tornou-se o grande vencedor do Festival de Gramado, com quatro kikitos (melhor filme, direção, roteiro e trilha sonora).
Além da presença fundamental de Irandhir Santos, Ausência teve a participação de outros artistas que já colaboraram diretamente com o cinema pernambucano, como o diretor de arte Marcos Pedroso (de Cinema, aspirina e urubus e Era uma vez eu, Verônica), o diretor de fotografia Ivo Lopes Araújo (de Tatuagem, O homem das multidões e Brasil S/A) e a montadora Vânia Debs (de Baile perfumado, Árido movie, Deserto feliz e A história da eternidade), além de Marcelo Gomes, que participou do roteiro.
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