Humor
A televisão tem que deixar de ser elitista e pensar nos nichos, diz humorista Maurício Meirelles
Em entrevista ao Viver, comediante comenta fim do CQC, televisão, internet e novo programa no Multishow
Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco
Publicado em: 27/02/2016 14:00 Atualizado em: 26/02/2016 14:13
Redes sociais são bastante exploradas no espetáculo. Foto: Claudio Augusto/Divulgação |
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Apesar de estar no teatro, o comediante não se distancia da internet em cena. "Eu estou vivendo uma era digital. O meu show acontece no palco e fora dele. O Facebook está ligado, faço Snapchat. É um show bem interativo", explica Meirelles. Com anônimos e famosos, o quadro Facebullying ocorre da seguinte maneira: o humorista entra no Facebook da pessoa e se passa por ela.
Um dos alvos mais conhecidos foi MC Catra, que disse ter feito vasectomia após 32 filhos. Tudo não passou de uma piada. "O quadro é um trote com mais recursos. Com o Catra, o Brasil inteiro caiu na piada que fiz. O poder que a internet tem é muito grande", recordou. O vídeo de número 100 - deve entrar no ar daqui a três semanas - será com a esposa do comendiante, que se passou por ela em conversas com exs.
Antes do humorístico da Band, o comediante foi roteirista de Legendários (Record), no qual interpretou Clóvis Cliché. Ainda neste ano, ele vai estrear novo programa com os amigos Murilo Couto e Tatá Werneck no Multishow, inspirado no projeto musical deles, a banda Renatinho.
Como surgiu o espetáculo?
Perdendo amigos tem esse nome de “perder amigo e não perder piadar”. Tem a ver com a questão da polarização que estamos vivendo hoje. Estamos na era da rede social. Isso ficou mais nítido no meio da eleição. Quando a gente opina, perdemos amigos porque as pessoas discordam de você. O show é opinativo, mais profundo. Abordo temas atuais e polêmicos, como homofobia e causas animais.
Como lidou com a notícia do fim do CQC?
Eu sei como o jogo funciona na TV aberta. Se o seu produto está sendo assistido, continua. Se for rentável, também. Se não, existem grandes chances de cair. A TV aberta é um mercado que envolve muito dinheiro. O CQC não estava com audiência relevante. Desde o começo do ano, estávamos vivenciando essa situação. A troca de Marcelo Tás por Dan Stulbach foi uma tentativa. Acho que o foco na política diminuiu bastante e isso acarretou com o término do CQC.
A faixa noturna da televisão vem passando por transformações. Além do fim do CQC e da saída de Rafinha Bastos, foi confirmado o fim do Programa do Jô. Como enxerga essas mudanças?
Acho isso bom. Embora o Jô seja o grande nome do talk show, tem que tomar cuidado com o lugar de dinossauro da televisão. Ele se tornou relevante para uma faixa etária, mas tem gente de 20 anos que não faz ideia de quem é Jô. Conhecem Adnet, Porchat… A televisão não é só feita para gente mais velha e não pode tratar o povo brasileiro como ignorante. Tem que deixar de ser elitista, centralizada, pensar nos nichos. Se não, a televisão morre. O CQC surgiu e virou uma revolução em 2008. Toda mudança é produtiva. Embora seja fã de Jô Soares, era fã do CQC, uma hora chega ao fim. A internet está experimental para caramba e a televisão perde público por ter medo de experimentar.
O que pode adiantar do novo programa com Tatá Werneck e Murilo Couto para o Multishow?
Esse projeto surgiu através da banda Renatinho (formada pelos três). A gente é melhor amigo. Lógico que eu ia aceitar. Tomara que dê certo. As gravações começam em junho. Vai ser diário e mistura rmúsica e humor. O Multishow é um lugar experimental. O público tem que entender como uma tentativa de fazer algo novo. Acho que temos que ser celebrado por isso. Melhor que fazer o mesmo sempre. Eu sou baixista profissional desde 14 anos.
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