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Perfis de poesias no Instagram conduzidos por homens se popularizam e viram livros
Para as editoras, é vantagem aproveitar a legião de fãs das redes sociais e estimular a leitura
Por: Marina Simões - Diario de Pernambuco
Publicado em: 05/05/2016 12:25 Atualizado em: 05/05/2016 12:18
Lucas Brandão, Zack Magiezi e Matheus Jacob produzem poesias para o Instagram. Foto: Reprodução/Facebook |
Reflexões, frases de efeito e pílulas poéticas estão ao alcance dos olhos e dedos no Instagram e são diariamente compartilhadas na rede social. Recentemente, perfis de poesia que falam de amor e de relacionamentos se tornaram sensação, extrapolaram a web e foram parar nas prateleiras. O escritor Zack Magiezi, seguido por mais de 600 mil pessoas, lançou Estranherismo, compilação do conteúdo publicado no Instagram, com textos em fontes de máquinas de datilograr. O publicitário de 33 anos ganhou fama com os poemas da série Notas sobre ela, no qual descreve medos, angústias e desejos de uma mulher fictícia.
Lucas Brandão @blogdolucao escreve segunda obra de poesias. Foto: Reprodução/Instagram |
O publicitário Lucas Brandão, 31 anos e 340 mil seguidores, já escreve a segunda obra. A estreia, É cada coisa que escrevo só pra dizer que te amo (2015), reúne poesias de dez anos iniciadas no blog Abre o bico. "Não pretendo ser um guru. Quero ter o direito de me contradizer. Não vou dar dicas nem conselhos amorosos”, diz. Ele critica o preconceito contra a identidade sexual de quem escreve e os “autores de Instagram” cujos poemas viram livro: "A internet tem sido um lugar muito feminino e machista. Publicamos coisas com que elas se identificam". Gustavo Lacombe (80 mil seguidores) já está no segundo livro, O amor é para os raros, lançado em março. A temática nos perfis passa por amor, conquista, desventuras.
Dois perfis de destaque na transformação de poemas em livros são Eu me chamo Antônio (2013), de Pedro Gabriel (@eumechamoantonio, 694 mil seguidores), com rabiscos poéticos em guardanapos, e o da pernambucana Clarice Freire, do Pó de Lua (2014) - @podeluaoficial, 209 mil seguidores. Precisava escrever, do professor de educação física Rafael Magalhães (985 mil seguidores), já com outra obra publicada, está no grupo. O livro Um cartão - do advogado Pedro Henrique, vendeu 20 mil exemplares.
Para as editoras, é vantagem aproveitar a legião de fãs das redes e estimular o consumo dos livros. O desafio é transformar o conteúdo para que ganhe vida nova no papel. “O formato do livro é complemento. Possui curadoria que seleciona e eventualmente inclui material inédito. O leitor não irá perdê-lo em meio a informações online e pode presentear alguém ou folhear sem aplicativo ou bateria”, diz Mariana Rolier, da Fábrica231, selo da editora Rocco.
+Quem são eles?
Perfil @umcartao. Foto: Reprodução/Instagram |
PEDRO HENRIQUE, 26 anos, Porto Alegre
@umcartão
990 mil seguidores
Livro: Um cartão - Sentimentos cotidianos (Fabrica 231, R$ 14,70)
RAFAEL MAGALHÃES, 29 anos, Goiás
@precisavaescrever
985 mil seguidores
Livro: Precisava escrever e Precisava escrever 2 (Independente, R$ 39,90)
Zack Magiezi escreve a série Notas sobre ela. Foto: Reprodução/Instagram |
ZACK MAGIEZI, 33 anos, São Paulo
@zackmagiezi
628 mil seguidores
Livro: Estranheirismo (Bertrand Brasil, R$ 27,90)
LUCAS BRANDÃO, 31 anos, Goiás
@blogdolucao
340 mil seguidores
Livro: É cada coisa que escrevo só pra dizer que te amo (Benvirá, R$ 21,80)
Matheus Jacob do @homemquesente prepara primeiro livro. Foto: Reprodução/Instagram |
MATHEUS JACOB, 29, São Paulo
@homemquesente
268 mil seguidores
Livro: Pequenas epifanias (em produção)
THIAGO TRISTÃO, 30 anos, Espírito Santo
@vidaemtiras
190 mil
seguidores
Livro: Vida em tiras
(Scottmiler, R$ 44,90)
GUSTAVO LACOMBE, 26 anos, Rio de Janeiro
glacombetextos
80 mil seguidores
Livro: Destino, acaso ou algo mais forte (2015) e O amor é para os raros (2016) (Independente)
Entrevista Matheus Jacob
"Todo mundo me inspira"
Como surgiu a ideia? Por que decidiu criar o perfil?
Quando comecei a escrever, eu possuía um medo grande. Um preconceito grande. Ainda estava profissionalmente envolvido com o mercado financeiro e não sabia como expor as minhas palavras para o mundo. Nasceu então o pseudônimo “homem que sente”. Depois, a necessidade de aparecer (até mesmo para trazer um lado mais humano à escrita). Veio o Matheus.
Em que momento percebeu que estava agradando o público?
Nunca tive essa percepção de agradar o público. Mas quando os desabafos e as identificações começaram a crescer, os relatos de ajuda, percebi que existia certo alívio nas palavras que escrevo.
O que te inspira a escrever? Quais os temas mais recorrentes nas postagens?
O mundo e todo mundo. Cada história, cada esquina, cada conversa. Os temas principais são a filosofia do cotidiano. A vida. O amor. A felicidade e a tristeza. Não existe proposta ou objetivo definido. É apenas escrever. Colocar no papel tudo o que transborda de dentro do peito.
+no YouTube
A repercussão positiva nas redes sociais rendeu aos autores Zack Magiezi, Thiago Tristão (@vidaemtiras, 190 mil seguidores) e Matheus Jacob um projeto paralelo. Eles criaram o canal Troco Likes, no YouTube, pensando em expandir a atuação na plataforma de vídeo. “A ideia é conversar sobre temas variados de acordo com o universo das nossas escritas e criar proximidade de imagem e voz com os seguidores”, explica Zack.
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