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Na primeira entrevista após assédio de Biel, repórter desabafa sobre demissão: 'Traição'

Giulia Pereira perdeu o emprego após denunciar Biel por ter dito que a "quebraria ao meio" e "estupraria rapidinho" em reportagem

Giulia e a editora-executiva Patrícia Moraes foram demitidas. Foto: SBT/Divulgação

A repórter Giulia Pereira falou pela primeira vez sobre a demissão do Portal IG após ter acusado o cantor Biel de assédio sexual e divulgado áudios nos quais ele a chama de gostosa e diz que a 'quebraria ao meio'. Em entrevista veiculada no Programa do Gugu desta quarta-feira, ela contou com detalhes como foi a conversa com o artista, tomou a decisão de expor o caso e foi desligada da empresa onde trabalhava. Além dela, a editora responsável pela matéria sobre o assédio também foi demitida.

O Programa do Gugu também veiculou entrevista com Gisele Fraga. Ela falou sobre o ex-marido, o empresário Augusto Mendonça Neto, um dos delatores da operação Lava-Jato, e sobre a agressão física sofrida por um ex-namorado. A atriz tornou pública a violência que a fez levar oito pontos no rosto após Luiza Brunet ter narrado que teve quatro costelas quebradas pelo ex-companheiro, o empresário Lírio Parisotto.

"É quase uma traição, eu acho, porque eu realmente não esperava", desabafou ela. A justificativa da empresa foi a intenção de ampliar a quantidade de repórteres formados e diminuir a de estudantes no corpo profissional do portal. Apesar disso, segundo Giulia, ela foi a única, e outras vagas foram abertas. Ela foi desligada no dia 17 de junho, 13 dias após a publicação da matéria. A rescisão do contrato da editora-executiva Patrícia Moraes, autora dos textos,  foi no dia 24 de junho.

As demissões, assim como a divulgação dos áudios, tiveram uma grande repercussão. Além de matérias em vários sites de notícias e artigos sobre o tema, a decisão da empresa motivou um vídeo coletivo no qual outras jornalistas denunciam casos de assédio sexual cometidos por anônimos e famosos e um vomitaço na página oficial no Facebook do Portal IG, que passou a atualizar menos os perfis nas redes sociais.

"Eu acho ingênuo achar que por acaso as duas jornalistas diretamente ligadas ao caso foram as duas demitidas", criticou Giulia. "Eu não dizer o que teria motivado, de verdade, porque eu acho que a demissão foi pior para a empresa do que ter divulgado a matéria. Muito pelo contrário. Quando eles divulgaram, todo mundo elogiou o portal por ter colocado no ar a denúncia, por ter apoiado e ter dado essa força e exposto. Quando aconteceu a demissão, acabou parando nas redes também", analisou ela.

Pela primeira vez, a estudante falou em primeira pessoa sobre a situação. Ela recordou detalhes da entrevista e a reação dela após deixar o local, quando foi à casa de uma amiga e trocou mensagens - mostrada pela reportagem - com a mãe. Ela também falou sobre o momento no qual Biel disse que a "estupraria rapidinho". "Ele perguntou para mim se a minha entrevista era a última do dia, e a minha era penúltima. Daí ele olhou para mim e falou que era uma pena, porque se a minha fosse a última ele ia me levar para um motel e me estuprar", contou ela, emocionada, antes de um pedido de desculpas.

Quando narrou o assédio sexual na empresa, a repórter recebeu amplo suporte e a indicação de prestar queixa na polícia. Com o boletim de ocorrências em mãos, ela aguardou o envio dos vídeos com o registro das investidas de Biel para divulgar o assédio, em reportagem publicada no dia 4 de junho. Após o texto, Biel divulgou um vídeo no qual pede desculpas a ela e todas as mulheres que se sentiram ofendidas, teve um contrato de R$ 400 mil cancelado e foi excluído da lista de artistas que carregaram a tocha olímpica. Apesar disso, Giuilia Pereira e Patrícia Moraes foram demitidas.

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