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Produtor Elmano Rodrigues relembra últimos momentos de Jackson do Pandeiro

Músico morreu na capital, depois de realizar show para festa de São João, promovida pela associação de funcionários do MEC em 1982

Em 23 de junho de 1982, Jackson do Pandeiro e seu conjunto subiram ao palco de uma festa para um show em Santa do Capibaribe, no Vale do Ipojuca, a 192km do Recife, que se jactava de realizar o mais animado são-joão daqueles tempos. Ele dividiu o espaço com Luiz Gonzaga e Dominguinhos. A certa altura, Jackson não consegue cantar, cutuca o sanfoneiro Severo e alerta: “Cumpadre, segura aí que eu vou aqui”. O comportamento foi um mistério para todos do grupo. Mas a festa continuou sem Jackson. Meia hora depois, ele retornou e fechou a noite. Quando chegou ao hotel, o cantor paraibano confidenciaria aos amigos: “Senti uma tonteira danada...”. Na verdade, a tonteira era um enfarto relâmpago, o primeiro de uma série que provocaria a morte de Jackson em Brasília, em 12 de julho de 1982, o mesmo dia em que a Seleção Brasileira comandada por Zico seria eliminada da Copa do Mundo de Futebol da Espanha.

Mas, antes de chegar a Brasília, Jackson viveu momentos de tensão e teimosia, sempre insistindo em subir aos palcos, sem se importar com a saúde: “Vou trabalhar até o povo me aceitar e Deus quiser. Pretendo dar o último suspiro cantando”, declarou em entrevista ao jornal O Estado, de Florianópolis. Os paraibanos Fernando Moura e Antônio Vicente reconstituíram, minuciosamente, os últimos instantes do cantor de Alagoa Grande até chegar a Brasília para show na sede da Associação dos Servidores do Ministério da Educação (Asmec), situada no Setor de Mansões Park Way.

Jackson do Pandeiro ganha refinada caixa com 235 músicas

Jackson voltou a passar mal durante show em Caruaru. O médico diagnostica novo enfarto e prescreve repouso absoluto, nada de cigarros, café, bebidas alcoólicas ou palcos. De preferência, deveria ser internado em uma clínica. Todos do conjunto querem voltar ao Rio, mas Jackson não desiste do show de Brasília, agendado para 3 de julho. Estava em baixa no mercado musical, vivia em dificuldades financeiras e precisava, dramaticamente, do cachê.

Grande show

Ao chegar a Brasília, o grupo entra em contato com Elmano Rodrigues, funcionário do MEC, que contratara o show e alerta sobre a situação precária da saúde de Jackson. Elmano havia trabalhado em uma agência de publicidade que prestava serviços para a Companhia de Discos do Brasil e era amigo dos artistas, entre outros, do sambista Ismael Silva: “Não tem problema, basta o grupo entrar e animar a festa”, concedeu Elmano. Jackson rechaçou a ideia, subiu ao palco, a voz falhou algumas vezes, mas ele fez um grande show, animadíssimo, com muito humor e ritmo nordestino.

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