HQ's
Ilustradores pernambucanos lançam campanha para financiar primeira HQ
Livro contém duas histórias diferentes e ambas são contadas por meio de desenhos, sem palavras
Por: Matheus Rangel
Publicado em: 01/09/2016 19:27 Atualizado em: 01/09/2016 18:48
Ideia do personagem Timo surgiu baseadas nas experiências pessoais de cartunista. Foto: Rochedo Press/Divulgação |
As aventuras de um menino apaixonado por livros que descobre a habilidade de se transportar para cada uma das histórias que lê e de um vagalume que busca outra luz serão contadas por um trio de coração pernambucano. Os ilustradores recifenses Raul Aguiar e Tales Molina e o paulista Flávio Pessoa lançarão, juntos, o volume 1 da Rochedo Press.
O projeto contempla duas HQs, com enredos diferentes, reunidas em um livro sem palavras - toda a trama da obra será contada por meio dos desenhos do grupo. Raul Aguiar, responsável pelo personagem Timo, conta que a ausência de falas na produção visa atingir públicos mais jovens: "Meus desenhos são mais infantis, então queria que crianças mais novas também pudessem compreender a história sem ter que ler".
Formado em design pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o artista se mudou para São Paulo há cinco anos motivado por oportunidades profissionais e buscando uma mudança de vida. Foi durante uma viagem a Berlim, no entanto, que nasceu Timo. Raul foi inspirado pelas crianças que brincavam nas ruas do país europeu e lembrou da sua infância nas ruas de Recife. "Não é uma coisa que a gente vê mais hoje em dia, principalmente aqui em São Paulo. Criei um personagem mais desconectado, sem celular, internet, Pokémon Go… Também me inspirei nas viagens com meu pai. Costumávamos passar muitas horas dentro carro percorrendo o Nordeste", diz Raul, aos 33 anos.
Os traços do personagem, inicialmente, eram europeus. "Comecei a desenhá-lo meio ruivo ou loiro, com roupas de frio, mas voltei ao Brasil para desenvolver esse projeto e adaptei ao cenário daqui: as roupas, os cabelos. Ele foi se tornando cada vez mais brasileiro", contou. Esses contatos no exterior, contudo, continuaram afetando a estrutura do projeto. Além de ser acessível a crianças ainda iletradas, os planos são de que o material também chegue a outros países. "Metade das pessoas que me seguem nas minhas redes sociais não são brasileiras. E, como também me comunico em inglês na internet, queríamos divulgar em outros lugares", analisa.
Para engatar o projeto, que será lançado na Comic Con Experience deste ano, em São Paulo, Tales, Raul e Flávio estão promovendo um financiamento coletivo online. Comum entre ilustradores, que encontram dificuldades mercadológicas para comercializar os trabalhos, o chamado crowdfunding visa levantar fundos para produção e distribuição do livro. "Embora muitos usem como meta um valor maior, só queremos custear a produção mesmo. Não incluímos a margem de lucro", conta Raul. O arrecadamento deles, disponível por meio do site Catarse, tem como meta o valor de R$ 18 mil.
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