Fotografia Mostra gratuita Êxodos, de Sebastião Salgado, estreia nesta quinta Exposição traz 60 posters com imagens tiradas pelo fotógrafo brasileiro em locais de conflito

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 01/09/2016 08:16 Atualizado em: 31/08/2016 20:07

Homens, mulheres e crianças à própria sorte, longe de casa e de qualquer perspectiva de futuro, buscando o que o país natal deixou de garantir: a vida, o mais básico dos direitos humanos. Foi nesse contexto dolorosamente atemporal - vide a crise humanitária envolvendo os refugiados na Europa - que o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado mergulhou, para realizar uma série de fotos denominada Êxodos, e lançada em livro no ano 2000. Esse trabalho também deu origem a uma exposição homônima, que entra em cartaz nesta quinta, na Caixa Cultural Recife.

O brasileiro, um dos fotógrafos mais respeitados do mundo, disponibilizou 60 pôsteres nos quais as imagens são reproduzidas. Para finalizar esse trabalho, ele viajou por 40 países durante seis anos, documentando situações extremas. Uma das marcas de Salgado é o uso do preto e branco, e foi assim que ele fez as fotos da mostra, divididas em cinco temas: África, Luta pela terra, Refugiados e migrados, Megacidades e Retratos de crianças.


O fotógrafo documenta as consequências desses deslocamentos feitos por grandes massas de pessoas por meio de seus rostos. O êxodo rural e seu consequente impacto no número de habitantes das cidades da América Latina e Ásia, além dos conflitos militares na África e Europa, estão entre as situações mostradas por Salgado. A relação de Salgado com as crianças, que se tornou forte a ponto de render outro livro, intitulado Retratos de crianças do êxodo mostram justamente quem é mais afetado por esse contexto desesperador, como ele aponta na introdução da obra. "As crianças são as maiores vítimas. Mais fracas fisicamente, são sempre as primeiras a sucumbir à fome ou à doença. Emocionalmente vulneráveis, não têm condições de compreender por que estão sendo expulsas de suas casas".

+SEBASTIÃO SALGADO
Sebastião Salgado nasceu em 8 de fevereiro de 1944 em um distrito da cidade de Aimorés, em Minas Gerais. Formou-se em Economia e tornou-se fotógrafo em Paris, em 1973. Trabalhou nas agências Sygma, Gamma e Magnum até fundar sua própria agência de fotografia, a Amazonas Imagens. Atualmente, entre outras honrarias, ele é Embaixador da Boa Vontade da Unicef e recebeu a Comenda da Ordem do Rio Branco, a mais importante concedida pela diplomacia brasileira.

+INSTITUTO TERRA
A organização não-governamental foi fundada em 1998 por Salgado e sua esposa, Lélia Wanick em Aimorés, Minas Gerais, terra natal do fotógrafo. Até agora, a ONG iniciou a recuperação de 7,5 hectares de áreas degradadas de Mata Atlântica. Os pôsteres presentes na mostra foram doados por ambos ao instituto.

FOTOS

Refugiados kosovares na estrada entre o posto de fronteira de Morini e Kukes - Albânia, 1999. Crédito: Sebastião Salgado/Divulgação
Refugiados kosovares na estrada entre o posto de fronteira de Morini e Kukes - Albânia, 1999. Crédito: Sebastião Salgado/Divulgação

A Guerra do Kosovo foi produto de confiltos entre sérvios e a minoria de origem étnica albanesa e muçulmana no território da antiga Iugoslávia em 1999. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e a Organização das Nações Unidas (ONU) intervieram e, ao fim do conflito, o presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, foi preso por crimes contra a humanidade.

Campo de Karnaz para afegãos deslocados, Mazar-e-Sharif, Afeganistão, 1996. Crédito: Sebastião Salgado/Divulgação
Campo de Karnaz para afegãos deslocados, Mazar-e-Sharif, Afeganistão, 1996. Crédito: Sebastião Salgado/Divulgação

Antes de ser ocupado por tropas americanas a partir de 2001 por conta da Guerra ao Terror provocada pelos atentados de 11 de setembro, o Afeganistão já havia sofrido com uma guerra pouco antes. Entre 1979 e 1989, a antiga União Soviética enviou tropas para o país a fim de combater grupos que tentavam derrubar o governo comunista de lá. Estima-se que cerca de um milhão de pessoas morreram no conflito.

Orfanato anexo ao hospital do campo 1 de Kibumba, Goma, Zaire, 1994. Crédito: Sebastião Salgado/Divulgação
Orfanato anexo ao hospital do campo 1 de Kibumba, Goma, Zaire, 1994. Crédito: Sebastião Salgado/Divulgação

Ruanda, um dos países vizinhos ao Zaire, sofreu, na época um genocídio em que os pertencentes à etnia hutu mataram mais de 500 mil tutsis, de outro grupo étnico. O massacre criou dois milhões de refugiados, e muitos deles foram para campos no Zaire. A foto também mostra as crianças como especialmente afetadas com o conflito.



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