Compositor de efeitos visuais, Bivar reside em Vancouver, no Canadá e trabalha no Double Negative, estúdio por trás da criação de importantes elementos de cena de produções de Hollywood. Embora a colaboração em filmes do porte do novo Blade runner soe algo reservado a profissionais com experiência de longa data, Bivar tem relativamente pouco tempo de trabalho no meio cinematográfico.
A primeira contribuição no campo foi no ano passado, quando atuou nos efeitos visuais de Mulher-Maravilha. O pernambucano conta que foi contratado pelo estúdio quando o filme da super-heroína já estava na fase final da pós-produção, mas participou da tarefa como "prova de fogo". O bom desempenho abriu as portas para integrar a equipe de outras produções. O caminho até o arrasa-quarteirões começou no Recife, quando Bivar fez curso de 3D. "Aprendi a modelar personagens, animá-los e fazer texturas", diz.
Os primeiros trabalhos na área foram visualizações arquitetônicas para construtoras e projetos de ambientação para shows. "Estudei cinema por conta própria, em casa. Tentei fazer curtas de ficção científica com efeitos visuais para esse mundo", recorda. Bivar não esconde a empolgação em trabalhar no aguardado Blade runner 2049, continuação do cult de Ridley Scott de 1982.
Dirigido por Dennis Villeneuve (A chegada), o longa teve poucos detalhes divulgados. A sinopse oficial diz que a história se passa 30 anos após os eventos do primeiro longa e apresenta um novo blade runner, o policial K (Ryan Gosling). "Dennis está tentando fazer o máximo possível do que foi feito no primeiro filme", garante Bivar sobre a estética da continuação. "Muitas miniaturas, efeitos práticos e fumaça, misturando com computação gráfica", destaca o especialista, prometendo fidelidade ao clássico oitentista.
Los Angeles (EUA), onde se passa a ação, é praticamente um personagem do filme e reflete a atmosfera do roteiro. "É uma cidade poluída. A gente não vê o horizonte, sempre tem fumaça, os prédios no fundo começam a desaparecer", afirma, acrescentando que o cenário quase apocalíptico contrasta com a tecnologia que permeia todos os cenários, bastante marcados também pela presença de neon. O pernambucano acredita também que Blade Runner 2049 será, assim como o original, um marco nos efeitos visuais. "É um filme vanguardista. Os (novos) efeitos visuais são meio que experimentais, tem coisas nunca feitas antes", diz.
A mescla entre efeitos práticos e digitais, diz Eduardo, eleva o grau de complexidade do trabalho. "Quanto mais digital, mais fácil", conta, sobre as possibilidades de manipulação da imagem. Embora o tempo de trabalho dedicado aos efeitos de uma cena varie, o artista diz que um segundo de tela consome mais do que um dia de trabalho.
Bivar também ressalta que a construção dos efeitos não se restringe a causar impacto visual. "Toda cena tem duas histórias sendo contadas: no primeiro plano, onde o ator está, e no ambiente ao redor, no background. Sempre tem uma história sendo contada por trás", diz, sobre a composição.
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