CHACRINHA 100 ANOS Chacrinha eternizou chacretes no imaginário dos telespectadores Índia Potira, que trabalhou com Chacrinha durante dez anos, é um dos exemplos de ex-bailarinas famosas até hoje

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 30/09/2017 14:24 Atualizado em: 30/09/2017 10:25

Ex-chacrete Glória Maria Aguiar, conhecida como Índia Potira, em foto atual, aos 70 anos. Crédito: Glória Maria Aguiar/Arquivo Pessoal
Ex-chacrete Glória Maria Aguiar, conhecida como Índia Potira, em foto atual, aos 70 anos. Crédito: Glória Maria Aguiar/Arquivo Pessoal


 Uma das grandes novidades que Chacrinha implantou na TV brasileira foram as chacretes, as dançarinas que se tornaram uma marca própria e são lembradas até hoje. Rita Cadillac, na mídia até hoje por ter participado do Cassino do Chacrinha, é a prova disso. Embora os programas brasileiros já contassem com assistentes de palco desde os anos 60, Abelardo Barbosa foi o primeiro a criar personagens e narrativas associadas a suas auxiliares, buscando fisgar o público masculino na frente da TV.

Quer receber notícias sobre cultura via WhatsApp? Mande uma mensagem com seu nome para (81) 99113-8273 e se cadastre

Quem estudou o tema foi Raphael Bispo, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e autor do livro Rainhas do Rebolado: carreiras artísticas e sensibilidades femininas no mundo televisivo, oriundo de sua tese de doutorado. O pesquisador chegou a entrevistar 12 das dezenas de ex-chacretes, a maioria oriunda das classes populares. “As mais antigas não tinham grandes planos quando começavam a trabalhar com ele. Já as dos anos 80 costumam falar que realizaram um sonho e muitas dessas últimas já tinham uma formação, passavam por uma seleção. É muito comum vê-las se referir a Chacrinha como a um pai, uma figura de autoridade, alguém a apontar caminhos e protegê-las”.


Os pontos levantados por Raphael são reforçados pela trajetória de Glória Maria Aguiar da Silva, conhecida como Índia Potira. Uma das chacretes mais longevas a trabalhar com Abelardo Barbosa, entre 1969 e 1979, ela tem, atualmente, 70 anos e cinco bisnetos. “Comecei no programa Festa do Bolinha, apresentado por Jair de Taumaturgo (1920-1970) na TV Rio. Me falaram de uma oportunidade nova e fui conferir. Eu gravava às quartas na Discoteca do Chacrinha e domingo na Buzina do Chcacrinha. Lembro dele toda hora, é impossível esquecê-lo. Ele tratava a todos igualmente e não tenho nada de ruim a dizer. Trabalhava muito, mas foi uma época maravilhosa, a melhor fase da minha vida”.

Quanto à erotização dos corpos das chacretes - um dos motivos pelos quais Chacrinha teve muita dor de caneça com a censura, Raphael aponta uma visão ambígua do tema por parte delas. “Não percebi nenhuma crítica quanto à objetificação da mulher, mas elas são contra as insinuações de prostituição. Há uma grande disputa sobre o que deve prevalecer nessa memória delas. A Índia Potira, por exemplo, conseguiu construir uma aura de estrela em torno dela e essa referência erotizada ao indígena caía como uma luva no estereótipo de mulher dengosa”.

Acompanhe o Viver no Facebook:





MAIS NOTÍCIAS DO CANAL