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Editora é xingada por livro de Karl Marx para crianças e rebate: 'Fascistas'
Diretora da Boitempo afirma ter recebido ligações com ameaças
"Um fascistoide ligou na editora há pouco para fazer ameaças a mim (o vocabulário vocês podem imaginar qual seja, não?). Outros dois mandaram ofensas pelo Messenger", disse Ivana. No texto, ela diz que a justificativa para as ameaças seria uma nota publicada pelo colunista Ancelmo Gois, no jornal O Globo, do Rio de Janeiro. Na divulgação do livro, a obra é apresentada como uma "narrativa visual sobre excertos dos Manuscritos econômico-filosóficos, de Marx".
Na denúncia, a editora da Boitempo retomou ainda as perseguições sofridas pelo seu pai, na década de 1980, devido a sua orientação política. "Vou contar pra esse povo que cresci vendo meu pai receber cartas e telefonemas ameaçadores (pérolas como 'vamos matar todos vocês, comunistas!'). Até o começo dos anos 1980, o CCC jogava bombas e atirava na fachada da nossa livraria, explodiam os carros e por aí vai. Tenho, portanto, o casco duro", continuou, na publicação. "Tentativas de intimidação não nos farão arredar pé um milímetro que seja do projeto de oferecer livros de qualidade, para adultos e crianças", disse Ivana. Ela divulgou ainda um print com as mensagens enviadas por um agressor. "Vá ensinar comunismo pra criança na put* que pariu! Sua nojenta!", diz uma das agressões.
Após a veiculação das denúncias, fãs da editora e seguidores deram início a uma campanha de apoio à Boitempo. Em publicação na rede social, o jornalista Gilberto Maringoni denunciou a gravidade das ameaças e exigiu das autoridades paulistas garantias de segurança a Ivana e à Boitempo. "Agora, vagabundos que se esgueiram pelas sombras passaram a ameaçá-la com telefonemas agressivos e zaps covardes. Tudo por ter decidido lançar obras com fundamentos do pensamento de Marx para crianças. Ivana Jinkings é um patrimônio da cultura brasileira, uma editora da linhagem de Enio Silveira (1925-96), também comunista e editor da Civilização Brasileira. É urgente denunciar e exigir das autoridades paulistas garantias de segurança a Ivana Jinkings e à Boitempo", afirma em trecho da nota de repúdio às agressões.
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