Uma sessão virtual da Assembleia Legislativa de Pernambuco no último dia 8 aprovou, por unanimidade, um projeto para o governo estadual conceder o registro de Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Pernambuco à Orquestra Criança Cidadã (OCC). A resolução de número 1.672, de autoria de Clodoaldo Magalhães (PSB), foi promulgada no dia 15. Desde 2006, a orquestra contribui para a formação musical, artística e cultural de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social no estado. O projeto é coordenado pela Associação Beneficente Criança Cidadã (ABCC) e atualmente atende 405 jovens divididos nos núcleos do Coque, no Recife, de Ipojuca e Igarassu.
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Orquestra Criança Cidadã é reconhecida como patrimônio imaterial e realiza live
"A outorga representa muito para a orquestra, é mais um conhecimento que recebemos. Transmite ânimo, força e vigor para todos os que trabalham nesse projeto”, agradeceu o juiz João Targino, idealizador da OCC, em entrevista por telefone. A data da cerimônia de oficialização do registro ainda será marcada. Como forma também de celebrar a conquista, o grupo promove um recital online nesta quarta-feira (27), às 20h, no Instagram (@criancacidada). A apresentação será com os professores Robson Gomes (trompa), Cláudia Pinto (clarinete), Eneyda Rodrigues (flauta transversal) e Érico Veríssimo (trompete). O repertório incluirá composições nacionais e internacionais. É a quarta transmissão ao vivo do projeto, mas a primeira totalmente musical - as demais promoviam conversas com os maestros.
"A criação do projeto tem uma ligação forte com o Diario de Pernambuco, inclusive", ressalta João Targino, ao explicar sobre o início da orquestra. “O jornal promovia eventos musicais semanais em seu auditório, onde as pessoas podiam comparecer gratuitamente. Eu li que um grupo de jovens do Alto do Céu, comandados pelo maestro Cussy de Almeida, iria se apresentar. Fui e fiquei encantado. Saí de lá com um propósito, convicto de que deveria implementar essa ideia em mais comunidades pobres do Recife." O juiz foi convidado pelo desembargador Nildo Nery para coordenar a ABCC, que mais tarde incorporou a orquestra.
Em 14 anos, a orquestra recebeu mais de 30 prêmios, chegando a ser mencionada pela Organização das Nações Unidas como uma boa prática de inclusão social em 2010. O dia 31 de outubro de 2014 foi um marco para a entidade e 43 músicos do grupo. Na Sala Clementina, no Vaticano, eles se apresentaram para o Papa Francisco. O concerto fez parte da 16ª Conferência Internacional da Fraternidade Católica.
Há cinco anos, a OCC se tornou a primeira escola de música das Américas e a segunda do mundo a fazer parte do Programa de Escolas Associadas da Unesco. “Enfrentamos diversas dificuldades, mas temos imensos motivos para estarmos felizes, visto que conseguimos transformar a vida dos jovens que já passaram pelo projeto. Apesar de todos os eméritos, o troféu diário é a transformação”, diz Targino.
Crise financeira
Mesmo com as conquistas, Targino está preocupado com a situação financeira do projeto devido à profunda crise econômica que o país enfrenta com a pandemia. De acordo com ele, a orquestra tem recursos para sobreviver até novembro. “A maior parte da nossa receita vem através da Lei de Incentivo à Cultura, que está diretamente ligada com o lucro real das empresas. Não sabemos até quando a pandemia vai durar e, diante do cenário, creio que pouquíssimas empresas nesse país darão o lucro real no final do ano após os balanços. Se não existe lucro real, não existe destinação à Lei Rouanet. É um cenário muito preocupante para a instituição, assim como é para as empresas.”
Repertório
No repertório da live de hoje da orquestra, três músicas brasileiras integram a parte reservada ao clarinete: Melodia (de Osvaldo Lacerda), Aboio ao sol (Laila Campelo) e Brincando com o clarinete (Lourival Oliveira). Na trompa, serão executados solos do segundo movimento da Sinfonia nº 5, de Tchaikovsky, e do primeiro movimento do Concerto nº 3 para trompa e orquestra, de Mozart. Na flauta transversal, os espectadores vão apreciar Syrinx, de Claude Debussy, e, no trompete, uma parte solo do Concerto para trompete e orquestra, de Johann Nepomuk Hummel. “Além de o projeto sempre divulgar as ações e os resultados dos alunos e suas apresentações, também é muito importante mostrar os professores, quem são e o que tocam. Afinal, por trás do aluno, há o professor, e isso precisa ser compartilhado”, diz Robson Gomes, professor de trompa.
Bens culturais
Em 2000, o Decreto 3.551 do governo federal instituiu o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial do Patrimônio Cultural Brasileiro, que estimulou estados e municípios a estruturarem políticas voltadas à preservação cultural. Nesse contexto, o Governo de Pernambuco, através da Secult e Fundarpe, produziu inventários para expressões como maracatus de baque solto e baque virado, caboclinho, cavalo marinho, ciranda e reisado. É nessa estrutura que a Criança Cidadã está enquadrada.
Leia a notícia no Diario de Pernambuco
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