Neste sábado (9), a Sessão Chama Curtas, do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, apresenta o programa 'Palestinas possíveis: o cinema de Larissa Sansour', com quatro obras da cineasta palestina exibidas pela primeira vez no Recife. O especial terá início às 16h, na sala Derby, com ingressos gratuitos. Após a sessão, a pesquisadora e professora Carol Almeida irá conversar com o público sobre os filmes. A iniciativa também é uma parceria com a Mostra de Cinema Árabe Feminino, da qual a convidada é curadora. Serão exibidos os filmes Um Êxodo Espacial (2008), Patrimônio Nacional (2013), In Vitro (2019) e No Futuro, Eles Comiam da Melhor Porcelana (2015).
Nascida em Jerusalém Oriental, na Palestina, Larissa possui obras singulares onde a ficção científica é utilizada para discutir temáticas sociais e políticas, através de questões como a memória, traumas herdados, estruturas de poder e estados-nação. Com trabalhos expostos em bienais e museus ao redor do mundo, a artista também produz instalações, fotografias e esculturas. Como marca autoral, Sansour entrelaça o passado e presente para especular futuros, distópicos ou não, a partir de tópicos que circundam a história da Palestina, sua terra natal.
Em Um Êxodo Espacial, a cineasta reconfigura 2001: Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick, para imaginar a ideia do primeiro palestino a pousar na lua. Já em In Vitro, protagonizado pela atriz palestina Hiam Abbass, Sansour imagina um cenário distópico após um desastre ecológico na cidade bíblica de Belém. Filmado em preto e branco, o filme acompanha dois cientistas de gerações diferentes que discutem memória, exílio e nostalgia.
Também apresentando uma abordagem distópica, mas humorística, sobre o Oriente Médio, o curta Patrimônio Nacional explora uma solução vertical para o Estado Palestino: um arranha-céu colossal para abrigar a população da Palestina que, finalmente, tem uma vida de altos padrões.
Em No Futuro, Eles Comiam da Melhor Porcelana, construído em parceria com o roteirista dinamarquês Søren Lind, Sansour cria um poderoso cruzamento entre ficção científica, arqueologia e política, combinando imagens de arquivo e imagens artificiais criadas em computador. A produção traz a narrativa de um grupo de resistência que cria depósitos clandestinos de porcelana, com o objetivo de influenciar a história e embasar futuros argumentos da sua extinção.
Essa janela de exibição é pensada para que essas obras cheguem até o público com uma maior frequência. A Sessão Chama Curtas traz uma programação mensal e gratuita, com uma curadoria que se propõe a contemplar narrativas diversas e plurais, exibindo obras inéditas em Pernambuco e no Brasil. As sessões têm em média 1h30 e são divididas em temáticas. Ao final de cada exibição, especialistas, que variam entre os realizadores, distribuidores e pesquisadores, são convidados para conversar com o público sobre as obras exibidas.
A iniciativa tem o intuito de aproximar assuntos que interessam o público e se comunicam com os filmes, sempre dando papel de relevância aos curta-metragens, formato que frequentemente não alcança o circuito tradicional de exibição. Desde a sua estreia, a Chama Curtas já realizou sessões que possibilitaram as primeiras exibições de filmes pernambucanos célebres em uma sala de cinema do Recife, como a obra Rebu, de Mayara Santana, e produções recentes do histórico coletivo Surto & Deslumbramento.
A sessão também proporcionou um mergulho na obra do cineasta Carlos Segundo, autor do elogiado curta Sideral, além de uma importante parceria com o Centro Técnico Audiovisual (CTAv) e o Cinelimite para exibir documentários históricos digitalizados, e filmados em estados do Nordeste, além de debater a importância da preservação e restauração de obras do cinema brasileiro.