19 DE JUNHO
Chico Buarque chega aos 80 anos com obra consagrada
Cantor, compositor e escritor segue com um olhar ativo sobre a realidade brasileira
Por: Amanda Azevedo
Publicado em: 19/06/2024 06:15 | Atualizado em: 19/06/2024 14:55
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| Chico Burarque completa 80 anos nesta quarta-feira (19) (Francisco Proner) |
O pai, paulista, o avô, pernambucano, o bisavô, mineiro, e ele, um grande artista brasileiro. Nesta quarta-feira (19), Chico Buarque de Hollanda chega aos 80 anos com uma obra consagrada e atual.
Da repressão dos anos de chumbo à intolerância a moradores da periferia, o cantor e compositor segue sintetizando a realidade brasileira através dos tempos.
“Chico acompanhou o endurecimento da ditadura e resolveu enfrentá-la enquanto artista. Uma pessoa como ele poderia pensar em deixar outros lutarem. Mas ele entendeu seu lugar enquanto ser político, entendeu as vantagens e usou as ferramentas de classe social e intelectual para resistir e pensar o Brasil de maneira coletiva. Não foi só contra a ditadura, ele sempre explicitou muito seu lado ideológico. Agora mesmo estava na França em uma manifestação contra a extrema-direita”, explica o historiador e pesquisador musical Ivan Lima.
Cronista do seu tempo
O pesquisador destaca a habilidade do compositor em narrar o cotidiano. “Ele soube observar o Brasil, sendo cronista do seu tempo, absorvendo as demandas sociais e transformando em canções. O olhar continua muito ativo, como vemos no seu disco mais recente, Caravanas (2017). E as novas gerações continuam chegando a Chico. Você vai a um show e encontra pessoas dos 20 aos 80 anos”, acrescenta.
O escritor
Além da extensa obra musical, Chico conquistou grande reconhecimento como escritor a partir do lançamento do romance Estorvo (1991), que rendeu o primeiro de seus três prêmios Jabuti. Em 2019, o artista ganhou a 31ª edição do Prêmio Luiz Vaz de Camões de Literatura. Agora, ele se prepara para lançar, em agosto, pela Companhia das Letras, a autoficção Bambino a Roma, inspirada em sua infância na Itália.
No teatro, ele se destacou com Roda-Viva (1967) e Ópera do Malandro (1978), passando pelo musical infantil Saltimbancos (1977).
Homenagens
As oito décadas do artista renderam homenagens como o livro Chico Buarque em 80 canções, lançado pela Editora 34. Na obra, o jornalista André Simões busca explicar por que há tanta beleza no cancioneiro buarqueano.
“A bibliografia tende muito a se focar em aspectos isolados. Quis focar nas canções por entender que são a maior contribuição dele para a arte. Busquei entender as canções como objetos multifacetados. Nas minhas análises, passo por música, letra, interpretação, arranjo, contexto histórico, recepção e outras coisas mais”, explicou o autor.
De Pedro Pedreiro (1965) a Que tal um samba? (2022), as canções foram escolhidas por critérios como representatividade. “Pelo menos uma de cada álbum para cobrir todas as fases. Passei por algumas que acho que não poderia fazer uma seleção sem escolhê-las, como O que Será, Apesar de Você e Construção. Também me permiti colocar algumas que não são tão difundidas, mas que são de minha particular afeição, como Qualquer Canção e Já Passou”, completou.
As mais ouvidas
Para celebrar o aniversário de Chico, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) levantou as canções do artista que o Brasil mais ouviu nos últimos cinco anos.
Iolanda, parceria com o cubano Pablo Milanés, figura na primeira colocação do ranking das mais tocadas. A Banda e João e Maria completam o top 3. Já entre as canções do artista mais regravadas, a liderança ficou com Gente Humilde, composição em parceria com Vinicius de Moraes e Garoto.
Outro levantamento mostrou os intérpretes que mais gravaram as canções de autoria de Chico Buarque até agora. Nas cinco primeiras posições, ficaram Maria Bethânia, Edu Lobo, Magro Waghabi, Miltinho e Aquiles Rique Reis, sendo que os três últimos fizeram parte do grupo MPB4.
Chico Buarque tem 537 obras musicais e 1.302 gravações cadastradas na gestão coletiva da música no Brasil.
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