MÚSICA

Espetáculo celebra o Nordeste e as tradições juninas no Teatro Santa Isabel

Peça musical ''Saudade, o meu remédio é cantar!'', encenada pelo Grupo Confluir, acontece nesta terça (25) e quarta-feira (26)

Publicado em: 25/06/2024 06:00

"Saudade, o meu remédio é cantar!" é estruturada em três atos (Foto: Francisco Mesquita)
"Saudade, o meu remédio é cantar!" é estruturada em três atos (Foto: Francisco Mesquita)
A ideia de recriar as tradições juninas no teatro pode soar inusitada para alguns. Na ausência de fogueiras e pratos típicos, a imersão na cultura nordestina talvez pareça distante em um ambiente fechado e com interação limitada do público. Não se trata da mesma atmosfera encontrada no espetáculo “Saudade, meu remédio é cantar!”, que promete encantar a plateia em duas sessões no Teatro Santa Isabel, hoje e amanhã, às 19h30. O grupo Confluir, formado por alunos e ex-alunos do Conservatório Pernambucano de Música, canta a poesia do Nordeste e o lamento sertanejo em uma viagem de emoção e música. 

“Saudade, o meu remédio é cantar!” celebra Luiz Gonzaga, que soube como ninguém captar a essência do cancioneiro nordestino e expressar a melancolia da saudade. A produção combina música e poesia, cujos versos foram especialmente criados por Milton Júnior para o espetáculo. Entre as músicas selecionadas estão clássicos como Que nem jiló e Baião, além de obras de outros compositores como Sivuca e Dominguinhos. “Escolhemos canções cujo discurso fizesse sentido com a história que queríamos contar”, explica a diretora geral Janete Florencio.

A peça está estruturada em três atos. No primeiro, intitulado 'A Feira', são retratadas cenas do cotidiano de pessoas que deixaram o Sertão para trabalhar em uma feira numa cidade grande; no segundo ato,”A Fé”, a religiosidade é explorada através do canto e da dança, refletindo a esperança desse povo por dias melhores. Já o terceiro e último ato, “A Festa”, celebra a alegria de viver com forró no pé e muita animação. A música é o fio condutor da montagem, mas a convergência de várias linguagens artísticas evidencia a saudade e o amor dos retirantes pelo Nordeste.

Estreada em 2020, “Saudade, o meu remédio é cantar!” surgiu como uma válvula de escape para os sentimentos represados durante o isolamento social da pandemia, tendo seu título inspirado no refrão de Que nem jiló. “A inspiração desse espetáculo foi mostrar esses aspectos tão importantes na vida do nosso povo a partir de sentimentos como a saudade, a tristeza, a fé e a explosão de alegria que a vida invariavelmente nos proporciona através da música, poesia, dança e expressão cênica”, destaca Janete.

No palco, além da música, são exploradas coreografias, figurinos, maquiagem, cenários e iluminação - um conjunto de elementos pensados para expressar fielmente a diversidade da cultura nordestina. A diretora rechaça a ideia de que o teatro não é lugar adequado para celebrar a região e o São João. “Acreditamos que a tradição junina é um tema muito bom para ser encenado. O nosso principal elemento de conexão com a cultura nordestina (e não apenas com o São João) é justamente a música. A produção artística de Luiz Gonzaga reforça em nós a beleza, a dor e a força de ser nordestino. E isso fica muito claro nas letras de suas canções, que deixam de ser apenas canções e viram textos”. 

Janete Florêncio mandou um recado aos leitores do Diario para irem conferir a peça junto da família. “Temos certeza que o público amante da cultura nordestina vai amar e se identificar com a riqueza das histórias de vida que perpassam todo o espetáculo. Nosso recado é que venham! O espetáculo é muito leve, dá para levar a família inteira. Todos vão se conectar com o repertório escolhido, vão se divertir, se emocionar e recordar do quanto a cultura nordestina é rica e linda”.

Grupo Confluir
Fundado em 2012 sob a liderança da professora Janete Florêncio, do Conservatório Pernambucano de Música, o Grupo Confluir tem uma trajetória marcada por performances cativantes e ricas em expressão artística. "Fantasia - O Musical", inspirado nas músicas de Chico Buarque, e "Uma Noite na Era do Rádio", baseado nas canções das décadas de 1940, 1950 e 1960, são outros espetáculos que recentemente se destacaram.  Para o restante da temporada, estão sendo planejadas sessões de “Saudade, o meu remédio é cantar!” em Gravatá e Caruaru, pelo festival itinerante “Pernambuco é meu País”. 
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