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A natureza sagrada do Agreste

Exposição fotográfica 'Santuário do Silêncio, Vale do Catimbau', da professora Valéria Gomes, conduz o público por uma das mais impressionantes paisagens do país


Destino dos sonhos e de explorações históricas, o cenário de vastidão deslumbrante do Vale do Catimbau é representado pela coletânea de imagens feitas pela professora, pesquisadora e fotógrafa Valéria Gomes, na sua exposição que contempla as paisagens do Parque Nacional a partir de hoje, às 10 horas, no Museu Cais do Sertão, onde ficará disponível até o final de setembro. Situado a 277 km do Recife, o parque arqueológico foi criado em 2002 e a totalidade da área compreendida possui cerca de 63 mil hectares, distribuídos pelos municípios de Tupanatinga, Ibimirim e Buíque, sendo o segundo maior do Brasil e abrigando em torno de 27 sítios arqueológicos.

O projeto se chama 'Santuário do Silêncio, Vale do Catimbau', mesmo título do livro lançado por Valéria em 2017 e também a mesma matriz: uma saída organizada por ela em 2012 com 40 alunos de fotografia da UNINASSAU para conhecer o parque arqueológico, uma visita que despertou uma observação particular e duradoura do potencial imagético do local para um trabalho posterior muito maior. A saída se transformou em uma série de outras visitas da professora, nos finais de semana e nas férias, o que construiu e solidificou ao longo dos anos uma relação profundamente pessoal com o lugar e as pessoas que vivem na região, entre eles artistas – como o mundialmente conhecido artesão Luíz Benício, que mantém seu ateliê no município de Buíque –, povos indígenas e comunidades quilombolas. Pinturas rupestres encontradas nas rochas indicam que a região já era habitada há mais de 4 mil anos.

Uma das particularidades do livro – e, consequentemente, da exposição – é a variação de cores que pode ser encontrada nessa paisagem, já que as fotos foram captadas em diferentes momentos do ano. Enquanto o livro se divide entre o verão, o inverno e o foco no povo do Vale do Catimbau, a exposição, que traz as fotografias suspensas em intervenções luminosas disponíveis para interação do público. Entre pontos mais explorados e outros menos conhecidos do imenso Parque Nacional, o 'Santuário do Silêncio' proporciona uma harmonia entre essas distintas paisagens que tentam retratar essa grandeza visual.

Destacando a proposta do seu projeto como um olhar delicado, mas formalmente objetivo, diante dessas paisagens, Valéria pontua que seu olhar se concentra no próprio ato do registro e não em grandes intervenções posteriores dele. "Diferentemente do livro, a exposição traz capturas de imagens e vivências locais sem a presença da figura humana. É um olhar autoral diante desse espaço e, de maneira geral, simples também. Minhas fotografias não têm um apelo tecnológico. Eu exploro mais o ato fotográfico do que a manipulação da pós-produção", explica ao Viver. "Foi um impacto muito grande em 2012 quando me deparei com aquele cenário belíssimo e tão diferente de tudo que eu havia visto. É fascinante a transformação ao longo dos meses, com mínimas de temperatura na faixa dos 12 graus e máximas de 40 durante o verão. A intenção principal foi justamente dar visibilidade a toda essa beleza e fazer as pessoas conhecerem Pernambuco para além das praias e do Agreste já conhecido e divulgado por todos”, ressalta a professora. 

Parte essencial do projeto de Valéria, além do destaque à beleza natural do Vale do Catimbau, é a valorização do cuidado que os guias e locais, auxiliados pelo próprio estado, possuem para com a preservação do parque, que permite as visitações apenas mediante autorização. “Eles têm uma associação de guias bem importante lá, ou seja, existe um controle turístico muito grande para manter esse lugar o santuário que ele é. O título vem de fato dessa vastidão silenciosa que deve ser conhecida e, ao mesmo tempo, sempre preservada”, completa. 

Leia a notícia no Diario de Pernambuco