LUTO

Autoridades e políticos lamentam a morte do mestre da xilogravura J. Borges

Família informou que o artista faleceu de causas naturais, na casa em que morava, em Bezerros

Publicado em: 26/07/2024 09:33 | Atualizado em: 26/07/2024 20:41

J. Borges faleceu nesta sexta-feira (26) (Arquivo DP)
J. Borges faleceu nesta sexta-feira (26) (Arquivo DP)

Morreu na manhã desta sexta-feira (26) o xilogravurista pernambucano José Francisco Borges (conhecido mundialmente como J. Borges), aos 88 anos, em sua casa e Bezerros, no Agreste do estado. De acordo com familiares, ele faleceu de causas naturais.

 

Autoridades e políticos lamentaram a perda do artista. Leia as notas de pesar:

 

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente

"Nos despedimos hoje de José Francisco Borges, o J. Borges, um dos maiores xilogravuristas do país. Autodidata, começou a trabalhar muito cedo no agreste pernambucano. Fiquei muito feliz de poder levar sua arte até o Papa. Meus sentimentos aos familiares, amigos e admiradores."

 

Ministério da Cultura

"Ministério da Cultura lamenta profundamente o falecimento de J. Borges, renomado xilogravurista, poeta e cordelista pernambucano, que nos deixou nesta sexta-feira (26), aos 88 anos, em sua cidade natal, Bezerros, no Agreste de Pernambuco. Conhecido como um mestre da arte popular brasileira, Borges deixou um legado inestimável que transcende as fronteiras do país, ilustrando obras de escritores renomados como José Saramago e Eduardo Galeano.

 

Desde sua primeira xilogravura, a imagem da igrejinha, Borges encantou o Brasil com sua habilidade única de capturar a essência cultural do Nordeste em suas obras. Com uma trajetória artística que começou na carpintaria e na alvenaria, ele se encontrou na literatura de cordel e nunca mais parou de criar, contribuindo significativamente para a valorização e preservação da cultura popular brasileira.

 

Seu trabalho foi reconhecido com o título de Patrimônio Vivo Imaterial de Pernambuco e a Ordem do Mérito Cultural do Brasil em 1999, testemunhos de sua contribuição imensurável às artes e à cultura do país. O Ministério da Cultura se solidariza à família, amigos e todos aqueles que tiveram o prazer de conhecer e ser tocados por sua obra. J. Borges perdurará nas gerações futuras, perpetuando a rica tradição cultural do nosso país."

 

Raquel Lyra, governadora de Pernambuco

"J. Borges levou Bezerros, o Agreste e Pernambuco para o mundo. E vai deixar uma saudade imensa. Mas a sua grandiosidade permanecerá aqui pelas mãos de seus filhos, discípulos e centenas de xilogravuras que representam tão bem a nossa cultura. Meus pêsames aos familiares e amigos."

 

Priscila Krause, vice-governadora de Pernambuco

"A força da cultura pernambucana se confunde com a trajetória de artistas como J. Borges, que, infelizmente, perdemos nesta sexta-feira. Nascido em Bezerros, José Francisco Borges retratou como ninguém em suas poesias, cordéis e, claro, xilogravuras, nossa religiosidade, nossa alegria e também nossa bravura. Em nossos encontros, sempre fiz questão de reverenciá-lo e falar de sua importância para nossa cultura, que estará sempre presente nas nossas memórias. A J. Borges, obrigada por tudo e por tanto. Aos amigos e familiares, os meus sinceros sentimentos."

 

Secretaria Estadual de Cultura e Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco

"É com imenso pesar que o Governo de Pernambuco, a Secretaria Estadual de Cultura e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) lamentam o falecimento do incomparável artista J Borges.

 

Em reconhecimento merecido pela sua contribuição com a cultura popular, através da xilogravura e na arte do cordel, J Borges é – eternamente – Patrimônio Vivo de Pernambuco. Com a identidade visual de suas obras atrelada imediatamente às raízes pernambucanas, o artista levou o nome de Bezerros e de Pernambuco ao redor do mundo.

 

“Hoje a cultura pernambucana amanheceu de luto. Muito triste a partida de alguém que foi tão definidor para identidade cultural pernambucana como J.Borges. Perdemos hoje um dos maiores filhos do nosso Agreste, responsável por talhar visualmente o imaginário da história e cotidiano do povo nordestino e brasileiro. Encontramos conforto em seu legado, na sua grandeza e nas diversas oportunidades que tivemos de celebrá-lo ainda em vida”, declara a secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula.

 

“É impossível pensar a identidade visual da cultura nordestina sem pensar no trabalho de J.Borges. Nomes de igual brilho, como Ariano Suassuna, perceberam isso desde cedo e não tinha como ser diferente. Em Pernambuco, não se anda muito longe sem se ver a influência visual e artística desse bezerrense pelas praças, muros, ruas e lares. Sentimos muito essa partida, mas seguiremos aqui, propagando seu legado como pudermos”, completa a presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Renata Borba.

 

Matuto esperto e comunicativo, o exímio talhador de madeira tem em seu currículo trabalhos relevantes ao lado de Ariano Suassuna, obras no acervo da Biblioteca Nacional de Washington e a edição comemorativa dos 400 anos do D. Quixote, de Miguel de Cervantes, com uma versão em cordel da referida novela de cavalaria.

 

No Agreste pernambucano, a cidade de Bezerros abriga seu espaço, o Memorial J.Borges onde o gravurista atuava, junto aos seus filhos e herdeiros de legado, e onde podem ser encontrados diversos exemplares das suas obras." 

 

João Campos, prefeito do Recife

J. Borges gravou na madeira as histórias de um Nordeste realista, fantástico e armorial. Dono de um sorriso largo, era patrimônio de Pernambuco e gênio da cultura popular reconhecido no Brasil e no mundo. As novas histórias de cordéis deverão contar, em breve, a generosidade e a sensibilidade em tudo que fazia. Sabia unir seu olhar singular para a vida com uma capacidade indecifrável de retratar versos. Sempre que passava por Bezerros, no Agreste, fazia questão de vê-lo e de admirar a sua arte. A partida dele, deixa Pernambuco com o “coração na mão”, como ele mesmo gravou. Em toda parte, J. Borges vai deixar muita saudade. 

 

Milu Megale, secretária de Cultura do Recife 

“Mais que uma vasta e belíssima obra, J.Borges deixa uma estética como legado. O artista inaugurou uma forma de traduzir e celebrar a realidade nordestina, que para sempre será uma das mais fiéis linguagens a depor sobre as belezas da nossa cultura popular para o mundo inteiro entender quem somos e de onde viemos."

 

Marcelo Canuto, presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife

“Além de seu imenso talento, J. Borges tinha uma generosidade maior ainda. Estava sempre encontrando novos caminhos para dialogar com o futuro e transmitir sua arte para quem quisesse aprender, perpetuando seu jeito único de enxergar e celebrar o Nordeste para o mundo."

 

Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco

"Pernambuco e o Brasil perdem hoje um dos seus mais importantes artistas. Grande poeta, cordelista e xilogravador, J. Borges fez da sua arte instrumento para difundir e popularizar a cultura pernambucana e nordestina, retratando costumes, folguedos, o cangaço e a religiosidade de nossa gente. 

Nascido em Bezerros, no Agreste, teve seu trabalho reverenciado no Brasil e no mundo. Foi reconhecido como Patrimônio Vivo Imaterial de Pernambuco, recebeu a Ordem do Mérito Cultural do Brasil e ainda o prêmio Unesco, na categoria Ação Educativa/Cultural. 

Ou seja, o talento de J. Borges cruzou as fronteiras do estado e do país, enchendo os pernambucanos de admiração e orgulho e nos dando a certeza de que sua arte é eterna. 

A Assembleia Legislativa se solidariza com familiares e amigos. Que Deus possa confortá-los neste momento de dor e saudade".

 

Rodrigo Pinheiro, prefeito de Caruaru 

"Foi com profunda tristeza que recebi a notícia da partida do mestre da xilogravura, J. Borges. Sua arte faz parte do imaginário pernambucano, encantando a todos que a conhecem, ilustrou o nosso São João no ano de 2019 e tantos outros momentos especiais. Neste momento de tristeza, me solidarizo com a sua família e amigos, pedindo a Deus que conforte os seus corações.  Fica a saudade e a certeza de que seu legado será sempre preservado. Descanse em paz!"

 

Marília Arraes, ex-deputada

"Partiu J. Borges, o artista que levou Pernambuco e o Nordeste para o mundo, com seus traços que retratam tanto o dia a dia do nosso povo. Que privilégio eu tive de poder expressar pra ele meu carinho e gratidão por tanto que fez pela nossa cultura! E, claro, conhecer, além da sua arte, suas histórias e sua alegria imensa em desfrutar a vida! Um abraço em Nena e sua família numerosa, além dos seus muitos amigos, que Deus conforte o coração de vocês. Vai em paz, que tua missão por aqui foi linda!"

 

Henrique Dantas, superintendente do Banco do Brasil em Pernambuco 

"O Banco do Brasil lamenta o falecimento do artista J. Borges. Com sua arte, levou a cultura de Pernambuco e do Nordeste para os quatro cantos, com reconhecimentos nacionais e internacionais. Durante a sua vida, J. Borges nos entregou o seu coração através da sua arte de diversas formas. No Coração da Poesia, ele disse que "o coração é um órgão que trabalha noite e dia, uma hora traz desgosto outra traz muita alegria, é quem inspira o poeta e de onde sai poesia."

 

No BB, J.Borges foi reconhecido em exposições em seus Centros Culturais no Rio, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. Sua arte e da sua família também estão permanentemente expostas no .BB, inaugurado no último mês de março no Recife Antigo. Com a obra o "Coração na Mão", ele presenteou o seu coração aos nordestinos e ao mundo, por exemplo. Bacaro e Pablo, nossos mais profundos sentimentos. Vocês são o legado do Mestre que estará para sempre em nossos corações.

 

Como apoiador e incentivador da cultura e diversidade brasileiras, o Banco do Brasil se solidariza à dor da família com as mais sinceras condolências neste momento de grande perda."

 

 

MAIS

 

Clube Na%u0301utico Capibaribe

"A cultura pernambucana perdeu hoje o pintor, cordelista, poeta, xilogravurista e alvirrubro J. Borges. Reconhecido internacionalmente por sua obra, J. Borges foi o homenageado deste ano no Timbu Coroado, um gesto simples diante de sua grandeza para o nosso Estado. Deixamos aqui nossa solidariedade à família e nossos sentimentos."

 

 

Maria Alice Amorim, biógrafa de J. Borges 

"Borges, que sempre se mostrou como uma pessoa cheia de vitalidade, ao longo das décadas de atuação buscou adaptar-se às novas demandas relacionadas ao universo do cordel e da xilogravura, por isso se manteve atuante, produzindo, inserido nos circuitos artísticos e no mercado. Esse é outro aspecto apaixonante. Viveu até os últimos momentos com disposição, alegria, vitalidade. E a mesma gigantesca memória de toda a vida.

 

No universo da gravura em madeira, J. Borges é um dos grandes do Brasil, internacionalmente reconhecido e reverenciado. Entre os editores populares, a Gráfica Borges se destacou no ramo da literatura de cordel brasileira. O poeta é autor de famosos cordéis, a exemplo do folheto “A chegada da prostituta no céu”. Borges ilustrou o livro “As palavras andantes”, do uruguaio Eduardo Galeano, além de uma edição de contos dos irmãos Grimm e a edição de um conto de José Saramago, escritor português e prêmio Nobel de literatura. Participou de exposições, seminários, eventos nacionais e internacionais, graças ao reconhecido talento artístico. Expôs e deu oficinas de xilogravura em diversos países, a exemplo da França, Suíça, EUA. Integrava a ala dos mestres desde a primeira edição da Fenearte. No mundo inteiro as pessoas têm gravuras de J. Borges, o que ele sempre comentava com contentamento e brilho nos olhos."

 

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