TEATRO

Jeison Wallace volta com espetáculo que consagrou carreira:´É uma Cinderela do morro'

Após milhares de pessoas marcarem presença na reestreia, no Teatro do Parque, 'Cinderela - A História que Sua Mãe Não Contou' terá última sessão em 18 de agosto

Publicado em: 30/07/2024 06:00 | Atualizado em: 30/07/2024 07:59

 (Foto: Ruan Pablo/DP Foto)
Foto: Ruan Pablo/DP Foto
Recife, em 1991, ainda não tinha a fama de "cidade multicultural" que possui atualmente. O manguebeat foi decisivo para romper a letargia que pairava sobre a capital pernambucana, mas não atuou de forma isolada. Enquanto Chico Science inovou ao mesclar rock, maracatu e hip-hop, o humorista Jeison Wallace trazia a "pernambucanidade" em seu humor escrachado no espetáculo "Cinderela – A História que Sua Mãe Não Contou", que completa 33 anos em 21 de setembro e retornou aos palcos no domingo retrasado, com nova apresentação agendada para 18 de agosto, às 19h, no Teatro do Parque.

Sucesso de bilheteria na década de 1990, "A História que Sua Mãe Não Contou" consagrou Jeison nos palcos e, posteriormente, na TV. No entanto, “A Bicha Borralheira” foi a montagem que deu origem ao fenômeno Cinderela. Ao contrário do clássico baile de gala dos Irmãos Grimm, o texto do dramaturgo Henrique Celibi, falecido em 2017, traz um concurso de transformistas do reino. E, nas duas badaladas da meia-noite, ao fugir desse concurso, a princesa, em vez de perder o sapatinho, perdia a peruca. “Quando li aquele texto, percebi que a Cinderela descrita ali não era a da Disney, loira e bonita. Era uma Cinderela do morro”, relembra o humorista ao Viver

Jeison identificou o potencial do roteiro e reuniu um grupo de pessoas com quem já trabalhava para colocar a ideia em prática. Ele criou a companhia Jeison Wallace e a Trupe do Barulho e assumiu a direção do espetáculo. “Gostava de teatro, tinha feito um curso de iniciação, mas virei diretor à força porque não tínhamos dinheiro para pagar um diretor de renome em Pernambuco”, conta Wallace. Nas primeiras apresentações na antiga boate Araras Dance Bar, em Boa Viagem, o público deixava a festa de lado e se concentrava em "A História que Sua Mãe Não Contou". “O público de boate, que geralmente vai para dançar, brincar, beber e outras coisas, parava na hora do show para ver e ouvir”, afirma ele. 

Depois, as apresentações foram transferidas ao Teatro Valdemar de Oliveira, de quinta à sábado, sempre à meia-noite. A peculiaridade do horário intrigou o público e até gerou teorias sobre uma possível sessão destinada para adultos. “Decidimos fazer o espetáculo à meia-noite, o que tinha tudo a ver com a história da Cinderela, em que o encanto acaba à meia-noite”, explica Jeison. A divulgação espontânea através do boca a boca tornou Cinderela uma das atrações mais procuradas no Recife, com filas quilométricas no Valdemar de Oliveira. “Muitas pessoas foram assistir várias vezes. Gostavam tanto que se tornavam, como se diz, embaixadores do espetáculo”, completa o ator.

Um dos shows que ficou na memória aconteceu no Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães, o Geraldão, onde 15 mil pessoas assistiram a uma apresentação gratuita, integrada ao projeto "Todos com a Nota", do Governo de Pernambuco. Segundo Jeison, “A História que Sua Mãe Não Contou" massificou o teatro no estado. “A Cinderela veio para quebrar esses padrões e criar novas plataformas. Pessoas que nunca tinham visto teatro, nem sabiam o que era, passaram a assistir”. “Ôxe, mainha” virou um bordão popular, especialmente após a inserção da gata borralheira na cobertura do Carnaval da TV Jornal.

Em cartaz por uma década, a peça fez temporadas em diversos estados do Brasil e foi assistida por mais de 500 mil pessoas, todas encantadas com o deboche da turma que se unia para avacalhar 'Cindy'. Mesmo assim, a reestreia triunfal, com mais de 5 mil pessoas no Teatro do Parque, emocionou Jeison. “Hoje, com o digital, você não precisa sair de casa, tem tudo nas mãos: celular, tablet, TV com séries, streaming. Conseguir levar 5 mil pessoas ao teatro em um mundo assim é algo a se comemorar. Só tenho palavras de gratidão a Deus e ao universo."

Na segunda e última sessão, em 18 de agosto, estarão no palco veteranos do elenco original, como Roberto Costa (Fada Madrinha) e Paulo de Pontes (Madrasta), além de novos atores convidados: André Lins, Petreson Eloy, Rick Thompson, Luan Alves e Venâncio Torres, que interpretarão os personagens daqueles que não estão mais no elenco. Novas inserções foram acrescentadas ao texto, trazendo piadas atualizadas, sem deixar de fora os bordões inesquecíveis. Os ingressos estão disponíveis no site Cecon Tickets e na bilheteria do teatro, com preços variando entre R$ 45 e R$ 120.





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