MÚSICA

Maria Gadú sugere que o mundo adote a dialética pernambucana

Cantora é reverência ícones da Música Popular Brasileira em show baseado no seu quarto álbum de estúdio, neste sábado, no Teatro RioMar Recife

Publicado em: 20/07/2024 06:00

Maria Gadú interpreta canções que marcaram sua trajetória pessoal (Foto: Loiro Cunha)
Maria Gadú interpreta canções que marcaram sua trajetória pessoal (Foto: Loiro Cunha)
E se a sabedoria popular pernambucana ditar as regras do mundo? A proposta, curiosamente, vem de uma paulista que já é velha conhecida do estado e está de volta para comemorar os 20 anos de carreira. Maria Gadú desembarca no Teatro RioMar Recife com a turnê de seu quarto álbum de estúdio, Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor, para única apresentação neste sábado. Os ingressos estão disponíveis a partir de R$ 120 no site do Uhuu.

A cantora se afastou dos palcos por alguns anos para se aprofundar na história do Brasil e se engajar na defesa pelos direitos dos indígenas. Esse período de introspecção e aprendizado agora se reflete em seu show, que simboliza sua jornada pessoal ao longo do tempo. Gadú homenageia a música popular brasileira com novas versões de músicas que foram significativas em sua vida. O álbum homônimo, composto por 12 faixas, é produzido e interpretado por ela, que toca todos os instrumentos, evidenciando sua versatilidade como artista.

No espetáculo, que traz regravações de ícones da MPB, Gadú contará com a companhia de JayV na clarineta, Felipe Roseno na percussão e Duda Lima no baixo. Entre as canções que ela interpretará estão clássicos como Este Amor, de Caetano Veloso, e Lindo Lago do Amor, de Gonzaguinha. O show também incluirá sucessos de Rita Lee, Renato Russo e Marisa Monte, além de algumas de suas próprias músicas, como Shimbalaiê, Dona Cila e Bela Flor.

Fora dos holofotes, Maria Gadú se revela como Mayra Corrêa, mãe da pequena Alice e companheira da artista plástica Ana Paula Popi. Esses e outros amores se manifestam no show e nas canções de Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor. No entanto, diferente do álbum de 2021, Gadú promete revisitar todo o seu repertório artístico, trazendo à luz músicas que estavam guardadas há algum tempo.

Em entrevista exclusiva ao Viver, a cantora forneceu pistas sobre o setlist e refletiu sobre sua relação com músicas icônicas da carreira selecionadas para o show no Recife. Além disso, falou sobre o esperado reencontro com o público pernambucano, que ocorre praticamente um ano depois do seu último show, quando apresentou o projeto pela primeira vez no Teatro Guararapes. 

Entrevista - Maria Gadú (cantora e compositora)

- Como foi o desafio de escolher apenas uma canção de cada um dos grandes nomes da MPB celebrados no disco?
Difícil, muito difícil. Dentro de toda a obra de cada compositora e compositor tem algo da nossa própria história, resolvi fazer um recorte do que estava vivendo no momento de gravar o disco, as músicas que estava escutando naquele momento.

- Como é traduzir o universo intimista do álbum para a performance no palco?
O disco e o show são bem diferentes. O show passeia de forma mais completa por minha trajetória na profissão, canto canções de todos os álbuns, músicas que não tocava há muito tempo, é um show nostálgico e celebrativo. Há momentos mais intimistas mas muitos momentos de festa.

- O que você geralmente entende como "amor"?
Amor é o que sinto pela vida, por essa oportunidade única de estar aqui, aprendendo, conhecendo. Isso vale pra pessoas, lugares, outros sentimentos, Amor pelo Brasil, por toda sua cultura tão divina e ampla, amor é amor. E hoje meu maior amor é a Alice, nossa bebê maravilha que estava crescendo.

- Shimbalaiê, Dona Cila e Bela Flor, também estão no show. Como cada faixa se relaciona com você ao decidir incluí-las no repertório?"
Shimbalaiê é a minha primeira composição, me sinto muito confortável com ela. A conheço há tanto tempo, é como uma amizade antiga que se melhora. Fico feliz de ter sido essa criança que escreveu sobre a natureza. Ela que  também me levou a tantos lugares novos, me apresentou pessoas. Dona Cila é a minha oração eterna, o amor que sinto pela minha avó e todos os meus ancestrais. Bela Flor é uma canção leve que sempre me traz uma sensação boa, gosto da melodia e da despretensão dela. 

- Qual é o tamanho da expectativa para reencontrar seu público pernambucano?
Expectativa sempre boa! Recife é um dos lugares que mais gosto nesse planeta. Respeito muito tudo o que o estado de Pernambuco mantém e inventa na arte, na literatura, nas cores, na forma de falar. Sempre falo em casa: gostaria que tudo no mundo fosse explicado na dialética inteligente do povo pernambucano. Feliz de voltar com esse show ao Recife, reencontrar esse público amoroso e exigente, pois sabe o tamanho de sua própria cultura.
 

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