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Documentário 'Othelo, O Grande' resgata memória e legado político do artista lendário

Longa recorta imagens raras de arquivo para revelar novas facetas e pensamentos de um dos atores mais desbravadores do audiovisual brasileiro

Revelar as múltiplas facetas do Grande Otelo, para além do humor que lhe fez conhecido nacionalmente, é um dos pontos de partida do documentário que resgata a história de uma das personalidades mais importantes na história da televisão e do cinema brasileiro, que, durante a segunda metade do século passado, quebrou barreiras que até então pareciam inexoráveis para artistas negros. Othelo, o grande, dirigido por Lucas H. Rossi dos Santos e produzido por Ailton Franco Jr., venceu o prêmio de melhor documentário no Festival do Rio do ano passado e, finalmente, está entrando em cartaz nos cinemas.


O documentário reapresenta o Grande Otelo ao espectador já familiarizado com sua figura bem humorada a partir de uma nova perspectiva também, a de alguém plenamente consciente de tudo aquilo que precisou fazer, encarnar e interpretar em função da necessidade de sobrevivência em um mundo excludente para pessoas de sua cor. Ele se tornou o primeiro ator negro a ganhar esse protagonismo em diferentes mídias e abriu, dessa forma, caminhos para toda uma geração seguinte poder entrar nos salões principais pela porta da frente.

Em entrevista ao Viver, o diretor falou sobre os desafios de compactar na curta duração de cerca de 1 hora e 20 minutos toda a história e legado do Grande Otelo. “Eu fiquei de 12 a 10 anos para fazer o filme, desde a ideia até lançar ele agora. Foi um processo muito longo mas prazeroso à beça. Este filme me apresentou um outro lado da história do cinema brasileiro, foi uma imersão muito importante. Com um material bruto de mais de 300 horas, não foi fácil escolher o que ficaria no corte, então a montagem foi um grande desafio”, ressaltou Lucas.

O cineasta falou ainda sobre a dimensão política que o personagem real teve durante suas décadas de atividade e a força transformativa do trabalho dele na sociedade artística. “Eu sou apaixonado pelo Grande Otelo enquanto artista e pelo Sebastião enquanto pessoa. Os dois se complementam e fizeram história juntos. Por um lado, pelo seu talento único, por outro, pela sua forma política e estratégica de lidar com o racismo daquela época. A principal intenção do filme é trazer Otelo de volta às telas,  apresentar ele para novas gerações e relembrar esse personagem tão importante para o nosso país. Entendi durante o processo do filme que o racismo atravessou toda vida dele de forma abrupta e ele sempre questionava isso por onde passava. Queremos apresentá-lo para quem não o conhece e aprofundar para quem se lembra dele, e esse lado político não poderia deixar de conversar com nenhum desses dois públicos”, completou.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco