Com a proximidade das eleições municipais de 2024, que ocorrem no domingo, 6 de outubro, a capital pernambucana – orgulhosa de seu protagonismo histórico na cena cultural nordestina e brasileira – chega a mais um momento de celebração democrática através do qual decidirá os rumos da cidade nos próximos quatro anos. Esses rumos, naturalmente, não são os mesmos sem proposições para o setor artístico, que não apenas é responsável por uma crucial movimentação na economia como constitui a identidade e o pertencimento tão fortes do povo recifense.
A fim de entender as propostas de cada candidato à Prefeitura do Recife para a cultura, o Viver analisou o plano de governo de cada um dos cinco postulantes ao cargo mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto e conversou com eles para entender seus posicionamentos, críticas e proposições.
Candidato a reeleição pelo PSB, o prefeito João Campos destaca em seu plano de governo as realizações do atual mandato, em especial a administração das festividades carnavalescas do período pós-pandemia, 2023 2024. Em entrevista ao Viver, a campanha reafirmou o compromisso com a classe artística e a intenção principal de ampliar o trabalho da gestão.
“Queremos garantir a ampliação desse comprometimento, inclusive com a recuperação de outros equipamentos culturais e com a implantação do EduCultura, que tem como objetivo principal integrar a cultura na educação municipal, com três eixos principais: formação de professores, integração de mestres da cultura e festival cultural e educacional”, afirmou a candidatura. “Destacamos ainda a reestruturação do Sistema de Incentivo à Cultura, com a lei que rege o SIC sendo atualizada aumento de investimentos, com um incremento significativo nos valores destinados a cachês artísticos, subvenções e premiações, beneficiando diretamente milhares de artistas e trabalhadores da cultura e a ampliação do diálogo constante com os artistas e representantes culturais”, completou.
Candidato pelo PSD e ex-secretário de Turismo e Lazer de Pernambuco, Daniel Coelho ressalta em seu plano de governo para o setor a importância da valorização das manifestações populares, do patrimônio cultural e do incentivo à economia criativa. Entre as ações propostas pelo postulado, estão a criação do Polo Cultural e Literário da Boa Vista, que pretende requalificar a região, integrando o Teatro do Parque, a Praça Maciel Pinheiro e outros equipamentos e vias do bairro, e a criação da Biblioteca Clarice Lispector, do Roteiro Manuel Bandeira, e a promoção de festivais literários e de cultura popular. “A atual gestão tem deixado a desejar na preservação e valorização do patrimônio cultural e na promoção de Recife como destino turístico de relevância internacional. Nosso plano impulsionará a cultura literária e popular, algo que está ausente no cenário atual. Vamos investir na infraestrutura cultural, no marketing turístico eficiente, e no apoio direto a artistas e produtores culturais”, disse a campanha do candidato.
Dani Portela (PSOL) destina três páginas do seu plano de governo à cultura, com 13 propostas que incluem o fomento às manifestações culturais das juventudes negras, a democratização do acesso a recursos e o aumento do financiamento para artistas independentes, além de enfatizar a preservação do patrimônio histórico. “Uma das principais críticas da classe artística em relação ao Teatro do Parque, hoje reaberto, é a ausência da compreensão de que se trata de um cineteatro, e portanto deveria ter uma programação regular, atualmente marcada pela exibição de um único filme ou de apresentações pontuais de espetáculos de teatro”, analisou a candidata e atual Deputada Estadual de Pernambuco.
O advogado Tecio Teles (Novo) se compromete em diversificar a agenda cultural do Recife com a inclusão de outras manifestações que são ofuscadas pelo São João e pelo carnaval. “Vamos implementar circuitos de apresentações culturais em diversas áreas, como teatro, música, dança, artes plásticas, artes visuais, literatura e cultura popular”, afirmou. Ex-Ministro do Turismo, Gilson Machado (PL) promete criar um calendário cultural descentralizado com festivais e eventos em todas as Regiões Político Administrativas (RPA), promovendo a cultura local e artistas em parques e espaços públicos. O Viver tentou contato com a campanha para solicitar um depoimento, mas não obteve resposta.
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