ARTE

Catarina DeeJah apresenta bandeirolas gigantes na exposição ''Artista-Prática'', em Olinda

Mostra inaugura nesta sexta-feira (11), no Museu Regional de Olinda, e é a segunda em comemoração aos 40 anos do Ateliê Iza do Amparo

Publicado em: 11/10/2024 08:32

Mostra integra circuito de exposições que comemora os 40 anos do Ateliê Iza do Amparo (Crédito: Divulgação)
Mostra integra circuito de exposições que comemora os 40 anos do Ateliê Iza do Amparo (Crédito: Divulgação)

Artista plural, Catarina DeeJah exibe um recorte de seu trabalho na exposição “Artista-Prática Catarina DeeJah: De Que País Vem Este Carnaval? Se o Oriente Nasce em Meu Quintal”, no Museu Regional de Olinda, no Sítio Histórico. A abertura é nesta sexta-feira (11), às 18h.

A mostra integra o circuito de exposições que comemora os 40 anos do Ateliê Iza do Amparo, onde, no convívio numa família de artistas, Catarina fez-se também uma. Batizado por “Da Casa-Ateliê de Artistas-Etcétera ao Agora: Duas Gerações, Quatro Desdobramentos”, o circuito tem incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura — Funcultura, do Governo do Estado.

As bandeirolas que têm espalhado a arte de Catarina DeeJah por lugares diversos são o suporte/a linguagem que a artista escolheu para a mostra. Sendo que, ao invés delas pequenas, como já as conhecemos, as seis obras desta exposição são ‘bandeirolas gigantes’ feitas de tafetá recortado a partir de padronagens de um banco de vetores que a artista acumula há uma década.

Ana Gabriella Aires, curadora da mostra, diz em seu texto que as criações da artista “estão implicadas por um fazer manual e prático associado a imagens e movimentos desde seu cotidiano: a matéria de seu trabalho é justamente esse fino tecido, o dia-a-dia, e suas práticas são apropriações e transformações desse cotidiano, das ruas, do que circula nas ruas, por entre as pessoas”.

Catarina DeeJah iniciou seu trabalho com bandeirolas exatamente de forma manual e prática: “Comecei de forma improvisada, para criar a decoração de um baile no Clube Bela Vista [no Alto Santa Terezinha, Zona Norte do Recife]. Uni uma referência do artesanato tradicional das festas do México com a nossa cultura junina para criar bandeirinhas vazadas com tipografia própria e signos”.

Passou, então, quatro anos reproduzindo-as à mão, cortando com tesoura de unha e estilete, até surgir a parceria com o Coletivo 3D, que possibilitou o corte a laser. O coletivo junto com a Hactus Creative são parceiros desta mostra no suporte técnico — devido ao tamanho das bandeirolas, alguns cortes foram feitos em quatro etapas e levaram cerca de duas horas.

Nelas, estão memórias de Catarina DeeJah — das crianças da casa-ateliê e das redondezas: “Na minha percepção, as cercas e os muros eram quase simbólicos. A gente saía em turma, brincando de se aventurar, para conhecer outros quintais e buscar frutas. Gazeava aula, soltava sementes pelo caminho de uma Olinda que era um grande jardim. Um mosaico de culturas”.

Além dos quintais e das ruas de Olinda — e, portanto, dos Carnavais —, o mar que beira a cidade e os povos que a habitaram e a habitam também são temas na criação da artista.

40 anos de uma casa-ateliê

Há mais de 40 anos, Iza do Amparo é matriarca de uma casa-ateliê onde em todo esse tempo seus moradores (se) criaram e (se) criam compartilhando experimentações artísticas. Uma casa também de portas abertas para a rua e lembrada por seus frequentadores como um lugar de acolhimento, fruição artística e referencial na vida cultural do Sítio Histórico de Olinda.

A celebração deste tempo — que, mais do que um bom punhado de anos, significa uma trajetória longeva de criação na convivência com os outros — se dá com o circuito “Da Casa-Ateliê de Artistas-Etcétera ao Agora: Duas Gerações, Quatro Desdobramentos”, que estreou em julho, com a mostra “Artista-Cientista Paulo do Amparo: Das Manufeituras à Zoada do Teu Momento”.

Depois de Paulo do Amparo, artista-filho de Iza do Amparo, e de sua irmã, Catarina Dee Jah, que expõe agora, virão mais duas exposições: uma da própria Iza do Amparo de Humberto Magno, artista visual falecido em 2021, com quem Iza do Amparo gestou e criou seus filhos e o ateliê — quando juntos chegaram a Olinda, em 1981.

Curadora do projeto, Ana Gabriella Aires enfatiza que este circuito é “uma oportunidade de conhecer ou rever Iza, Humberto, Paulo e Catarina em quatro exposições articuladas pelo que são eles de artistas-etcétera. E o quanto isso que, parece, sempre foram e vão juntos sendo, vai-se transformando pelo que conviveram ou convivem, família que são”.

“Artista-etcétera, conceito emprestado de Ricardo Basbaum, refere-se à situação do artista que ‘questiona a natureza e a função de seu papel como artista’ e que possui ‘fortes ligações com os circuitos locais em que estão inseridos’.”

SERVIÇO

“Artista-Prática Catarina DeeJah — De Que País Vem Este Carnaval? Se o Oriente Nasce em Meu Quintal”
Abertura: dia 11 de outubro, das 18h às 21h
Visitação: até 3 de novembro — de terça a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 16h; aos sábados e domingos, das 14h às 16h; visitação com monitoria acontece de quinta a domingo, das 14h às 16h
Onde: Museu Regional de Olinda — Rua do Amparo, 128, Sítio Histórico de Olinda
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