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Festival Internacional de Dança do Recife dialoga com o tempo em sua 27ª edição

Serão nove dias de maratona de espetáculos locais e das cenas nacional e internacional, com destaque para o Grupo Grial, homenageado neste ano

Uma Mulher Vestida de Sol, do Grupo Grial, abre o festival no Teatro do Parque

Experimentações, criações e inovações performáticas permeiam os nove dias da 27ª edição do Festival Internacional de Dança do Recife. O evento, promovido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura (Secult) e da Fundação de Cultura Cidade do Recife (Funcultura), começa hoje e oferece 16 produções locais, além de oito nacionais e três internacionais, em diferentes espaços culturais da capital pernambucana. Só neste final de semana de programação, até domingo (20), serão apresentados seis espetáculos, uma performance e uma roda de conversa. Os ingressos para as sessões serão trocados na bilheteria dos teatros por alimentos não perecíveis.

O Grupo Grial, homenageado desta 27ª edição, será o responsável pela abertura do festival, às 19h, com o espetáculo Uma Mulher Vestida de Sol, no Teatro do Parque. Maria Paula Costa Rêgo, bailarina e coreógrafa do grupo desde 1997, continua no papel de intérprete. Única homenageada em 2015, ela vê o reconhecimento ao Grial como algo ainda mais especial. “Quando fui homenageada como pessoa, era sobre mim: pelo meu trabalho, pelo que represento na cidade, pelos meus alunos, e tudo mais. No entanto, ser homenageada em nome de um grupo é algo mais completo, sabe? Eu me sinto mais plena, porque existe ali o reconhecimento de um trabalho coletivo que começou em 1997”.

Uma Mulher Vestida de Sol é uma releitura da peça inspirada na obra de Ariano Suassuna, que o Grupo Grial levou aos palcos em 2001. Ao contrário da influência shakespeariana na primeira versão, Maria Paula privilegia o estilo 'suassuniano', trazendo mais elementos do sertão e da poética armorial. “A musicalidade é mais seca, mais sertaneja e poética, com a presença de João José do Egito e Miguel Marinho, cujas poesias, por vezes improvisadas em cena, dão uma nova vida à obra”. Além disso, as críticas sutis ao feminicídio e ao machismo, presentes na obra de Ariano, especialmente na morte de Rosa, a Julieta sertaneja, ganham mais destaque sob a direção de Maria Paula. “Essa nova versão carrega essa luta como um de seus principais temas”, aponta. 

A programação vai se espalhar por 11 equipamentos culturais e espaços públicos recifenses. Além dos teatros do Parque, de Santa Isabel, Apolo, Hermilo, Luiz Mendonça e do Paço do Frevo, as atividades alcançarão o Parque Dona Lindu, Praça da Várzea e Praça do Arsenal, Avenida Boa Viagem, Rua Duque de Caxias, Campo do Nacional (UR-1 Ibura) e Escola Municipal Professora Almerinda Umbelino de Barros. As performances estarão imersas no tema “Corpos Atemporais”, cuja relevância se expressa na dança contemporânea mundial: a continuidade do ritmo, da emoção, da expressividade, do vigor e da poesia, presentes nos corpos que celebram o tempo através da dança.

“Temos desde apresentações infantis até espetáculos com bailarinos mais experientes. O tema do festival, 'Corpos Atemporais', reflete essa potência criativa de dançarinos que continuam vigorosos, apesar da idade”, diz o curador Dado Sodi. O espetáculo Ainda Não, agendado para sexta-feira (25), no Teatro do Parque, traz um processo colaborativo, criativo e afetivo disparado pelo coreógrafo Marcelo Evelin (PI) junto de um elenco de seis artistas cearenses com suas trajetórias já sedimentadas e reconhecidas em nível nacional e internacional. Artistas com idade em torno de 60 anos, com nomes, histórias e memórias a serem compartilhadas. 

A maior novidade é a apresentação de duas sessões de espetáculos no formato work in progress, quando a obra ainda está em fase final de concepção, mas é submetida ao encontro com o público para ser testada e transformada pela reação da plateia. “Vai ensinar ao público como se dá o processo criativo, ao mesmo tempo em que oferece ao artista um feedback valioso durante essa etapa”, explica Dado. Os dois representantes do formato serão Target, do bailarino recifense Rafael FX, em cartaz no Teatro Hermilo Borba Filho, às 19h da sexta-feira (25), e Campo Minado, concebido por Daniel Sembrenome e pelo Grupo Experimental, homenageado da edição passada do Festival.
 
 
PROGRAMAÇÃO
27º Festival Internacional de Dança do Recife
De 18 a 27 de outubro

SEXTA-FEIRA (DIA 18)

Teatro do Parque
19h - Cerimônia de abertura
19h30 - "Uma Mulher Vestida de Sol", do Grupo Grial de Dança (PE) - com audiodescrição

SÁBADO (DIA 19)

Paço do Frevo
14h - Roda de conversa "O Corpo Negro na Dança Brasileira", com Mestra Dandara (BA), Jamila Marques (PE), e Gaby Conde (PE).  Mediação de Ivana Motta (PE)

Teatro Hermilo
18h - "Somos Instantes", da Perla Flamenca (Brasil/Paraguai)

Teatro Luiz Mendonça
19h30 - "Ziggy - Tributo a David Bowie", da Cia. de Dança Cisne Negro (SP)

DOMINGO (DIA 20)

Teatro Apolo
16h - "Tango Grafias", de Natacha Muriel (Brasil/Argentina)

Teatro Hermilo Borba Filho
17h - Performance "Pequeno Manual de Sobrevivência para Mães Artistas", com Iara Sales (PE)
17h30 - "Terra - Configuração 2", do Grupo Grial de Dança (PE)

Teatro do Parque
18h30 - "Eu não sou só eu em mim - Estado de Natureza - Procedimento 01", do Cena 11 (SC)

TERÇA-FEIRA  (22)

Escola Municipal Professora Almerinda Umbelino de Barros
16h - "Chegança", da Cia. Trapiá (PE) - Programação exclusiva para os alunos

Teatro do Parque
18h30 - "Meu Osso tá Cortando Feito Faca", de Gardênia Coleto (PE)
19h - Cine Dança %2b Debate, com Daniela Guimarães (BA), Marcelo Sena (PE) e Fernanda Capibaribe (PE). Mediação de Gabi Holanda (PE)

QUARTA-FEIRA  (23)

Rua Duque de Caxias (Santo Antônio)
13h - "Na Medida do Possível", com Alisson Lima (SP)

Teatro Hermilo Borba Filho
19h - "O Agora não Confabula com a Espera", de Iara Izidoro (PE)

QUINTA-FEIRA (24)

Teatro Hermilo Borba Filho
19h - Projeto Primeira Cena
"Caféto" de Bruna Souza / "Os Atos I, II e II" do Ballet Nacional de Danças Urbanas (B.N.D.U) / "Frevo Mulher" de Anastácia Xuanke e Alice Lacerda / "O que tinha de ser" de Marcos Teófilo

Teatro Apolo
20h30 - "Dembwa", com Marcos Ferreira e Ruan Wills (BA) - com audiodescrição

SEXTA-FEIRA (25)

Praça da Várzea
16h - "Passo", da Compassos Cia de Dança (PE)

Teatro Hermilo Borba Filho
19h - "Target" (Work in Progress), de Rafael FX (PE)
19h30 - "Eco, oco preso no peito", de Maria Emília da Cruz (SP)

Teatro de Santa Isabel
20h30 - "Reino dos Bichos e dos Animais, esse é o meu nome", do Coletivo CIDA (RN) - com audiodescrição

SÁBADO (26)

Parque Dona Lindu
16h - "Kdeiraz" (Brasil/Portugal)

Campo do Nacional (UR-1 Ibura)
16h - "Campo Minado" (work in progress), de Daniel Sembrenome e do Grupo Experimental (PE)

Teatro do Parque
20h - "Ainda Não", de Marcelo Evelin (PI) - com audiodescrição

DOMINGO (27)

Avenida Boa Viagem (Praia do Pina)
12h - "Debandada", Coletivo Debonde (RJ)

Praça do Arsenal 
15h - Batalha da Escadaria Batalha de Danças Urbanas Festa Baile Charme
 

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