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'O Senhor dos Mortos', novo filme de Cronenberg, é seu trabalho mais impenetrável

Diretor de 'A mosca' e 'Videodrome' retorna com filme cerebral e farsesco sobre homem obcecado pela decomposição da falecida esposa

Chegando ao Brasil em primeira mão como parte da programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, O senhor dos mortos, novo filme de David Cronenberg, é provavelmente o seu trabalho mais impenetrável entre todos os seus filmes mais recentes.

Diretor celebrado pelo horror corporal de clássicos como Scanners, Videodrome e A mosca, mas que reinventou seu próprio cinema nas últimas décadas com trabalhos mais cerebrais e farsescos como Cosmópolis e Um método perigoso, o cineasta canadense retornou ao gênero que fez sua fama no recente Crimes do futuro, de 2022, que já funcionava como uma reunião entre os elementos grotescos do seu estilo mais reconhecível e a sobriedade e minimalismo da fase contemporânea. Agora em O senhor dos mortos, ele retoma toda a sua temática quintessencial com uma morbidez mais presente na verborragia do que necessariamente nas imagens - o que provoca ao mesmo tempo curiosidade e decepção.



Sendo este um trabalho feito por um diretor que sempre investigou os limites da carne e do sangue, fica a impressão também de uma atmosfera propositalmente anestesiada que remete ao próprio desalento do seu autor com relação ao controle cada vez maior do que é inorgânico, digital, irreal. É uma pena que, para transmitir essas ideias, O senhor dos mortos ofereça uma dramaturgia tão difícil de estabelecer qualquer relação além da conceitual.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco