BANCO CENTRAL

BC: Quase 80% dos países emergentes elevaram projeções para juros

Ao detalhar o Relatório Trimestral de Inflação, diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, reconhece que não só o Brasil está sendo impactado pelo cenário externo mais adverso, e eleva estimativas de inflação deste ano e do próximo

Publicado em: 27/06/2024 13:31

Banco Central em Brasilia (Crédito: Rafa Neddermeyer/Agencia Brasil)
Banco Central em Brasilia (Crédito: Rafa Neddermeyer/Agencia Brasil)

O cenário externo mais adverso, com os Estados Unidos mantendo os juros básicos no intervalo de 5,25% a 5,5% desde junho de 2023, tem ajudado a piorar as expectativas não somente no Brasil, de acordo com dados do Banco Central. Ao apresentar os principais destaques do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, nesta sexta-feira (27/6), em São Paulo, destacou que quase 80% dos países emergentes apresentaram aumento nas projeções para as taxas básicas e juros tanto para 2024, e, para 2025, as expectativas aumentaram para 58% dessas economias.

No caso do Brasil, as novas projeções para a taxa básica da economia (Selic), atualmente em 10,5% ao ano, indicam manutenção desse patamar até dezembro e, para o próximo ano, os juros devem ficar em 9,5% anuais. E, para 2026, a projeção da Selic passou para 9%. Conforme os dados do RTI, o Banco Central elevou de 1,9% para 2,3% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), especialmente, devido ao aumento do consumo das famílias e da melhora do mercado de crédito, segundo o diretor.

A projeção de crescimento nominal do saldo do crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN), em 2024, aumentou de 9,4% para 10,8%. “O aumento reflete, principalmente, a incorporação dos programas de crédito criados para combater os efeitos do evento climático extremo no Rio Grande do Sul. E, no crédito livre, a revisão na projeção do saldo para pessoas físicas reflete tanto a surpresa positiva nos dados divulgados quanto a expectativa de maior consumo das famílias”, afirmou o diretor do BC aos jornalistas.

Piora no quadro fiscal

De acordo com Guillen, houve também piora na percepção dos agentes econômicos sobre o quadro fiscal nos cenários das últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). “Quando a gente faz o balanço de riscos, vemos que, nos últimos dois Copoms, piorou a percepção do quadro fiscal para os maiores níveis de um pouco mais de um ano”, afirmou. Pelas novas projeções, a dívida pública bruta seguirá crescendo e chegará a 80% do PIB no próximo ano.

Além de elevar as projeções para o PIB, o Banco Central também aumentou as estimativas para a inflação deste ano e no próximo, para 4% e 3,4%, respectivamente, considerando a taxa de Selic estável. Segundo ele, a inflação vem apresentando dados acima do esperado, tanto que, o Banco Central elevou de 0,15% para 0,33% a projeção para a taxa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, especialmente, devido ao aumento das pressões dos preços dos alimentos.

O diretor do BC reforçou ainda o aumento na taxa de juros neutra de 4,5% para 4,75% no horizonte de projeção na taxa do Copom. “A mudança representa a atualização de diversas estimativas da taxa de juros neutra da economia brasileira, obtidas utilizando diferentes metodologias, com a ressalva de que outras abordagens estão presentes na literatura e podem também ser consideradas no processo decisório da autoridade monetária. Depois de atingir um mínimo com a eclosão da pandemia da covid-19, em geral, as taxas estimadas têm apresentado tendência de alta”, destacou o diretor do BC.

A instituição também houve aumento no hiato do produto (indicador de ociosidade), que ficou próximo de zero. “O aumento da projeção de inflação no horizonte relevante resultou principalmente da atividade econômica mais forte que o esperado, que levou a uma elevação no hiato do produto estimado, mas foi contido pela subida da taxa de juros real”, destacou o documento. E, nesse sentido, o diretor do BC destacou que, refletindo a elevação da projeção, a probabilidade de a inflação ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância aumentou para 2024 e 2025.
 
As informações são do Correio Braziliense. 
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