COLUNA

Déficit nominal recorde em maio

Resultado primário do setor público consolidado, que inclui união, estados, municípios e as empresas estatais, foi de R$ 63,9 bilhões de déficit em maio
Por: Ecio Costa

Publicado em: 01/07/2024 10:24 | Atualizado em: 01/07/2024 10:35

O setor público apresentou o pior déficit primário em maio desde 2020 e o pior déficit nominal da série histórica. O resultado primário do setor público consolidado, que inclui união, estados, municípios e as empresas estatais, foi de R$ 63,9 bilhões de déficit em maio, uma alta de 27,4% em relação ao déficit de R$ 50,2 bilhões em maio de 2023. A dívida pública subiu para 76,8% do PIB, 0,5 p.p. em um único mês.

O governo central, os governos regionais e as empresas estatais apresentaram déficits de R$ 60,8 bilhões para o governo central, R$ 1,1 bilhão para os estados e municípios e R$ 2 bilhões para as empresas estatais. No acumulado de 12 meses, o déficit primário é agora de R$ 280,2 bilhões, o que equivale a 2,53% do PIB e 0,11 ponto percentual do PIB superior ao déficit acumulado nos 12 meses até abril.

Somando o pagamento de juros, chega-se no déficit nominal, que agora é de R$ 1,06 trilhão, que representa 9,6% do PIB e já passou o valor mais alto do período da pandemia, em janeiro de 2021, quando atingiu R$ 1,016 trilhão. Outro ponto importante é que as estatais voltaram a apresentar déficit, e cada vez maior. No acumulado de 12 meses, o déficit das estatais está em R$ 4,7 bilhões, contra um superávit de R$ 4,8 bilhões que aconteceu em maio de 2022. 

Com esse resultado, a dívida em relação ao PIB chegou ao patamar de 76,8%, ou R$ 8,5 trilhões em maio desse ano. Há 12 meses, em maio de 2023, estava em 72,8%, um aumento de 4 pontos percentuais. Em um mês, o aumento foi de 0,5 p.p. Nesse ritmo, é muito provável que a relação dívida/PIB continue crescendo, se encerre esse ano muito próximo dos 80% e até 2032, a expectativa do mercado, é que chegue em 92% do PIB. 

Um endividamento cada vez maior do país, sem iniciativas concretas de redução de despesas, por si só, pressiona a dívida pública porque rolar a dívida se torna cada vez mais caro, com o risco maior que o país passa a apresentar. O pagamento de juros tende a aumentar porque a taxa de juros para esse endividamento precisa ser cada vez maior para atrair investidores que queiram comprar títulos da dívida brasileira. Ou seja, que acreditem que o governo vai honrar com seus compromissos. Essa situação complica a taxa de câmbio porque os investidores terminam saindo do país por não acreditarem no cenário macroeconômico, também pressionando a inflação. 

A política monetária passa a perder efeito por conta da dominância fiscal. Aumentos de taxa de juros deixam de produzir os efeitos no combate à inflação. O aumento acelerado da dívida pública traz consigo muitas incertezas para a economia, que retardam decisões de investimentos, consumo e impactam o crescimento.
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