COLUNA

Hibristofilia: a atração sexual por criminosos

Perfil predominante de pessoas afetadas pela parafilia é de mulheres com antecedente de abusos e sofrimentos na infância

Publicado em: 02/07/2024 10:18

 (Foto: Freepik)
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O maníaco do parque, Francisco de Assis Pereira, foi condenado a 280 anos de prisão após ter matado sete mulheres e atentado contra a vida de outras nove em São Paulo. Mal foi preso e já tinha recebido cerca de mil cartas de mulheres se declarando interessadas ou apaixonadas por ele. Provavelmente, a maioria devia sofrer de hibristofilia, que é a atração por pessoas que cometeram uma atrocidade ou crime violento. 

Esse “amor bandido” é uma parafilia, ou seja, uma fantasia ou comportamento frequente, intenso e sexualmente estimulante, que envolve objetos inanimados, crianças ou adultos sem consentimento, ou o sofrimento ou humilhação da pessoa ou do parceiro. 

Na década de 1950, o psicólogo e sexólogo neozelandês John Money identificou que a hibristofilia afeta, em maior proporção, as mulheres heterossexuais. Ainda não existe uma única explicação para isso, sabe-se apenas que aspectos biológicos, psicológicos e sociais interagem de forma complexa. Contudo, o perfil predominante é de mulheres com antecedente de abusos e sofrimentos na infância, podendo ser, inclusive, pessoas independentes e bem sucedidas profissionalmente. 

Gilmar Rodrigues, autor do livro "Loucas de Amor: Mulheres que Amam Serial Killers e Criminosos Sexuais", observou que quanto mais violento o sujeito, maior a visão fantasiosa que elas têm. Ademais, percebeu que as relações não costumam ser duradouras, principalmente após o criminoso deixar a prisão.            

A hibristofilia é mais comum nas mulheres, porque o número de homens que praticam crimes violentos é muito maior em comparação ao gênero oposto. Portanto, eles também podem ser acometidos por esse distúrbio. 

Alguns perfis de mulheres que se envolvem com criminosos:

  • As que romantizam: consideram que a falta de amor foi o estímulo para o crime. Assim, o amor delas fará com que a pessoa se regenere (em geral, são pessoas que sofreram abusos no passado);
  • As que se excitam: estar com alguém que transgride gera um tipo de excitação;
  • As que buscam fama: quando se trata de um criminoso notório;
  • As que se identificam com o criminoso, ou seja, alguém que está fazendo aquilo que ela mesmo gostaria de fazer. 

Existem duas categorias de hibristofilia: passiva e ativa. A primeira se refere à pessoa que vai atrás do criminoso na intenção de apenas manter um relacionamento normal. A segunda é quando a pessoa passa a também cometer crimes. 

No Brasil e exterior, assassinos famosos que receberam diversas mensagens apaixonadas e pedido de visitas de admiradoras: 

  • O vigilante goiano Tiago Henrique Gomes da Rocha, 33, confessou em depoimento ter assassinado 39 pessoas (a maioria mulheres) entre os anos de 2011 e 2014;
  • Ted Bundy, que chegou a se casar com uma "fã";
  • Charles Manson, líder da seita que cometeu uma série de assassinatos nos anos 1960, inclusive da atriz Sharon Tate, então grávida de oito meses; 
  • O norueguês Anders Behring Breivik, preso pelo assassinato de 77 jovens em 2011; 
  • O idoso austríaco Josef Fritzl, que raptou e estuprou a própria filha durante 25 anos. 

ENVELHECIMENTO E DIMINUIÇÃO DE DIFERENÇA SALARIAL ENTRE HOMENS E MULHERES
 
 (Foto: Freepik)
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O diferencial salarial entre homens e mulheres diminuiu nas últimas duas décadas, na maioria dos países. Parte dessa redução se deve ao envelhecimento demográfico. Os trabalhadores mais velhos permanecem no mercado por mais tempo, retendo posições de destaque, o que  dificulta a mobilidade ascendente dos homens jovens. Isso resulta em uma redução da disparidade de rendimentos entre os gêneros.

Analisando quatro décadas de dados salariais dos EUA, Reino Unido, Canadá e Itália, o cientista Arellano-Bover identificou que a diferença salarial entre homens e mulheres diminuiu, com os jovens de ambos os gêneros recebendo salários mais semelhantes. As gerações mais antigas, que apresentavam maiores desigualdades, estão se aposentando, o que reduz o gap salarial geral. 

Entre 1976 e 1995, a probabilidade de homens de 25 anos trabalharem no décimo superior de grupos empresariais diminuiu, em média, 6 pontos percentuais, enquanto a mesma probabilidade para mulheres caiu apenas 2 pontos percentuais.

Ou seja, a diferença entre os rendimentos médios de uma sociedade não nos informa muito sobre questões ligadas à igualdade de gênero. 

PROJETO PARA INVESTIMENTOS IGUAIS PARA ATLETAS HOMENS E MULHERES 
 
 (Foto: Freepik)
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A Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que condiciona o repasse de recursos públicos federais e de loterias a entidades que garantam isonomia entre as categorias feminina e masculina, durante a formação de atletas. 

Assim, as entidades sem fins lucrativos componentes do Sistema Nacional do Desporto somente poderão receber recursos da administração pública federal direta e indireta caso incluam a norma em seus estatutos. Na maioria dos esportes, o investimento na categoria feminina é bem mais baixo do que na categoria masculina, principalmente em modalidades consideradas “para homens”. 

As autoras do projeto inicial foram as deputadas Tabata Amaral (PSB-SP) e Lídice da Mata (PSB-BA). A intenção é de que o investimento igualitário das verbas públicas pelas federações e confederações, faça com que muitas atletas atinjam resultados expressivos, inspirando outras meninas e mulheres para a prática de esportes.
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