CONFLITO
Milhares de crianças deslocadas no Haiti devido à violência de gangues
Maioria das crianças vive em abrigos improvisados e não tem acesso a alimentos, cuidados de saúde, água potável ou saneamento
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 02/07/2024 13:02
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| UNICEF estima que a violência das gangues no Haiti esteja deslocando uma criança a cada minuto desde março (Foto: Richard Pierrin/AFP) |
Nesta terça-feira, a agência das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou que o crescimento da violência dos grupos armados e a instabilidade política no Haiti resultaram na deslocação de mais de 300 mil crianças desde o início do ano. Com poucos meios de sobrevivência ou proteção, a maioria das crianças vive em abrigos improvisados e não tem acesso a alimentos, cuidados de saúde, água potável ou saneamento, sendo cada vez mais forçadas a se juntar a grupos armados.
A UNICEF estima que a violência das gangues no Haiti esteja deslocando uma criança a cada minuto desde março, quando os grupos criminosos levaram o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, a ter que renunciar e tomou a capital do país, Porto Príncipe, apos uma série de ataques coordenados a várias infraestruturas do governo.
"As crianças desalojadas necessitam desesperadamente de um ambiente seguro e protetor e de um maior apoio e financiamento da comunidade internacional", apelou Catherine Russel, diretora da UNICEF. As crianças são mais de metade das cerca de 580 mil pessoas que ficaram sem casa nos últimos quatro meses. "A catástrofe humanitária que se desencadeia diante dos nossos olhos está tendo um impacto devastador nelas", afirma Russel.
A UNICEF também fez uma estimativa de que em todo o país três milhões de crianças precisem de assistência humanitária, num cenário que se prolonga devido a turbulência política, pobreza generalizada, doenças galopantes e múltiplas catástrofes.
“A maioria das crianças no Haiti vive em abrigos improvisados e com um acesso gravemente comprometido a alimentos, cuidados de saúde, água potável ou saneamento” indicou a agência das Nações Unidas.
Além disso, estão enfrentando riscos que comprometem, muitas vezes a sua saúde e o seu futuro, como a suscetibilidade a doenças como a cólera ou o abandono escolar, por causa do fechamento das escolas e às restrições econômicas causadas pela violência. "As crianças não devem pagar com as suas vidas e o seu futuro em uma crise criada por adultos. Com poucos meios de sobrevivência ou proteção, as crianças são ainda cada vez mais forçadas a juntar-se a grupos armados”, advertiu Russel, acrescentando que se trata de uma clara violação dos seus direitos e do direito internacional.
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