TENSÃO

Viagem do primeiro-ministro húngaro à Moscou é criticada pela UE e Kiev

Após reunião a portas fechadas com Putin, Viktor Orbán, reconheceu que as posições da Rússia e do Ocidente estão muito distantes sobre a guerra na Ucrânia

Publicado em: 05/07/2024 14:08

Viktor Orbán e Vladirmir Putin (Foto: ALEXANDER NEMENOV / AFP
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Viktor Orbán e Vladirmir Putin (Foto: ALEXANDER NEMENOV / AFP )
No início desta semana, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, esteve na Ucrânia e se encontrou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelando por um cessar-fogo na guerra. Agora, Orbán esta em Moscou e se reuniu com o líder da Rússia, Vladirmir Putin. No entanto, esta visita oficial de três dias, descrita pelo governo húngaro como uma "missão de paz", vem sendo contestada e causou surpresa a União Europeia (UE) e ao governo de Kiev.
 
Após a reunião a portas fechadas com Putin, Orbán, reconheceu que as posições da Rússia e do Ocidente estão muito distantes sobre a guerra na Ucrânia. "Queria ouvir e escutei a opinião de Putin. As posições estão muito distantes, é preciso dar muitos passos para chegar mais perto do fim da guerra, mas o passo mais importante foi o estabelecimento de contatos e vou continuar a trabalhar", afirmou.
 
O líder do Kremlin defendeu a retirada completa de todas as tropas ucranianas das autoproclamadas repúblicas populares pró-russas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, e das regiões parcialmente anexadas de Zaporijia e Kherson, no sul, assim como de outras condições que devem ser analisadas com suficiente detalhe em possíveis reuniões futuras. Entretanto, Putin elogiou a visita de Orbán, como uma forma de tentar restabelecer o diálogo com o bloco europeu. 
 
Já a Hungria, que assumiu a presidência rotativa da UE na última segunda feira, não tem mandato para agir como mediador. Por outro lado, Orbán respondeu que a paz só se alcança com o diálogo entre as partes.
 
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertou hoje Orbán que "apaziguar Putin" não vai impedi-lo de prosseguir com a invasão ao território ucraniano, após o anúncio de sua ida a Moscou. "O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán está de visita a Moscou. Apaziguar Putin não vai fazê-lo parar. Só unidade e determinação poderão abrir caminho para uma paz compreensiva, justa e duradoura na Ucrânia", disse Von der Leyen. 
 
A visita já foi também criticada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, que disseram que essa ida se insere apenas no quadro de relações bilaterais entre a Hungria e a Rússia e não representa a União Europeia (UE).
 
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia recriminou a visita de Orbán a Moscou "sem acordo prévio", para discutir a situação do seu país com Putin. "A decisão de fazer esta viagem foi tomada pelo lado húngaro sem qualquer acordo ou coordenação com a Ucrânia. Lembramos que para o nosso país o princípio ‘nenhum acordo sobre a Ucrânia sem a Ucrânia’ permanece inviolável", comunicou a pasta ministerial ucraniana.
 
Quando o líder húngaro se deslocou a Kiev para se encontrar com o Zelensky, foi considerada uma iniciativa inédita, uma vez que ambos mantêm relações distantes devido em boa parte a aproximação de Orbán com Putin. Durante a sua visita a Kiev, o primeiro-ministro da Hungria defendeu que a Ucrânia deve aceitar um cessar-fogo, uma posição, refutada pelo Ocidente e pelos ucranianos, visto que Zelensky exige a retirada total das tropas russas do seu território e o respeito pela sua integridade e soberania territorial.
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