Meio ambiente

Estado reforça ações contra vírus em aves migratórias que cruzam o Sertão

Vírus, que provoca a Doença de Newcastle (DNC), não é potencialmente perigoso aos humanos, mas pode contagiar galinhas e animais silvestres

Publicado em: 25/08/2024 09:57 | Atualizado em: 25/08/2024 10:27

Aves são examinadas (Foto: CPRH)
Aves são examinadas (Foto: CPRH)
A Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado (Adagro) e a Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH) reforçam ações contra o vírus do grupo paramixovírus aviário, que provoca a Doença de Newcastle (DNC).

Segundo portaria 702/2024, do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), é  doença viral contagiosa.

Segundo a Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH), aves silvestres migratórias, conhecidas como avoantes ou arribaçãs, apareceram mortas nos municípios de Afrânio, Santa Maria da Boa Vista e Dormentes, no Sertão de São Francisco. 
 
Amostras das aves foram coletadas pela Adagro e encaminhadas à análise do Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA),  em Campinas (SP).
 
Ele é referência em diagnóstico de casos de síndrome respiratória e neurológica das aves.
O resultado da análise laboratorial deu positivo para a Doença de Newscastle. 
 
De acordo com gerente estadual de defesa animal da Adagro, Samy Bianchini, novos casos de aves doentes e mortas pelo vírus foram notificados pela Adagro nos municípios de Lagoa Grande, Parnamirim e Orocó, entre os dias 8 e 14 de agosto.
 
Para a diretora de defesa e inspeção animal da Adagro, Glenda Holanda, “diante desta mortandade em aves de arribaçã, além do trabalho integrado entre os órgãos estaduais e as prefeituras, é necessário o reforço junto à população para que notificações de novas ocorrências sejam feitas o mais rápido possível à Adagro e que os produtores mantenham as aves de criação longe do contato de aves silvestres”, ressaltou a diretora da Agência de Defesa Agropecuária de Pernambuco.
 
Os animais acometidos pela doença apresentam dificuldade para respirar e para voar, andam cambaleantes, tem diarreia e edema na cabeça. Esses são os principais sintomas das aves afetadas, segundo a Adagro.
 
E, apesar de ser fatal para algumas espécies de aves, “não tem a mesma repercussão na saúde humana. Ou seja: não causa perigo iminente às pessoas”, explicou o gerente do setor de Gestão de Fauna da CPRH, Iran Vasconcelos. 
 
O vírus Newcastle foi registrado pela primeira vez, no Brasil, no ano de 1953.
 
O diretor-presidente da Agência CPRH, José de Anchieta dos Santos, ressaltou que “a migração do bando em que houve a mortandade das aves encontra-se centralizado no Sertão do São Francisco, em um intervalo geográfico de cerca de 400 km do Agreste, onde está localizado o maior polo aviário do estado. Esse panorama traz segurança aos aviários comerciais importantes, assim como para a sociedade, não afetando a economia do estado”.
 
Entre as medidas emergenciais que estão sendo adotadas pelo Governo do Estado no enfrentamento ao vírus, está a notificação de todas as ocorrências recebidas, desde as informadas pelos produtores da região até aquelas notificadas pelas prefeituras ou via Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinárias.
 
A identificação dos locais onde as aves migratórias estão fazendo pouso também é outra estratégia fundamental, executada pela CPRH, para monitorar e mapear o caminho feito pelo vírus. “Essas aves costumam pousar em local favorável à sua alimentação, descanso e reprodução da espécie”, explicou Anchieta.
 
A partir desta semana, a CPRH também deverá atuar junto a instituições com especialistas em migrações de aves silvestres – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Univasf, Universidade Federal do Agreste de Pernambuco em  Garanhuns e no Centro de Manejo de Fauna Silvestre (Cemafauna), da Univasf, em Petrolina – para que pesquisadores, junto com os técnicos, consigam ter uma compreensão macro do fenômeno, a fim de que o Governo do Estado tome medidas preventivas e mitigatórias.

Segundo a CPRH, as aves chegaram ao estado pelo município de Afrânio, que faz divisa com os estados da Bahia e do Piauí.
 
“A arribaçã é uma ave migratória e, neste período, faz passagem por Pernambuco. Acredita-se que as aves mortas foram contaminadas pelo vírus, ao consumirem alimento de galinhas não vacinadas e criadas em quintais. Nossa missão é evitar que o vírus se propague”, reforçou José de Anchieta.
 
A previsão da CPRH é de que as aves se movimentem neste momento para o Sertão Central, depois para o Sertão do Araripe e, em seguida, para o Piauí, sempre no sentido do fluxo das chuvas.
 
Um ponto de alerta da Agência Estadual de Meio Ambiente é a respeito da captura ilegal de animais silvestres.
 
“A mortandade das aves migratórias ocorreu em áreas de rica biodiversidade, onde muitas vezes são capturados animais silvestres, sobretudo aves, o que se configura crime ambiental. Neste momento crítico, alertamos para que a população obedeça à legislação ambiental, inclusive para não oportunizar a propagação do vírus, tendo em vista que a doença se propaga não só em galinhas e pombos, mas também em outras espécies de aves e outros animais”.
 
Para o combate à propagação do vírus, a participação da população é importante, como explica a gerente de defesa animal  da Adagro, Samy Bianchini.
 
“Solicitamos que a população procure a unidade da Adagro mais próxima de onde mora, quando for identificada mortalidade excepcional de animais – de forma súbita e elevada -, ao ser vistos animais com dificuldade respiratória, andando cambaleantes, com dificuldade para voar, diarreia e/ou edema na cabeça”, explica Samy.
 
Como denunciar
 
 
Também é possível notificar as ocorrências através da Ouvidoria da Adragro (0800 081 1020), do WhatsApp (81) 99488-2976 e também via Internet, na ferramenta Sisbravet, disponível do site do Ministério da Agricultura e Pecuária.
 
Adagro e CPRH recomendam ainda que as pessoas não manuseiem aves silvestres, especialmente se estiverem doentes ou mortas. Caso seja necessário, é fundamental o uso de luvas.
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