COLUNA

Médicos britânicos passam a ser obrigados a perguntar se homens estão grávidos antes do raio X

Medida é motivada por preocupações sérias com a saúde e pela necessidade de inclusão de todas as identidades de gênero na medicina moderna

Publicado em: 27/08/2024 10:26

 (Foto: Freepik)
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No Reino Unido, uma recente mudança nas diretrizes médicas tem gerado debate e curiosidade: homens também devem ser perguntados se estão grávidos, antes de realizarem exames de raio-X. 

Para muitos, essa medida parece estranha e até cômica à primeira vista, mas ela é motivada por preocupações sérias com a saúde e pela necessidade de inclusão de todas as identidades de gênero na medicina moderna. 

A principal razão para essa nova política é a crescente conscientização sobre as necessidades de saúde de pessoas transgênero e não-binárias. Embora o questionamento pareça ilógico,  quando aplicado a homens cisgênero (aqueles que se identificam com o gênero atribuído ao nascer), faz sentido para homens transgênero, que são pessoas designadas como mulheres ao nascer, mas que se identificam como homens. Muitos homens trans mantêm órgãos reprodutivos femininos e, portanto, podem engravidar. 

A radiação emitida durante os exames de raio-X pode ser prejudicial para um feto, especialmente nos estágios iniciais da gravidez. Para garantir a segurança de todos os pacientes, independentemente de sua identidade de gênero, as novas diretrizes buscam eliminar qualquer risco potencial, fazendo a mesma pergunta para todos.

Apesar das intenções inclusivas, a medida não está isenta de críticas. Alguns argumentam que perguntar a todos os homens se estão grávidos é desnecessário e pode ser visto como uma burocracia excessiva. Há também preocupações de que isso possa causar desconforto entre pacientes cisgêneros, que não entendem a lógica por trás da pergunta.

No entanto, especialistas em saúde defendem que a medida é uma forma simples e eficaz de assegurar que nenhum paciente seja negligenciado em suas necessidades de saúde. Eles apontam que a medicina deve evoluir para ser mais inclusiva e atenta às realidades de todos os indivíduos, não apenas aos grupos majoritários.

A nova diretriz no Reino Unido é um reflexo de uma tendência global crescente para adaptar os serviços de saúde às necessidades de todos, independentemente de identidade de gênero. Em alguns lugares, como nos Estados Unidos e Canadá, diretrizes semelhantes já foram implementadas em vários hospitais e clínicas. Essa mudança é parte de um esforço mais amplo para garantir que o atendimento médico seja acessível, seguro e respeitoso para todos.

A medida reforça a importância da comunicação aberta entre médicos e pacientes. Perguntar sobre a possibilidade de gravidez, mesmo em casos que possam parecer improváveis, pode abrir espaço para conversas sobre a saúde reprodutiva e sobre como os cuidados médicos podem ser mais inclusivos e abrangentes.

EM 2070, 38% DA POPULAÇÃO BRASILEIRA SERÁ DE IDOSOS, PRINCIPALMENTE IDOSAS
 
 (Foto: Freepik)
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Em 2070, os idosos representarão 38% da população brasileira, conforme projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa mudança demográfica trará uma série de desafios e oportunidades para o país, com implicações profundas nas áreas de saúde, economia, previdência social e políticas públicas. Um aspecto importante dessa transformação será o aumento da proporção de idosas na população, que tende a viver mais do que os homens e a enfrentar desafios únicos na terceira idade.

Atualmente, os idosos — pessoas com 65 anos ou mais — representam cerca de 10% da população brasileira. No entanto, o envelhecimento populacional tem se acelerado nas últimas décadas, impulsionado pela queda nas taxas de natalidade e pelo aumento da expectativa de vida. Segundo o IBGE, a expectativa de vida ao nascer no Brasil aumentou de 45,5 anos em 1940 para 76,6 anos em 2020. Esse aumento na longevidade é resultado de avanços na medicina, melhores condições de vida e maior acesso a serviços de saúde.

As projeções indicam que, até 2070, o Brasil terá aproximadamente 70 milhões de idosos, quase quatro vezes o número atual. Desse total, uma proporção significativa será de mulheres. Hoje, as mulheres representam cerca de 55% da população idosa. Estima-se que esse percentual aumente ainda mais, considerando que as mulheres continuam a ter uma expectativa de vida maior do que os homens — atualmente, cerca de 7 anos a mais.

As idosas enfrentam desafios específicos que merecem atenção especial. Segundo dados do IBGE, em 2019, 60% das idosas no Brasil viviam com menos de um salário mínimo per capita, comparado a 49% dos homens idosos. Essa disparidade reflete não apenas diferenças salariais e de acesso ao emprego ao longo da vida, mas também lacunas no acesso a aposentadorias e pensões. Muitas mulheres idosas dependem de programas sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), para garantir uma renda mínima.

As idosas estão mais propensas a viverem sozinhas ou em condições de vulnerabilidade social. De acordo com o Censo de 2010, 25% das mulheres idosas viviam sozinhas, uma proporção maior do que a dos homens idosos. Esse isolamento social pode levar a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, além de aumentar o risco de violência doméstica e negligência.

O envelhecimento da população brasileira terá impactos significativos na economia e na sociedade. Com uma população mais velha, haverá uma maior demanda por serviços de saúde e assistência social. Segundo o Ministério da Saúde, os gastos com saúde para idosos são, em média, três vezes maiores do que para os jovens. Além disso, o aumento do número de idosos pressionará o sistema de previdência social, que já enfrenta desafios de sustentabilidade.

A crescente proporção de idosas exigirá políticas públicas específicas. Estudos mostram que as mulheres idosas têm uma maior prevalência de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, e enfrentam desafios únicos no acesso a cuidados de saúde. Além disso, a maior longevidade das mulheres significa que elas podem passar mais anos em condições de fragilidade e dependência, exigindo mais suporte familiar e institucional.

Para enfrentar esses desafios, será crucial desenvolver políticas públicas que atendam às necessidades específicas dos idosos, especialmente das mulheres. Isso inclui a criação de programas de saúde preventiva voltados para doenças crônicas, o fortalecimento dos sistemas de cuidado de longo prazo e a promoção de envelhecimento ativo, que incentive a participação social e a autonomia dos idosos.

Outra área importante é a educação financeira e previdenciária. Com o aumento da expectativa de vida, muitas pessoas precisarão planejar uma aposentadoria que pode durar 30 anos ou mais. Iniciativas de educação financeira podem ajudar as pessoas a se prepararem melhor para a aposentadoria, especialmente as mulheres, que enfrentam maior risco de pobreza na velhice.

CHINESAS REJEITAM INCENTIVOS PARA AUMENTO DA NATALIDADE E OPTAM POR MENOS FILHOS OU NENHUM
 
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Nos últimos anos, a China tem enfrentado um desafio demográfico significativo: a taxa de natalidade do país está em declínio. Em resposta, o governo chinês lançou uma série de políticas e incentivos para encorajar as famílias a terem mais filhos. Contudo, apesar desses esforços, muitas mulheres chinesas têm resistido aos incentivos de aumento da natalidade, optando por ter menos filhos ou nenhum. Essa tendência, que reflete mudanças sociais e econômicas profundas, levanta questões sobre o futuro demográfico da China e os desafios de implementar políticas de natalidade efetivas em uma sociedade em rápida transformação.

A população da China está envelhecendo rapidamente, e o número de nascimentos tem caído drasticamente. Em 2022, a China registrou sua menor taxa de natalidade desde a década de 1950, com apenas 6,77 nascimentos por 1.000 pessoas. Essa queda é atribuída a uma série de fatores, incluindo o aumento do custo de vida, o alto custo da educação e da moradia, além de mudanças nas atitudes sociais em relação ao casamento e à maternidade. 

Historicamente, a política do filho único, implementada em 1979 para controlar o crescimento populacional, teve um impacto duradouro nas atitudes sociais em relação à família. Embora essa política tenha sido relaxada em 2015 e completamente abolida em 2021, a transição para uma política de "três filhos" não conseguiu reverter a tendência de queda na taxa de natalidade.

Para incentivar as famílias a terem mais filhos, o governo chinês introduziu uma série de medidas, como subsídios financeiros, licenças parentais mais longas, reduções de impostos e incentivos para habitação. Algumas províncias, como Sichuan e Jiangsu, ofereceram até mesmo benefícios educacionais para famílias com três filhos. No entanto, esses incentivos têm sido amplamente rejeitados por muitas mulheres.

Um dos principais motivos para essa rejeição é o aumento da carga financeira e emocional associada à criação de filhos. Em áreas urbanas, como Pequim e Xangai, o custo de criar um filho é extremamente alto, abrangendo desde cuidados infantis e educação até habitação e despesas de saúde. Muitas mulheres jovens, particularmente aquelas que buscam carreiras e independência financeira, veem a maternidade como um obstáculo significativo para o avanço profissional e pessoal.

Ademais, há uma crescente conscientização entre as mulheres chinesas sobre a importância do equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Muitas delas estão optando por adiar ou evitar a maternidade para perseguir suas ambições educacionais e profissionais. Esse fenômeno é especialmente pronunciado entre mulheres altamente educadas e aquelas em áreas urbanas, que valorizam a liberdade pessoal e a realização profissional sobre as expectativas tradicionais de gênero.

As expectativas culturais e sociais também desempenham um papel significativo na decisão de muitas mulheres de rejeitar os incentivos de natalidade. Na China, as normas tradicionais de gênero ainda atribuem à mulher a maior parte das responsabilidades relacionadas ao cuidado dos filhos e às tarefas domésticas. Para muitas mulheres, ter mais filhos significa uma maior carga de trabalho doméstico e menos tempo para se dedicar à carreira ou ao desenvolvimento pessoal. 

A discriminação de gênero no local de trabalho também  é uma realidade persistente na China. Mulheres em idade reprodutiva frequentemente enfrentam barreiras ao emprego e à progressão na carreira devido a suposições de que elas eventualmente sairão do mercado de trabalho para ter filhos. A falta de apoio no local de trabalho para equilibrar trabalho e família também é uma preocupação significativa para muitas mulheres que estão considerando suas opções reprodutivas.

Para reverter a tendência de queda na taxa de natalidade, a China precisará adotar uma abordagem mais holística e inclusiva, que reconheça as realidades e aspirações das mulheres modernas. Isso incluirá não apenas incentivos financeiros, mas também mudanças estruturais que facilitem a criação de filhos e promovam a igualdade de gênero.
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