DOR E COMOÇÃO
Tragédia do Morro: 'Meu pai disse que ia buscar cesta básica e orar', diz filho de vítima de desabamento em santuário
Familiares da aposentada Maria da Conceição França Pinto, de 68 anos, e do autônomo Antônio José dos Santos, de 54 anos, estiveram presentes no Instituto de Medicina Legal (IML)
Por: Wilson Maranhão
Publicado em: 30/08/2024 20:27 | Atualizado em: 31/08/2024 10:10
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| Leandro dos Santos Silva, de 30 anos, filho de Antônio José dos Santos, 58 anos, desmaiou duas vezes e convulsionou no chão em um dos desmaios (Foto: Priscilla Melo/DP Foto) |
Desmaio, muita dor e comoção marcou o reconhecimento dos corpos das duas vítimas fatais da Tragédia do Morro da Conceição, nesta sexta (30).
Familiares da aposentada Maria da Conceição França Pinto, de 68 anos, e do autônomo Antônio José dos Santos, de 54 anos, estiveram presentes no Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro, na área Central do Recife, para realizar o processo de reconhecimento dos corpos.
A previsão é que os corpos das duas vítimas sejam liberados na manhã deste sábado (31) e, até o momento, não há informações sobre data e horário de velório e sepultamento das vítimas.
Além dos dois mortos, a tragédia deixou 25 feridos, entre eles, uma grávida. A princípio a informação era que 21 pessoas ficaram feridas, contudo, na noite desta sexta (30), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) atualizou esse número para 25.
O acidente aconteceu no início da tarde, no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, no Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, durante uma distribuição de cestas básicas no local.
Durante três horas, familiares e amigos estiveram no IML para realizar o trabalho de reconhecimento dos corpos. A primeira vítima fatal a ser reconhecida foi Antônio José dos Santos e 20 minutos depois parentes da aposentada Maria da Conceição França Pinto também reconheceram o cadáver da aposentada.
Leandro dos Santos Silva, de 30 anos, filho de Antônio, desmaiou duas vezes e convulsionou no chão em um dos desmaios, tendo que ser amparado por outros familiares. Uma médica legista que estava de plantão no local atendeu o rapaz, em que foi necessário medicá-lo.
Antes de passar mal. Leandro limitou-se a dar entrevistas, mas do pouco que conseguia falar, disse que o pai morreu ao buscar a cesta básica para casa.
"Falei com painho uma hora antes de tudo acontecer. Ele disse 'cuida da casa, que vou buscar a feira e orar'. Depois recebi apenas a ligação de um amigo dizendo que o painho estava morto. Fiquei sem acreditar! Meu Deus, deixa ele. Porque tudo isso? Ele não era para ir agora", contou Leandro aos prantos.
Segundo ele, o pai era devoto de Nossa Senhora da Conceição e uma vez no mês ia até o santuário onde aconteceu a tragédia para garantir a cesta básica do sustento da família.
"Meu pai era bondoso. Ele estava lá para garantir a nossa feira e os ferros caíram em cima dele", lamentou Leandro.
Já Marcos da Conceição, de 33, foi até o IML para reconhecer o corpo da mãe, a aposentada Maria da Conceição, que também foi vítima fatal da tragédia.
Ele falou que a mãe era devota da santa e frequentava constantemente o santuário agora rezar e também foi até o local religiosos para buscar uma cesta básica.
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| Marcos da Conceição, de 33, foi até o IML para reconhecer o corpo da mãe, a aposentada Maria da Conceição, de 68 anos, que também foi vítima fatal da tragédia (Foto: Priscilla Melo/DP Foto) |
"Vim reconhecer o corpo de mãe, bati em vários hospitais e não havia confirmação de que ela estava internada. Daí decidi vir ao IML para confirmar e reconhecer o corpo", disse Marcos.
Ele ainda contou sobre a devoção da mãe, antes mesmo de ter a notícia que ela era realmente uma das vítimas fatais.
"Eu e mainha somos devotos. Eu tenho uma tatuagem de Nossa Senhora tatuada nas minhas costas. Temos várias graças alcançadas e tenho certeza que ela não abandonará neste momento", falou Marcos.
Após mais de uma hora e meia esperando, Marcos reconheceu o corpo da mãe e muito abalado, Marcos não quis gravar entrevista.
Raquel Lyra visita local do acidente
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), afirmou, na noite desta sexta-feira (30), que o Estado vai assumir as obras para reconstruir o Santuário de Nossa Senhora da Conceição, na Zona Norte do Recife.
O desabamento do teto da igreja, que aconteceu à tarde, deixou duas pessoas mortas e 25 feridos.
"A gente vai colocar em pé, de novo, a estrutura da igreja", declarou a governadora em visita ao local da tragédia. Ela chegou por volta das 19h20, após cancelar compromissos oficiais no Sertão.
No Morro da Conceição, Raquel lamentou a tragédia e prestou solidariedade às vítimas.
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| Foto: Francisco Silva/DP Foto |
O desabamento aconteceu um dia após a celebração que reuniu mais de 800 pessoas, na noite de quinta, para iniciar a contagem regressiva de 100 dias para a festa de Nossa Senhora da Conceição. A celebração completa 120 anos em 2024.
Com o calendário apertado, Raquel não se quis prometer que a obra de reconstrução ficaria pronta até o dia da festa. "Se for possível, vamos fazer", disse. "A gente não sabe sequer qual é o valor do investimento que precisa ser feito”.
Arcebispo presta solidariedade
Logo após a tragédia do Santuário do Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jackson, falou sobre o caso.
Um homem e uma mulher faleceram na igreja, após o desabamento do teto, nesta sexta (30). Ao menos 21 pessoas ficaram feridas.
"O acidente, que resultou em vítimas e causou grande dor à nossa comunidade, enche nossos corações de luto e solidariedade. Em oração, nos unimos às famílias enlutadas e a todos os que foram afetados por esta tragédia. Que o Senhor acolha as almas dos falecidos e conforte os corações dos que sofrem", escreveu, em nota oficial.
Na nota, a Arquidiocese de Olinda e Recife ofereceu "todo o suporte necessário às vítimas e seus familiares, buscando trazer alívio e esperança em meio a esta dor".
"Que Nossa Senhora da Conceição, nossa padroeira, interceda por todos, concedendo consolo e força neste momento de imensa tristeza", acrescentou.
Em áudio enviado ao Diario de Pernambuco, o vigário-geral da Arquidiocese de Olinda e Recife, monsenhor Luciano Brito, reafirmou a que a entidade está solidária a todas as famílias enlutadas, com as vítimas e também com a paróquia e seu padre, o pároco Emerson.
Ele falou que está fazendo orações em primeiro lugar e também e concedendo o apoio incondicional às vítimas dessa tragédia.
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