GUERRA

Após 10 dias de incursão as forças israelenses se retiram de Jenin

O presidente da câmara de Jenin, Nidal Obeid, descreveu a destruição da cidade como um "terremoto" depois da 'invasão' dos militares israelenses

Publicado em: 06/09/2024 12:46

Morador verifica danos no quintal de uma casa após ataque militar israelense no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada (Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP)
Morador verifica danos no quintal de uma casa após ataque militar israelense no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada (Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP)
As tropas israelenses anunciaram que se retiraram nesta sexta-feira (6) da cidade e do campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, após 10 dias de operação militar que fez somente nessa região 21 mortos.
 
O presidente da câmara de Jenin, Nidal Obeid, descreveu a destruição da cidade como um “terremoto” depois da ‘invasão’ dos militares israelenses.
 
De acordo com Obeid, mais de 20 quilômetros de estradas foram destruídos e, apesar dos destroços poderem ser removidos em dias, a reparação dos sistemas de água e de esgotos levará meses. A cidade ficou sem água durante o ataque e Obeid acusou Israel de usar punição coletiva para deslocar a população.
 
No entanto, as Forças de Defesa de Israel (IDF) não comunicaram ainda não se a retirada marca o fim definitivo da denominada "operação antiterrorista".
 
As cidades de Jenin, Tulkarem e Tubas, todas no norte da Cisjordânia, são o alvo da incursão em grande escala pelas IDF. No total, os ataques aéreos e os combates entre soldados e militantes palestinos já fizeram mais de 30 mortos nessas áreas.
 
Norte-americana é morta na Cisjordânia
 
O diretor do hospital Rafidia de Nablus, no norte da Cisjordânia, informou hoje a morte de uma ativista norte-americana pró-Palestina, de 26 anos, que chegou ao centro hospitalar com um tiro na cabeça. Segundo o jornal "Times Of Israel", relatos identificam a vítima como Aysenur Ezgi Eygi.
 
A agência de notícias oficial palestina Wafa publicou que o ocorrido foi perto de Nablus, em Beita, e que a jovem morreu por tiros de soldados israelenses. A Wafa também citou que a ativista morta fazia parte de uma campanha de solidariedade internacional chamada "Fazaa", empenhada em proteger os agricultores palestinos da violência dos colonos judeus nessa zona, considerados ilegais pela ONU.
 
Questionado pela agência de notícias France-Presse (AFP), o exército de Israel disse estar ciente da informação sobre esse incidente e que vai investigar o caso, mas não teceu outros comentários. Já a embaixada dos Estados Unidos não se pronunciou até o momento.
 
Na mesma cidade, em agosto, um outro ativista norte-americano denunciou ter sido ferido numa perna por um tiro de um soldado israelense durante uma manifestação contra os assentamentos israelenses na Cisjordânia.
 
Pelo menos 661 palestinos foram mortos por soldados ou colonos israelenses na Cisjordânia, segundo dados do Ministério da Saúde palestino, e cerca de 23 israelenses, incluindo soldados, morreram em ataques palestinos ou em operações militares, segundo fontes oficiais de Israel.
 
Em julho desse ano, a Corte da Organização das Nações Unidas em seu Parecer da Corte Internacional de Justiça defendeu o fim dos assentamentos israelenses e o pagamento de indenizações a palestinos. Entretanto, a decisão não é vinculativa. A ONU considera os assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios palestinos, portanto ilegais. “Os assentamentos israelenses, bem como o regime associado a eles, têm sido estabelecidos e estão sendo mantidos em violação do direito internacional, e precisam por isso acabar o mais rápido possível", afirma as Nações Unidas.
 
A maioria dos países, incluindo a União Europeia, considera ilegais esses assentamentos na Cisjordânia, que violam a lei e o direito internacional.
 
Israel ocupa a Cisjordânia desde 1967 e constrói, desde então, assentamentos para os seus cidadãos. A expansão e o avanço israelense sistemático sobre o já fragmentado território palestino dificultam ainda mais a consolidação de um Estado próprio.
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