ACIDENTE

Câmara ouve funcionários da Voepass sobre acidente

Comissão externa acompanha os trabalhos de investigação sobre o acidente que provocou a morte de 62 pessoas em agosto

Publicado em: 11/09/2024 09:54

Acidente aéreo matou 62 pessoas (58 passageiros e 4 tripulantes) em Vinhedo, no interior de SP (Crédito: Nelson ALMEIDA / AFP)
Acidente aéreo matou 62 pessoas (58 passageiros e 4 tripulantes) em Vinhedo, no interior de SP (Crédito: Nelson ALMEIDA / AFP)

A Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública, nessa terça-feira (10/9), com os representantes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão de investigação da Força Aérea Brasileira (FAB), para discutir o acidente com o avião da Voepass — que caiu em Vinhedo (SP), em 9 de agosto, e provocou a morte de 62 pessoas.

 

O deputado federal Nelson Padovani (União-PR), relator da comissão externa que acompanha os trabalhos de investigação sobre o acidente, comentou sobre uma denúncia anônima feita ao Ministério Público do Paraná. O relato alega que a companhia responsável pela aeronave operava sem contrato regular com a cidade de origem do voo, Cascavel (PR), e que houve omissão do órgão regulador de mobilidade local, a Transitar.

 

"Levantamos muitas informações que o Cenipa, por exemplo, ainda não tinha. O município de Cascavel não tinha contrato com a empresa Voepass para operar lá. Isso é muito importante, já que quando acontece um acidente em uma pista não homologada, por exemplo, o Cenipa também investiga. Agora, eles vão atrás para saber porque não tinha esse contrato e se isso tem relação ou não com o acidente, além de saber se tem outros municípios que a Voepass pode estar operando irregularmente", destacou o parlamentar.

 

Em resposta, o coronel Carlos Henrique Baldin, chefe da Divisão de Investigação do Cenipa, afirmou que a questão será levada em consideração. "Tudo o que tiver a ver com a segurança, o Cenipa vai se aprofundar e levar para a investigação, de modo a identificar possíveis fatores contribuintes e lições aprendidas que possam contribuir lá na frente para a melhoria da segurança. Essas informações trazidas agora serão estudadas para ver se teve relação direta com o acidente aéreo", disse.

 

A intenção do colegiado no Legislativo é ouvir as partes envolvidas no acidente e discutir se a lei deve ser mais rigorosa para evitar novos acidentes aéreos. "A ideia é propor investimentos no setor de tecnologia e de legislação. Então, o final do relatório [da comissão externa] é para isso. Não é caça às bruxas, não é para achar culpados, não é para condenar, nem quebrar empresa nenhuma. Nosso dever é legislar direitos e obrigações e, ao final, propor ações", ressaltou Padovani.

 

Nas próximas sessões, devem comparecer na comissão os representantes da Voepass, responsável pelo voo que caiu, e da Latam, que usa os serviços da outra companhia aérea em suas operações com frequência. Também serão ouvidas a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Polícia Federal e a Defensoria e a Procuradoria-Geral de São Paulo. A próxima audiência está marcada para 8 de outubro.

 

Resultados

O Cenipa apresentou aos parlamentares o que o Reporte Preliminar sobre a investigação pode mostrar até o momento. A equipe analisou as duas caixas-pretas encontradas na aeronave modelo ATR 72, que registram as conversas da cabine e os dados dos equipamentos que monitoram a aeronave. Os investigadores ouviram os relatos do piloto e do copiloto sobre formação de gelo nas asas, um fenômeno que estava nas previsões meteorológicas que subsidiam a aviação, antes mesmo da decolagem do voo 2283.

 

Por volta das 12h15 do dia do acidente, há registro de voz do piloto comentando a possibilidade de falha no sistema de aviso de formação de gelo. Pouco mais de uma hora depois, às 13h20, perto de iniciar os procedimentos de aterrissagem, o copiloto comenta: "Bastante gelo". Nesse momento, a conexão por rádio com a torre de controle do terminal paulista é perdida. No minuto seguinte, o avião caiu. Não há registro de nenhum alerta de emergência emitido pela tripulação nem para a torre nem para aeronaves que estavam por perto.

 

As informações são do Correio Braziliense.

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