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CNC aciona Supremo para proibir operação de bets

Gastos bilionários de brasileiros com jogos está prejudicando comércio e já preocupa setor produtivo e equipe econômica, pois os gastos mensais da população via Pix já superam R$ 20 bilhões

Apostas on-line irregulares, arrecadaram apenas em agosto R$ 20,8 bilhões, segundo dados do BC 
 (Crédito: Reprodução)
Apostas on-line irregulares, arrecadaram apenas em agosto R$ 20,8 bilhões, segundo dados do BC (Crédito: Reprodução)

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) ingressou, ontem, com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a proibição dos jogos de apostas on-line em todo o país. De acordo com a entidade, esse tipo de plataforma está corroendo as finanças das famílias brasileiras, especialmente as mais pobres. Na ação, a CNC pede a suspensão da Lei 14.790/2023, conhecida como "Lei das Bets".

 

A entidade afirmou que a legislação "está causando graves impactos sociais e econômicos". Um estudo realizado pela Confederação apurou que, entre 2023 e 2024, "os brasileiros gastaram, aproximadamente, R$ 68 bilhões em apostas, valor que representa 22% da renda disponível das famílias no período".

 

A questão das bets está dando o que falar e está preocupando bastante a equipe econômica. Dados recentes do Banco Central indicam que o gasto com brasileiros com apostas on-line é crescente e, atualmente, gira em torno de R$ 20 bilhões por mês por meio de transferências Pix.

 

Segundo a CNC, "a disseminação desenfreada das apostas on-line estaria criando um ciclo de dependência, principalmente entre os mais vulneráveis, o que tem levado à redução do consumo de bens essenciais e afetado diretamente o comércio". Com isso, mais de 1,3 milhão de brasileiros já se encontram inadimplentes devido às apostas em cassinos on-line.

 

Endividamento crescente

 

A Confederação também destacou que revisou para baixo sua projeção de crescimento do setor varejista em 2024, de 2,2% para 2,1%, reflexo direto do desvio de consumo das famílias para as apostas. "Estima-se que o comércio possa perder até R$ 117 bilhões por ano em faturamento devido ao crescimento dessas atividades. A ADI alerta para o crescente envolvimento de menores de idade nas apostas, "facilitado pelo uso de celulares e aplicativos", completou o documento da CNC.

 

A entidade afirmou que a legislação "está causando graves impactos sociais e econômicos". Um estudo realizado pela Confederação apurou que, entre 2023 e 2024, "os brasileiros gastaram, aproximadamente, R$ 68 bilhões em apostas, valor que representa 22% da renda disponível das famílias no período".

 

A questão das bets está dando o que falar e está preocupando bastante a equipe econômica. Dados recentes do Banco Central indicam que o gasto com brasileiros com apostas on-line é crescente e, atualmente, gira em torno de R$ 20 bilhões por mês por meio de transferências Pix.

 

Segundo a CNC, "a disseminação desenfreada das apostas on-line estaria criando um ciclo de dependência, principalmente entre os mais vulneráveis, o que tem levado à redução do consumo de bens essenciais e afetado diretamente o comércio". Com isso, mais de 1,3 milhão de brasileiros já se encontram inadimplentes devido às apostas em cassinos on-line.

 

Regulação frágil

 

De acordo com a economista e coordenadora de políticas públicas da Associação Livres, Deborah Bizarria, a regulação tem seus pontos positivos, como gerar mais arrecadação de impostos para o estado e a proteção do consumidor. "Permite ao governo aumentar a receita fiscal por meio da cobrança de impostos sobre as operações de apostas. Pode atrair investimentos estrangeiros, já que empresas internacionais veem o país como um mercado organizado e tentam expandir seus negócios. Há também a possibilidade de combater as consequências ruins e não intencionais que elas podem gerar para a sociedade", disse.

 

Segundo Bizarria, com regras claras e bem definidas, é possível criar mecanismos que reduzam danos como gastos excessivos e dificultem o desenvolvimento de vícios relacionados ao jogo. "A proteção ao consumidor também é fortalecida, pois a fiscalização ajuda a prevenir fraudes e práticas desleais, além de coibir a propaganda enganosa que apresenta as apostas como uma forma fácil de ganhar dinheiro", detalhou.

 

Por outro lado, há também pontos negativos, como implementar um sistema eficiente para a fiscalização e o combate ativo contra lavagem de dinheiro. "Implementar e manter um sistema de fiscalização eficiente pode representar um custo elevado para o governo. Há necessidade de mecanismos de combate à lavagem de dinheiro nesse mercado específico. Além disso, o impacto social não pode ser subestimado, já que problemas como o vício em jogos podem se intensificar, gerando custos sociais que precisam ser abordados na regulação", afirmou a economista.

 

Gastos bilionários em jogos irregulares

 

Um estudo do Banco Central, pedido pelo Senador Omar Aziz (PSD-AM), revelou que 56 bets no Brasil não estão corretamente classificadas no setor econômico apropriado, mas são elas que produzem a maior receita: R$ 20,8 bilhões. Enquanto isso, outras 520 corretamente classificadas tiveram uma receita bem menor, de R$ 300 milhões.

 

O órgão responsável pela regularização das casas de apostas on-line é o Ministério da Fazenda. Esses valores são para agosto deste ano, a pasta informou que "são resultados preliminares, dado que o aprofundamento da análise ainda está em desenvolvimento". O documento também mostrou o perfil dos jogadores, a maioria está na casa dos 20 aos 30 anos apostando mensalmente, em média, R$ 100. Enquanto a minoria, acima dos 60, apostar cerca de R$ 3 mil.

 

O Banco Central também estimou que cerca de cinco milhões de pessoas pertencentes a famílias beneficiárias do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões às empresas de apostas, utilizando a plataforma Pix. "A mediana dos valores gastos por pessoa é de R$ 100. Dessas pessoas apostadoras, quatro milhões (70% do total) são chefes de família (quem de fato recebe o benefício) e enviaram R$ 2 bilhões (67%) por Pix para as bets", afirmou o estudo.

 

O BC também revelou que cerca de 17% dessas pessoas que receberam o auxílio apostaram no último mês. A conclusão do Banco Central é que as famílias de baixa renda são as mais prejudicadas. "É razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira", acrescentou a instituição.

 

As informações são do Correio Braziliense.

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