CINEMA

Documentário sobre Luiz Melodia abre 16º In-Edit Brasil no Teatro Fernando Santa Cruz

Festival Internacional do Documentário ocupa Cinema do Porto (Fundaj) e Teatro Fernando Santa Cruz, com a exibição de 28 títulos nacionais e internacionais

Publicado em: 16/09/2024 06:00 | Atualizado em: 15/09/2024 08:17

 (Foto: Reproodução)
Foto: Reproodução
Em 2017, aos 66 anos, a marcante voz de Luiz Melodia se silenciou. Mas seu legado como intérprete e compositor de blues, samba, rock, soul e jazz segue eternizado. Prova disso é o documentário Luiz Melodia – No Coração do Brasil, dirigido por Alessandra Dorgan e produzido pela BigBonsai, que celebra sua vida e obra. O filme abrirá a 16ª edição do In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, que retorna a Pernambuco, nesta quarta-feira (18), às 19h30, no Teatro Fernando Santa Cruz, em Olinda. A entrada é gratuita. Além do filme, haverá debate com a diretora Alessandra Dorgan e uma apresentação do cantor e compositor Renato Piau, parceiro musical de Luiz Melodia por décadas.

O documentário narra, em primeira pessoa, a trajetória de Luiz Carlos dos Santos (1951-2017) - um artista que, ao abraçar sua liberdade criativa e originalidade, desafiou normas do mercado fonográfico e cultural brasileiro. Com materiais de arquivo raros e inéditos, o filme destaca a relevância cultural de seu legado e da cena musical à qual ele contribuiu desde os anos 1970. “Durante mais de 40 anos, ele não se conformou com as expectativas impostas a ele, especialmente o preconceito que esperava que um homem negro vindo do morro se limitasse ao samba, enquanto ele queria explorar muito mais”, exalta Alessandra Dorgan em entrevista ao Viver.

É a segunda obra audiovisual dedicada ao músico carioca em quatro anos, sucedendo Todas as Melodias (2020), de Carlos Abujamra, que assina a direção e o roteiro. Apesar da proximidade temporal, cada filme apresenta uma perspectiva única sobre Luiz Melodia. “Acredito que os dois filmes surgiram de conceitos narrativos muito distintos. Quando o nosso filme já estava em fase de pré-produção e a pesquisa em fase avançada, percebi que não haveria conflito, pois eles apresentariam narrativas e linguagens diferentes. E foi exatamente isso que aconteceu. Portanto, a distinção entre os filmes se deu de forma natural, sem necessidade de preocupação adicional”, afirma a diretora.

A necessidade de produzir Luiz Melodia – No Coração do Brasil surgiu após a morte do cantor em 2017, devido à ausência de obras que abordam sua trajetória. “Imagine quanto mais ele teria permanecido invisibilizado se não houvesse filmes, livros e homenagens para celebrar e reinterpretar sua música”, observa Alessandra. Ao longo de 1h15min, o documentário mergulha no universo inquieto e autêntico do cantor que, apesar de suas raízes no samba, sempre buscou trilhar caminhos próprios.

Para manter Luiz Melodia na rota que ele próprio traçou, Alessandra entendeu que a voz do filme precisava ser a dele. “Uma das minhas escolhas de direção para este filme foi permitir que ele contasse sua própria história em primeira pessoa, mesmo não estando presente. Sua voz maravilhosa e única merece continuar sendo ouvida. Assim, ele merece continuar sendo retratado e celebrado, e espero que venham muitos outros livros, filmes e homenagens para reconhecer seu incrível legado”, conta a diretora.

“A fama de ser um artista 'maldito' e difícil, na verdade, foram rótulos baseados em sua força e integridade. Por trás dessas etiquetas, revela-se uma pessoa de grande sensibilidade, um poeta impressionante, original e único”, completa. O documentário já foi reconhecido em diversos festivais, recebendo prêmios como Melhor Filme no In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical (2024), Melhor Filme Sul-Americano pelo Júri Popular no Bonito CineSur – Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito (2024) e Melhor Filme Documentário no Festival Internacional de Cinema de Paraty (2024).

A etapa pernambucana do 16º In-Edit Brasil terá 23 títulos nacionais e internacionais, incluindo filmes históricos e, sobretudo, obras inéditas no circuito comercial, de artistas como Cindy Lauper, Carlos Santana, Arrigo Barnabé, Brian Jones e os Rolling Stones, Zé Ketti, Peter Doherty, Moacyr Luz, Mestre Batman, entre outros. A sessão de encerramento, no próximo dia 26, também acontecerá no Teatro Fernando Santa Cruz, com a exibição do curta O Som da Pele, de Marcos Santos. Todas as demais sessões e encontros com diretores acontecem no Cinema do Porto (Fundaj), no Recife.
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