CINEMA

Em 'O Dia que Te Conheci', um romance singelo quebra o marasmo de uma rotina

Novo longa do mineiro André Novais Oliveira ('Temporada') teve sessão de bate no Cinema da Fundação, com presença do diretor e do elenco, e chega hoje aos cinemas

Publicado em: 26/09/2024 06:00 | Atualizado em: 25/09/2024 13:04

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Acordar às 6 horas para pegar o ônibus e chegar cedo no trabalho, a biblioteca de uma escola que fica do outro lado da cidade, está se tornando um desafio cada vez maior para Zeca (Renato Novaes). Ele chega a pedir que seu amigo tente despertá-lo da cama de todas as maneiras possíveis, mas nem dessa forma ele se levanta no horário. Após pegar o ônibus tarde e ainda ter a má sorte do veículo quebrar no caminho, acaba descobrindo, através da colega de trabalho Luisa (Grace Passô), que será demitido. A notícia ruim é seguida de uma carona para casa e, no caminho, surge uma conexão maior do que se imaginava.
 
Rodando festivais e sessões especiais pelo Brasil desde sua exibição na 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, onde venceu o Prêmio da Crítica de Melhor Filme Brasileiro, O dia que te conheci acaba de entrar em cartaz nos cinemas e é mais um trabalho fascinante da produtora mineira Filmes de Plástico, que ganhou um destaque ainda maior nos últimos anos com a repercussão de Marte um, escolhido em 2022 como representante para uma vaga no Oscar.
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O diretor André Novais Oliveira já havia colocado no mapa cinematográfico brasileiro o município de Contagem (Região Metropolitana de Belo Horizonte) nos seus dois longas anteriores, Ela volta na quinta e Temporada, mas agora com O dia que te conheci, a estrutura adotada pelo seu roteiro e maneira como ela é transposta para a direção tornam o filme uma descoberta gradual de sua própria natureza narrativa. O que parecia uma história de rotina de Zeca se revela a mais singela, realista e franca das comédias românticas – e a presença cada vez maior de Grace Passô na segunda metade toma conta da tela com a nova energia que o protagonista precisava em sua vida. 
 
Cada dia mais desgarrado do trabalho, o personagem principal encontra um ponto de virada na rotina que não é representado por grandes acontecimentos –  o dia a dia retratado no cinema de André Novais é cheio de silêncios, interações suaves e cenas longas em enquadramentos fixos –, mas por uma construção afetiva formada pelas mais simples das conversas. 
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Em entrevista ao Viver, o diretor, que veio ao Recife com o filme para uma sessão-debate prévia no Cinema da Fundação, comentou sobre as leituras, perguntas e observações que tem ouvido com relação ao seu longa.
 
“Tá rolando uma coisa muito interessante, e aconteceu isso no Recife também, de as pessoas ficarem em peso para o debate, então a gente fica muito feliz. São sempre perguntas bem interessantes, de algumas pessoas que tinham visto o filme pela segunda vez, então legal ver que as pessoas se interessam pela abordagem naturalista, pelos diálogos, pelas atuações”, comentou André. “Às vezes a gente faz um filme e só vai entender e perceber certas coisas sobre ele depois, a partir desse contato com outras visões do entendimento coletivo e da discussão. Estamos rodando com esse em diferentes festivais, sessões e debates desde a Mostra de São Paulo e temos sempre muita curiosidade com relação a essas recepções, mas agora é o momento de ter o desprendimento e deixar o filme chegar aos cinemas do Brasil, onde o público já é diferente daquele que frequenta festivais”, ressaltou o cineasta.
 
"Acho que é um filme que as pessoas vão querer ver mais vezes justamente por conta das coisas que passam despercebidas na primeira vez. E essa é a armadilha, a gente quer isso mesmo, que as pessoas vejam e revejam. A cidade acaba sendo um personagem mesmo dentro da história, o que não é novidade dentro da filmografia da Filmes de Plástico, na verdade. É justamente a apresentação de Contagem para o mundo. É uma espécie de manifesto mesmo quando esses três cineastas (André Novais Oliveira, Gabriel Martins e Maurilio Martins) pegam essas câmeras e filmam esse lugar em que a gente cresceu", destacou ainda o ator e protagonista Renato Novaes, também irmão do diretor.
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