Segurança Pública

Governo de PE pede esclarecimento à empresa que lidera licitação de câmeras de segurança

Autora da menor proposta no novo edital de videomonitoramento, empresa L8 Group SA deve responder sobre informações divergentes das câmeras e apresentar comprovantes de prestação de serviço

Publicado em: 10/09/2024 10:36 | Atualizado em: 10/09/2024 10:54

Câmeras de segurança voltarão a operar no Estado (Ruan Pablo/DP)
Câmeras de segurança voltarão a operar no Estado (Ruan Pablo/DP)

 
A Secretaria de Administração, do governo Raquel Lyra (PSDB), pediu para a empresa L8 Group SA esclarecer uma série de questões sobre a proposta apresentada para operar o parque de 2 mil câmeras de segurança em Pernambuco. O prazo de resposta é esta terça-feira (10/9).

Com o menor lance entre as 17 concorrentes, de R$ 123 milhões, a L8 Group lidera a disputa para implementar o sistema de videomonitoramento no Estado. Conforme mostrou o Diario de Pernambuco, a empresa é conhecida por disputar outras licitações no País e já enfrentou dificuldades em São Paulo, onde foi eliminada ainda na fase de testes, e no Rio de Janeiro, onde respondeu por supostas irregularidades no contrato com a Polícia Militar.

No pedido de diligência, o Governo de Pernambuco solicita que a companhia explique sete aspectos envolvendo sua qualificação técnica e detalhes da proposta apresentada na licitação. A concorrência ainda está na fase de análise de documentos da empresa vencedora do pregão e a próxima sessão, que deve avaliar as informações prestadas, está agendada para quarta-feira (11/9).

Segundo o documento oficial, haveria divergência em informações sobre as câmeras usadas pela empresa, além de dúvidas sobre software e plataforma de monitoramento indicados.
 

Para o governo, por exemplo, ainda não ficou claro qual é o verdadeiro alcance do infravermelho das câmeras. “No datasheet (documento que reúne informações sobre um produto) fornecido pela licitante, a distância informada é de 250 metros, enquanto no documento oficial do fabricante consta 150 metros”, aponta a secretaria.

Na disputa em Pernambuco, a L8 Group apresentou atestado de capacidade técnica, assinado por um representante de outra empresa privada, sobre um sistema de videomonitoramento instalado dentro da sede de uma companhia da Polícia Militar paulista, em Osasco, na Grande São Paulo. A documentação, no entanto, ainda não foi considerada suficiente. 

“Podem ser usados como documentos de comprovação, notas fiscais, contratos, recibos de compra, etc, desde que comprovem para esta comissão técnica que os serviços foram efetuados conforme escritos na documentação enviada”, diz o pedido de esclarecimento, que cobra comprovante dessa prestação de serviço.

Em nota, a empresa afirma ter “dezenas de milhares de câmeras” implantadas no Brasil e diz que vai responder “todo e qualquer questionamento agora e durante a execução  do contrato”. 

“A L8 reafirma o compromisso com o Estado de Pernambuco e a melhor proposta para a administração pública, com uma economia de 100 milhões de reais para a sociedade”, afirma. O valor de referência do edital é de R$ 224 milhões.

Câmeras estão desligadas

O novo edital das câmeras de segurança foi lançado em junho, pela Secretaria de Defesa Social (SDS), e prevê que os equipamentos de vigilância, instalados em vias públicas, tenham programas de inteligência artificial capazes, por exemplo, de rastrear carros e detectar aglomerações.

O sistema de videomonitoramento, que antes era operado pelo Consórcio OI SA, composto pelas empresas Oi e Avantia, está sem funcionar desde dezembro de 2023. Na ocasião, 358 equipamentos do Consórcio OI tiveram que ser desligados pela atual administração pública devido a problemas contratuais – o que deixou Recife, Olinda, Caruaru (Agreste) e Petrolina (Sertão) sem videomonitoramento das polícias.

O estado pagava para o consórcio fazer a operação das câmeras desde 2012 e, na época do desligamento, o contrato já estava vencido há três anos. À época, cada equipamento custava cerca de R$ 9 mil por mês aos cofres públicos, enquanto o valor de mercado para o mesmo serviço era de, em média, R$ 2,4 mil.

A Oi não disputa o novo contrato. Já a Avantia, que responde a contestações na Justiça por outros projetos e nega irregularidades, ofereceu lance de R$ 128.974.987,00 e está em sexto lugar na concorrência.

As outras empresas melhores colocadas na disputa são a Teltex Tecnologia SA (R$ 123.990.000,00), Painel Multiserviços Ltda (R$ 124.974.985,00), Liderança Consultoria e Serviços de Tecnologia e Marketing Ltda (R$ 124.990.000,00) e Interimagem Tecnologia Construção e Energia Ltda (R$ 125.980.000,00).
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