JULGAMENTO

Réus por assassinato em favela, PMs do Bope vão a julgamento nesta quarta

Seis PMs são julgados nesta quarta-feira (18)

Publicado em: 18/09/2024 07:17 | Atualizado em: 18/09/2024 15:27

 (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

Seis policias militares envolvidos em uma ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) que deixou dois mortos na Favela do Detran, no Recife, no ano passado, serão julgados nesta quarta (18). 

 

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) marcou a audiência de instrução e julgamento dos réus.

 

Essa audiência acontece na 1ª Vara do Tribunal do Júri Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra, área central do Recife. 

 

Em novembro de 2023, equipes do Bope entraram na comunidade, na Iputinmga, invadiram uma casa e dois homens foram mortos: Bruno Henrique Vicente da Silva, de 28 anos, e Rhaldney Fernandes da Silva Caluete, de 32 anos. 

 

Participarão da audiência de instrução e julgamento os seguintes PMs:

 

  • Carlos Alberto de Amorim Júnior, 
  • Ítalo José de Lucena Souza, 
  • Josias Andrade Silva Júnior,
  • Brunno Matteus Berto Lacerda,
  • Rafael de Alencar Sampaio 
  • Lucas de Almeida Freire Albuquerque Oliveira. 
Em nota enviada ao Diario de Pernambuco, a Assessoria de Comunicação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (Ascom/TJPE) afirmou que, na ocasião, a previsão do Juízo é de efetuar a ouvida de cinco testemunhas arroladas pelo Ministério Público de Pernambuco, e 13 testemunhas indicadas pela defesa dos réus. Sendo ouvidas todas as testemunhas de acusação e defesa, os réus também serão ouvidos pelo Poder Judiciário.
 

 

Todos estão no Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima.

 

 

Nova audiência

 

Em nota, a assessoria de Comunicação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (Ascom/TJPE) informou que o Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital iniciou, na manhã desta quarta-feira (18), a audiência de instrução do processo que tem como partes os PMs acusados.

Durante a sessão foi realizada a ouvida das cinco testemunhas de acusação, chamadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). 

 

Atendendo ao pedido do MPPE, o Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri decidiu pela continuidade da fase de audiência de instrução do processo. 

 

A nova audiência será realizada no dia 23 de janeiro de 2025, a partir das 9h, na unidade judiciária. Na ocasião, será realizada a ouvida das testemunhas indicadas pela Defesa e também o interrogatório dos réus.

 

 

O crime

 

O crime aconteceu no dia 20 de novembro de 2023. 

 

A princípio, foi informado que integrantes do Bope teriam entrado na comunidade do Detran "em busca de suspeitos de tráfico de drogas". 

 

 A operação começou por volta das 19h30. O alvo seria um homem conhecido como ''gerente'' do tráfico de drogas na comunidade. 

 

Os PMs entraram em uma casa, onde estavam os dois suspeitos. Imagens divulgadas em redes sociais mostram parte dessa operação. 

 

Primeiro, foram retiradas mulheres e crianças da residência. 

 

Os dois homens baleados ainda foram socorridos pela PM e levados para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Caxangá, na mesma região, mas não resistiram aos ferimentos. 

 

Inicialmente, o caso foi registrado como duplo homicídio ''decorrente de operação policial''. 

 

O caso foi enviado para a Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) para apurar a conduta dos policiais envolvidos. 

 

Denúncia

 

A denúncia do MPPE apontou que o PM Carlos Alberto foi o responsável por arrombar a porta de entrada da casa onde estavam os dois homens. 

 

Na sequência, os policiais ordenaram que as mulheres e crianças deixassem o imóvel. 

 

Depois disso, os tiros foram disparados contra as vítimas, que já estavam rendidas e desarmadas. 

 

Por fim, dois corpos enrolados em lençóis são retirados e levados nas viaturas. 

A denúncia do MPPE indicou que os policiais teriam alterado a cena do crime para dificultar o trabalho dos investigadores.

 

O MPPE destacou que Rhaldney possuía antecedentes criminais por receptação. Mas Bruno tinha certidão negativa.

 

Logo após as mortes, os militares do Bope se apresentaram na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, e relataram que os homens foram mortos porque reagiram à abordagem.

 

Os PMs disseram que, na ação, foram apreendidos 527 gramas e mais 28 pequenas porções de maconha, 150 pedras de crack, uma balança de precisão, dois revólveres calibre 38 e 12 munições - sendo nove deflagradas.

 

Eles chegaram a ser liberados após os depoimentos no DHPP. Mas, após análise das imagens da câmera de segurança, a Delegacia de Polícia Judiciária Militar identificou que a versão dos militares não se sustentava e determinou que os PMs fossem autuados em flagrante pelo crime militar de violação de domicílio.

 

Em dezembro de 2023, o grupo também foi denunciado à Vara da Justiça Militar pelos crimes de descumprimento de missão e violação de domicílio. O processo continua em andamento. A próxima audiência está marcada para 20 de agosto. 

 

A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) também apura a conduta dos policiais militares no âmbito administrativo. 

 

Ao final, a depender da gravidade, os acusados podem até ser expulsos da Polícia Militar. 

 

 

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL