OUTUBRO ROSA

Cuidados com os cabelos antes e após tratamento oncológico

Os cabelos representam mais do que a questão estética, afinal é um símbolo da autoestima feminina, do estilo pessoal da mulher e da sua identidade no mundo

Publicado em: 14/10/2024 13:50 | Atualizado em: 14/10/2024 13:55

 (Foto: Freepik)
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Neste mês que assinala a campanha global do Outubro Rosa, para conscientizar a população sobre o câncer de mama e a importância da prevenção da doença, um dos aspectos que causam ansiedade e frustração nas pacientes que se submetem ao tratamento oncológico é a perda de parte ou todo o cabelo como um dos efeitos colaterais.

Os cabelos representam mais do que a questão estética, afinal é um símbolo da autoestima feminina, do estilo pessoal da mulher e da sua identidade no mundo. Os tratamentos, em geral, envolvem medicamentos como a quimioterapia, que impacta nos folículos capilares e pode provocar a perda de todos os pelos do corpo, dependendo da dose. Já a radioterapia em geral traz a perda apenas na área que recebe a radiação.

A cirurgiã-geral, dermatologista e tricologista Joana D`arc Diniz, diretora Sociedade Brasileira do Cabelo e da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, explica que os folículos capilares, estruturas da pele com pequenos vasos sanguíneos que produzem os fios, são algumas das células que mais se multiplicam no corpo. “E como a medicação atinge também as células saudáveis que se multiplicam rápido, em poucas semanas após o tratamento já começa à queda de cabelo”, diz.

Apesar de não haver garantias de que o cabelo não caia durante esse processo, a especialista aponta que existem algumas terapias que podem ajudar a prevenir uma grande perda deles. Entre elas, a técnica da crioterapia capilar, também chamada de scalp cooling, que promove um resfriamento no couro cabeludo antes, durante e depois das sessões, mas é preciso ser indicada e acompanhada pelo médico e realizada desde a primeira sessão. “O resfriamento do couro cabeludo contrai os vasos sanguíneos na região e isso reduz a quantidade de quimioterapia que afeta os bulbos capilares. Resfriar o couro cabeludo a baixas temperaturas induz a vasoconstrição e diminui o metabolismo folicular com redução da absorção do medicamento pelas células do pelo. A técnica ajuda a preservar total ou parcial essas estruturas e os danos da medicação”, afirma a Dra. Diniz.
 
A dermatologista ainda recomenda, sob orientação médica, o uso da loção do minoxidil, que estimula o crescimento dos fios e prolonga a fase anágena, que corresponde à etapa de crescimento do cabelo. Mas, deve ser aplicada no couro cabeludo só ao final do tratamento oncológico. No entanto, não previne a alopecia, uma condição que pode acontecer em pacientes com câncer.
 
Outro recurso são a terapia com Led ou Laser de baixa potência, conhecida como fotobiomodulação. “Sua atuação é por meio de luzes que dilatam os vasos sanguíneos do couro cabeludo, aumenta a entrada de nutrientes nas células capilares e eleva a produção de energia nas células do couro cabeludo. Sua ação acelera o crescimento capilar, porém também precisa ser feita ao final da quimioterapia” indica.
 
Especialista destaca dicas para este período
 
 (Foto: Divulgação)
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Durante o tratamento é importante manter certos cuidados na hora da lavagem, preferencialmente com água morna, e use produtos hipoalergênicos, sem parabenos e sulfatos. A lavagem precisa ser suave assim como na hora de enxugar e pentear, uma vez que o couro cabeludo costuma ficar mais sensível. Além disso, não aplique sprays e cosméticos que relaxam os fios. Evite produtos agressivos, como tinturas, e os aparelhos de secadores, chapinhas e similares. “O calor e o uso de produtos químicos pode ferir o couro cabeludo e enfraquece a estrutura dos fios novos. Então, na fase inicial do crescimento dispense a coloração ou produtos de alisamento enquanto o cabelo ainda estiver muito fino e quebradiço”, complementa a tricologista.
 
A hidratação capilar é aconselhada somente quando os fios começarem a nascer, pois vai ajudar a fortalecer o cabelo e melhorar a textura. Geralmente, o cabelo demora aproximadamente de 2 a 3 meses para voltar a crescer, e é até comum que o novo fio tenha um aspecto diferente do anterior. Entretanto, após um ano, na maioria dos casos, ele retorna a textura antiga.

Invista na alimentação saudável

Uma alimentação saudável fornece todos os nutrientes necessários não só para ajudar no crescimento do cabelo, assim como na recuperação do organismo. Um fator primordial é aumentar o consumo de proteínas, fundamental para estimular o crescimento do cabelo após a quimioterapia. As proteínas são fonte de aminoácidos para a produção de queratina, que uma das principais estruturas do fio de cabelo. É recomendado, por exemplo,  incluir na dieta alimentos ovos, carnes magras, peixes ou leguminosas. Beber bastante água também é importante para manter a hidratação da pele e do couro cabeludo, pois favorece o crescimento do cabelo pós-tratamento. 
 
Já as vitaminas do complexo B, principalmente a vitamina B7, chamada de biotina, é essencial para o crescimento do cabelo porque produz proteínas para o cabelo, como a queratina. A biotina pode ser encontrada, sobretudo no ovo cozido, castanha de caju ou amendoim. Mas, diversas vitaminas são essenciais no crescimento dos fios, como as vitaminas A, C, D e E, que auxiliam a manter a pele e o couro cabeludo saudáveis, fortalece os dos cabelos e, ainda tem um papel vital no sistema imunológico. O ômega-3 ainda nutre os fios e estimula o crescimento do cabelo pós-quimioterapia. Em alguns casos, o oncologista ou o dermatologista podem recomendar o uso desses suplementos. Aposte do mesmo modo em frutas, verduras, leguminosos, alimentos integrais, azeite e grãos como linhaça e chia, além de banir o consumo de alimentos ricos em gordura e os ultraprocessados.

Serviço:
 
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