EXPOSIÇÃO

Duas exposições gratuitas estreiam no Museu de Arte Moderna neste sábado

Museu recebe Spalt-me, maior exposição individual já dedicada à obra da celebrada artista Juliana Notari, e Fanm Fò, com fotografias da artista francesa Adeline Rapon

Publicado em: 18/10/2024 13:37 | Atualizado em: 18/10/2024 14:09

Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães é um equipamento da Prefeitura do Recife (Foto: Andréa Rêgo Barros/Arquivo PCR)
Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães é um equipamento da Prefeitura do Recife (Foto: Andréa Rêgo Barros/Arquivo PCR)
Celebrando 20 anos de uma robusta produção artística, que abriu fendas profundas nas discussões sobre estética e gênero nas artes visuais pernambucanas e brasileiras, Juliana Notari entra em cartaz no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), equipamento da Prefeitura do Recife, administrado pela Fundação de Cultura Cidade do Recife. A exposição Spalt-me, a maior já dedicada à obra da artista, tem curadoria de Clarissa Diniz e abre ao público no sábado (19), às 15h, encerrando, finalmente, um hiato de oito anos desde a última mostra da criadora na cidade.  

Também na tarde do sábado, no mesmo MAMAM, entra em cartaz a exposição Fanm Fò, reunindo uma coleção de 13 fotografias da artista francesa Adeline Rapon, com curadoria e produção da Aliança Francesa. 

Spalt-me
O título da mostra deriva de um dos trabalhos em exibição, a série Spalt-me, iniciada em 2009, que reúne fotografias de paisagens diversas nas quais surge uma grande fenda vermelha. Para nomear esse trabalho, a artista Juliana Notari se apropriou do verbo da língua alemã "spalten" que, de modo semelhante ao inglês "to spalt", indica a ação de abrir uma fissura, de separar, de rachar. A ideia da série e da mostra é abrir fendas que levem à compreensão da poética de Juliana e das questões sociais que ela denuncia.
 
Juliana Notari também é autora de ''Diva'', escultura localizada na Usina de Arte (Foto: Divulgação)
Juliana Notari também é autora de ''Diva'', escultura localizada na Usina de Arte (Foto: Divulgação)
 
"Acompanhado da partícula 'me', spalt torna-se um neologismo de caráter reflexivo, uma convocação à ideia de abrir uma fresta em seu próprio corpo, seja ele humano, arquitetônico, histórico, semântico. Spalt-me é, por isso, a imagem que, oriunda do corpo poético de Notari, se torna um convite a percorrermos as diversas fendas de sua vasta produção", explica a curadora, Clarissa Diniz.

A exposição foi organizada em núcleos, que expõem questões centrais dentro da sua poética: corpo, ferida, gênero, carnalidade, tempo, violência, sexualidade, historicidade, linguagem, trauma, paisagem. "Clarissa acompanha meu trabalho há muitos anos, então ela trouxe essa proposta de dividir a mostra em núcleos diferentes, que abordam o meu olhar para o corpo (inclusive meus projetos em torno dos cabelos), a urbanidade, a alimentação, o risco e o cuidado. A exposição ressalta a centralidade das feridas sociais, dos traumas ligados à urbanidade e à modernidade: uma crítica ao capitalismo falocêntrico e patriarcal. Tudo isso está na exposição", resume a artista.

Interlocutoras há mais de dez anos, Juliana Notari e Clarissa Diniz propuseram, na exposição, um olhar ao mesmo tempo retrospectivo e prospectivo: "Fazemos o gesto artístico e curatorial de buscar uma obra antiga e jogá-la para o futuro, repensá-la, atualizá-la desde o agora", resume a curadora. Exemplos dessa proposição são as obras Parlamento Europeu (2022-2024), Janta (2001-2024) e Spalt-me (2009-2024), que intitula a exposição.

Spalt-me ficará em cartaz até 11 de dezembro de 2024. A exposição é acessível e contará com ações educativas. A mostra tem apoio do Funcultura e da Lei Rouanet e patrocínio do Banco do Nordeste.

Fanm Fò
A mostra reúne 13 fotografias da artista francesa Adeline Rapon, fotógrafa de origem martinicana, que traz um olhar decolonial sobre as representações das mulheres da Martinica. Como sujeito de sua própria herança, ela explora as facetas de sua identidade antilhana e convida o público a voltar seu olhar às mulheres desconhecidas ou pouco conhecidas da história das Antilhas.

Em 2020, a artista exibiu sua série Fanm Fò na Martinica, depois em 2021 em Paris. Em 2022, sua série Renaissance foi exibida na galeria Fabrique Contemporaine e no café Chez Mona, entre diversos outros feitos artísticos. A mostra, que tem curadoria e produção da Aliança Francesa, fica em cartaz no MAMAM até o próximo dia 1º de dezembro. 

O MAMAM (@mamamrecife) fica na Rua da Aurora, 265, Boa Vista. Visitação de quarta a sexta-feira, das 10h às 17h, e aos sábados e domingos, das 10h às 16h. Acesso gratuito.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL