GUERRA

Missão da ONU no Líbano é alvo de tensão entre Israel e aliados

A França recusou o apelo de Netanyahu

Publicado em: 14/10/2024 11:08 | Atualizado em: 14/10/2024 12:55

Paramédicos da Cruz Vermelha Libanesa transportam um corpo desenterrado dos escombros no local de um ataque aéreo israelense que teve como alvo o norte do Líbano (Crédito: Fathi AL-MASRI / AFP)
Paramédicos da Cruz Vermelha Libanesa transportam um corpo desenterrado dos escombros no local de um ataque aéreo israelense que teve como alvo o norte do Líbano (Crédito: Fathi AL-MASRI / AFP)

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, para retirar a missão de paz da organização (UNIFIL) do sul do Líbano, o que tem provocado diversas críticas de aliados de Tel Aviv. 

Por sua vez, as incursões do exército de Israel na região já resultaram no ferimento de cinco soldados e no domingo a missão acusou as forças israelenses de invadirem uma posição sua. A missão da ONU ainda se queixou de nova violação do direito internacional, ao denunciar a invasão de um posto, durante a madrugada, de dois tanques de guerra israelenses. 

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, expressou ao ministro da defesa israelense, Yoav Gallant, “profunda preocupação” com os relatos dos disparos contra os capacetes azuis. A missão diplomática polonesa na ONU defendeu o respeito e a segurança da UNIFIL que foi assinada por outros 40 países participantes. 

A França também recusou o apelo de Netanyahu e afirmou que a proteção das forças de paz é uma obrigação de todas as partes. 

A primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, país que tem um contingente de 1068 militares no sul do Líbano, criticou Netanyahu e disse que é inaceitável a UNIFIL ser alvo de ataques das forças israelenses. “É absolutamente necessário garantir a segurança do pessoal das Nações Unidas”, declarou. O papa Francisco fez coro e apelou para que as forças de paz das Nações Unidas sejam respeitadas.

Enquanto isso, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez pediu aos outros membros da União Europeia que respondam ao pedido de Madrid e da Irlanda para suspender o acordo de comércio livre com Israel devido às suas ações no Líbano e na Faixa de Gaza. A Espanha e a Irlanda estão há meses em conversações com outros países da UE que querem uma revisão do Acordo de Associação UE-Israel, com base no fato do governo de Tel Aviv estar violando a cláusula de direitos humanos do acordo. 

“É tempo de retirar a UNIFIL dos bastiões e das zonas de combate do Hezbollah. A recusa em retirar as forças da UNIFIL torna os seus membros reféns do Hezbollah e também põe em perigo a vida dos nossos soldados. Israel vai fazer todos os esforços para evitar baixas na UNIFIL e vai fazer o que for preciso para ganhar a guerra. Infelizmente, vários líderes europeus estão exercendo a pressão na direção errada. Em vez de criticarem Israel, que está lutando na linha da frente pela civilização, deveriam dirigir as suas críticas ao Hezbollah e aos seus patrocinadores iranianos, que estão usando a UNIFIL como escudos humanos”, respondeu Netanyahu na rede social X. 

O ministro da Energia de Israel, Eli Cohen, considera que as forças da UNIFIL não têm contribuído em nada para manter a estabilidade e a segurança na região, servindo antes como escudo para o grupo xiita libanês Hezbollahh.
 
Cohen também apelou à retirada da UNIFIL das regiões em conflito: "Secretário-Geral da ONU, Guterres, é tempo de responder ao pedido que lhe foi dirigido, retirar a UNIFIL das zonas de conflito e deixar de fazer o jogo do Irã", afirmou o ministro na rede social X.
 
O que é a UNIFIL?

A Força Interina das Nações Unidas no Líbano foi criada em 1978 e tem como missões confirmar a retirada das forças israelenses do sul do Líbano; restabelecer a paz e a segurança internacionais; e ajudar Beirute a restaurar a autoridade na região. Em 2006, o mandato foi expandido, e prevê colaborar com o exército libanês em particular para impedir a presença de outras forças armadas. Liderada pelo tenente-general espanhol Aroldo Lázaro Sáenz, a missão é assegurada por 10 mil capacetes azuis e 800 civis de 50 países. Os maiores contingentes militares são da Indonésia, Itália e Índia. Cabe ao governo libanês pedir anualmente a renovação do mandato, sendo este aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU.
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