MINISTÉRIO PÚBLICO

Caso Maria Clara: MPPE adita denúncia e acusa PM de provocar aborto de jovem assassinada

Preso preventivamente, o soldado João Gabriel já é réu pelo feminicídio de Maria Clara e também é investigado pelo suposto estupro de outra mulher

Publicado em: 22/10/2024 15:01 | Atualizado em: 22/10/2024 15:15

João Gabriel está preso preventivamente pela morte de Maria Clara (Reprodução)
João Gabriel está preso preventivamente pela morte de Maria Clara (Reprodução)

 
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) aditou a denúncia para acusar o soldado da Polícia Militar João Gabriel Tenório Ferreira, conhecido como Padre, de 25 anos, pelo crime de aborto provocado por terceiro. O agente está preso preventivamente por feminicídio e alega inocência.

João Gabriel já é réu pelo assassinato da ex-namorada Maria Clara Adolfo de Souza, de 21 anos, que estava grávida e foi morta a tiros em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. O crime aconteceu na noite de 24 de julho de 2024.

No aditamento, oferecido na sexta-feira (18), a promotora Fabiana de Souza Silva afirma que a gravidez da vítima ficou comprovada por perícia e o crime de aborto provocado não havia sido incluído na primeira denúncia.

Segundo o documento, Maria Clara estava com 16 a 18 semanas de gestação. A criança se chamaria Aurora, de acordo com publicações em redes sociais de familiares da jovem.

“A gestação da vítima era do conhecimento do denunciado João Gabriel Tenório Ferreira, que, inclusive, tentou convencê-la a realizar um aborto, uma vez que mantinha outro relacionamento amoroso e estava noivo”, registrou a promotora.

Apontado pelo MPPE como comparsa do PM no feminicídio, o réu Eduardo Oliveira da Silva, o Toupeira, de 22 anos, também foi acusado de provocar o aborto da jovem – crime que tem pena máxima prevista de 10 anos de prisão.


Feminicídio

Segundo o MPPE, João Gabriel matou Maria Clara, na calçada da Rua Belo Jardim, no bairro Socorro, por ela se recusar a fazer aborto. O PM estava noivo de outra mulher.

Na ocasião, a vítima foi baleada por um atirador que chegou ao local em uma moto, que era conduzida por outro homem. Para a acusação, o assassinato foi cometido por motivo fútil, sem chance de defesa da vítima e por razões de gênero.

A arma usada no crime havia sido emprestada por outra policial – que alega ter sido enganada pelo colega de farda.

A investigação descobriu, ainda, que o PM teria tentado envenenar a jovem antes de assassiná-la a tiros. Para isso, o réu misturou “chumbinho” em um pote de açaí, de acordo com a denúncia.

Na semana passada, o Diario de Pernambuco também revelou que o PM é investigado pelo estupro de outra mulher. A vítima denunciou o policial após a repercussão do caso de feminicídio.

A reportagem procurou a defesa do PM, nesta terça-feira (22), e aguarda resposta. Na semana passada, os advogados do réu usaram as redes sociais para divulgar uma nota pública em que rebate a denúncia de feminicídio. 

“O réu João Gabriel Tenório Ferreira, soldado da Polícia Militar de Pernambuco, possui uma trajetória marcada pela dedicação e compromisso com a segurança pública e, neste momento, enfrenta uma grave acusação de homicídio qualificado”, diz a nota.

“Estamos certos de que, com uma análise minuciosa, equilibrada e sob o crivo do contraditório, ficará provado que a denúncia oferecida pelo Ministério Público de Pernambuco, em 26/09/2024, mais parece uma colcha de retalhos, com evidente excesso acusatório promovido pelo MP”.


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