RELATÓRIO

Organização Meteorológica Mundial assinala recorde dos gases de efeito estufa

Os níveis de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) voltaram a crescer em 2023

Publicado em: 28/10/2024 15:36


A OMM também atentou para o risco do aumento das concentrações dos gases, que causam o aquecimento global, se tornar mais intenso (foto: AFP)
A OMM também atentou para o risco do aumento das concentrações dos gases, que causam o aquecimento global, se tornar mais intenso (foto: AFP)

De acordo com o relatório divulgado nesta segunda-feira (28) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), a agência para o ambiente da Organização das Nações Unidas, as concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera atingiram novos recordes no ano passado, o que determina que o planeta terá muitos anos de elevação das temperaturas.

Os níveis dos três principais gases com efeito de estufa que contribuem para o aquecimento global, dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O),  voltaram a crescer em 2023. 

 

“O CO2 está se acumulando mais rapidamente do que nunca na atmosfera, aumentando mais de 10% em duas décadas, sendo que o dióxido de carbono contribui para 64% do aquecimento global e provém, sobretudo, da queima de combustíveis fósseis. Mais um ano. Mais um recorde. Isto deveria fazer soar o alarme entre os dirigentes políticos. Estamos claramente atrasados em relação ao objetivo estabelecido no Acordo de Paris sobre o Clima de 2015", afirmou Celeste Saulo, Secretária-Geral da OMM. 

 

Em 2015, os países concordaram em limitar o aquecimento global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, e até a 1,5°C, se possível. No entanto, os investigadores mostram uma realidade oposta.

 

“Em 2023, as temperaturas globais na terra e no mar já foram as mais altas de que se tem registro, com os níveis de dióxido de carbono a registrarem um aumento de 151% em relação aos níveis pré-industriais, ou seja, antes de 1750”, indica o documento da OMM.

 

O relatório ainda aponta que foram também medidas 1.934 partes por bilhões de metano e 336,9 partes por bilhões de óxido nitroso, os outros dois gases responsáveis pelo aquecimento global, com níveis que representam um aumento de 265% e 125%, respectivamente, em relação à era pré-industrial.

 

“Enquanto as emissões persistirem, os gases com efeito de estufa continuarão a se acumular na atmosfera, aumentando as temperaturas”, alertou a Organização Meteorológica Mundial, que divulga o seu relatório duas semanas antes da próxima cúpula da ONU sobre o clima (CIP29), que será realizada entre os dias 11 e 22 de novembro em Baku, no Azerbaijão.

 

O relatório reforça que a última vez que a Terra teve uma concentração de dióxido de carbono comparável à atual foi entre três e cinco milhões de anos atrás, quando a temperatura era dois a três graus mais quente e o nível do mar era 10 a 20 centímetros mais alto do que é atualmente. A OMM advertiu que, mesmo que as emissões fossem rapidamente reduzidas à zero, isto é, atenuadas por fenômenos de absorção como as florestas, seriam necessárias décadas para o clima da Terra voltar reduzir os níveis atuais de temperatura, devido à longa permanência do CO2 na atmosfera.

 

A OMM também atentou para o risco do aumento das concentrações dos gases, que causam o aquecimento global, se tornar mais intenso. "Os incêndios florestais podem libertar mais emissões de carbono para a atmosfera, enquanto o aumento da temperatura dos oceanos pode reduzir a sua capacidade de absorção de CO2, o que pode levar a uma maior acumulação de CO2 na atmosfera e acelerar mais o aquecimento global", garantiu Ko Barrett, secretário-geral adjunto da OMM.

 

Os especialistas climáticos explicam que um pouco menos de metade das emissões de dióxido de carbono permanece na atmosfera, o oceano absorve cerca de um quarto e os ecossistemas terrestres cerca de 30%, embora estas percentagens variem devido aos fenômenos como o La Niña ou o El Niño.


MAIS NOTÍCIAS DO CANAL