CARROS ELÉTRICOS

Os elétricos vão vingar no Brasil?

Crescimento das vendas de veículos elétricos no Brasil esbarra na falta de pontos de carregamento e no aumento da carga tributária sobre o segmento

Publicado em: 05/10/2024 16:58

 (Foto: Divulgação/BYD)
Foto: Divulgação/BYD

 

Nos últimos anos, a entrada de carros elétricos no mercado automobilístico brasileiro têm se intensificado. Veículos de empresas estrangeiras, como BYD, GWM, Peugeot e Volvo,por exemplo, começam a ser vistos nas ruas com mais frequência. 

 

Apesar de pagar mais caro para ter um elétrico, os motoristas enxergam a economia a longo prazo, gastando menos para o abastecimento do veículo. É o caso do motorista de aplicativo Marcos Freitas. Em entrevista ao DP Auto, Marcos conta que economiza mais de R$ 2 mil reais por mês. Ele explicou que faz o carregamento nos estacionamentos de shoppings e, para isso, gasta entre R$ 18 e R$ 20 em taxa por carga.

 

Antes, ele tinha T-Cross, SUV da Volkswagen. Agora, ele tem um Dolphin Mini, da BYD. “A minha estimativa mensal de gasto com carga dele gira entre 450 e 500 reais. O T-Cross que eu tinha na combustão gastava 3 mil reais por mês praticamente”, disse Marcos.

 

A economia de combustível também foi um dos pontos que fez Aline Diniz, médica de 44 anos, investir em um elétrico. Dona de um XC 40, da Volvo, Aline trabalha no interior de Pernambuco e, por isso, passa muito tempo na estrada. Assim como Marcos, os custos também ultrapassavam a faixa de R$ 3 mil.

 

O carregamento dela, por outro lado, é feito na própria garagem. Aline contou que fez o investimento de colocar um carregador em casa. “Fiz o investimento em um carregador rápido de 22 khw, custo médio de R$ 10.000, entre aparelho e instalação. Gasto, em média, por mês R$ 200,00 com taxas da Neoenergia, pois eu investi em energia solar.”, explica Aline.

 

No estado de Pernambuco outro incentivo é a isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para os carros 100% elétricos. Em 2024, a alíquota do IPVA de Pernambuco é de 2,4% do valor do veículo. Pegando como exemplo um carro que tem valor de R$ 50 mil na tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a taxa do IPVA desse carro custaria R$ 1.200, frente ao imposto zero do elétrico.

 

OBSTÁCULOS

 

Mesmo com as vantagens apontadas pelos donos desses veículos, para os 100% elétricos chegarem de vez ao mercado brasileiro, estações de carga mais acessíveis ainda são um obstáculo. “Ainda é uma barreira que a gente tem que ultrapassar. Aos poucos, a gente tá ultrapassando. Hoje é comum nesses restaurantes de beira de estrada ter um ou dois carregadores disponíveis. Então acho que, com esse aumento de frota, aos poucos os lugares vão se adequando para atender essa demanda do mercado”, explica o Supervisor de Marketing Produto da BYD, Nathan Baranauskas.

 

Apesar do crescimento desse mercado, desde 1º de julho de 2024 o imposto sobre a compra do carro elétrico importado subiu de 10% para 18%. Em 2025, a taxa sobe para 25%, e a partir de julho de 2026, 35%.

 

 

Apesar de a indústria estar em crescimento no Brasil, desde 1º de julho de 2024, o imposto sobre a compra do carro elétrico importado subiu de 10% para 18%. Em 2025, a taxa sobe para 25%; e 35% a partir de julho de 2026. 

 

Para Ricardo Bastos, diretor de Assuntos Institucionais da GWM Brasil, esse é um fator que pode atrasar o crescimento da indústria. “Sem dúvida o imposto de importação impactou no crescimento das vendas. A projeção de crescimento deste ano, superior a 60%, é importante e poderia ser ainda melhor, se tivéssemos a manutenção da tributação do ano passado.

 

 

VIAGENS DE LONGA DISTÂNCIA

 

Na hora de comprar um elétrico, um dos pontos que os consumidores mais observam é a autonomia. Dependendo do valor do carro, a quilometragem que o carro pode fazer em uma carga varia entre 150 km, para os veículos de entrada, e 500 km para os mais caros.

 

Para Marcos Freitas, ainda não é viável ter um carro 100% elétrico no Brasil.

 

“Hoje em dia eu não acho viável, não, justamente devido aos poucos pontos de carregamento. Mas num futuro bem próximo aumentando os pontos de carregamento e quem tiver o carro elétrico conseguindo instalar o seu carregador em casa, deve ser mais viável”, opina Marcos. 

 

Já Aline, por exemplo, conta que não enfrentou dificuldades mesmo para viagens longas. 

 

“Na verdade, ainda não identifiquei nenhuma dificuldade para mim no momento.  Fiz algumas viagens mais longas, interestaduais. O que precisa ser feito é programar a viagem e observar os pontos de carregamento elétrico no caminho. É necessário observar que o mercado de eletropostos está crescendo. Isso ajuda muito na hora de escolher um veículo totalmente elétrico”, avaliou Aline. 

 

BENEFÍCIOS AO PLANETA 

 

Em média, um carro movido a gasolina pode emitir 10 kg e 25 kg de Gás Carbônico (CO2) a cada 100 km rodados. Um carro que roda 20 km por dia (7.3 mil quilômetros ao ano) pode emitir 1.260 kg. 

 

Em comparação, um carro 100% elétrico (BEV) com energia brasileira emite cerca 21,45 kg de CO2eq.

 

A maior produção de Gás Carbônico feita por um carro elétrico é durante sua fase de produção, devido ao uso de baterias de Lítio, responsável por mais de um terço da sua emissão de CO2 durante a vida útil do veículo.

 

 

 

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