Trânsito
Áreas de redesenho urbano reduzem em 37,7% índice de sinistros de trânsito com vítimas no Recife, diz estudo
Desenvolvido pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Vital Strategies e CTTU, documento foi apresentado, nesta quinta (7), no Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes (Anpet), em Florianópolis (SC).
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 07/11/2024 14:03 | Atualizado em: 07/11/2024 14:12
Foto: Intervenções urbanas ajudam a deixar trânsito menos violento |
O trânsito do Recife foi objeto de uma pesquisa apresentada, nesta quinta (7), no 38º Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes (Anpet), realizado em Florianópolis (SC).
Ao analisar os dados de sinistros de trânsito com vítimas, antes e depois da implantação de redesenhos urbanos da capital pernambucana, foi concluído que essas intervenções foram responsáveis por reduzir, em média, 37,7% o índice dessas ocorrências.
O trabalho foi desenvolvido por especialistas da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pela Vital Strategies, parceira da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS), com apoio da Autarquia de Trânsito e Transportes do Recife (CTTU).
Ao todo, foram analisadas 13 áreas da cidade.
A Praça General Carlos Pinto, em Santo Amaro, na área central, chegou a reduzir em 50% o número de sinistros.
Em Setúbal, em Boa Viagem, na Zona Sul, a intervenção provocou uma queda de 58% o número de sinistros com vítimas.
Em média, o índice de ocorrências reduziu em 37,7% o número de sinistros com vítimas, nas áreas contempladas.
Avaliação
"A CTTU vem fortalecendo as equipes de gestão de dados e a sua integração com as diversas áreas, o que só faz aumentar a segurança viária. No caso da engenharia de trânsito, conseguimos ter ações mais certeiras em locais com grande índice de sinistros para reduzir as mortes e os ferimentos e aumentar os impactos das ações", destaca a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
"A metodologia adotada nesta análise isolou o efeito da intervenção e avaliar sua significância estatística. Portanto, os resultados mostram haver evidências estatísticas suficientes de que a implantação do urbanismo tático reduziu os sinistros com vítimas lesionadas", destacou Caio Torres, doutor em engenharia de transportes pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do projeto.
Comportamento
Além da observação dos dados de sinistros de trânsito nesta pesquisa, a CTTU faz análises sobre o comportamento dos condutores no Recife para reduzir os sinistros de trânsito, a partir dos seus fatores de risco.
Em pesquisas observacionais realizadas na cidade, destaca-se que 35% dos usuários de motocicletas transitam acima dos limites de velocidade.
Entre os carros comuns, 21% dos motoristas excedem os limites de velocidade.
A partir dessas informações, a CTTU realiza intervenções de engenharia, fiscalização, educação e comunicação.
Intervenções
Em intervenções como a de Jardim Monte Verde, no Ibura, houve uma redução de 50% dos veículos excedendo a velocidade de 30km/h na ladeira.
Antes: 47% dos veículos trafegavam acima de 30km/h.
Depois da intervenção urbana, 23,4%. Antes da intervenção, 92,7% das pessoas estavam se locomovendo pelo leito viário.
Em seguida, houve uma redução de 98% e não foram observadas mais crianças andando na via.
Na Rua Othon Paraíso, no Torreão, na Zona Norte, 79,6% dos veículos excediam a velocidade de 30 km/h antes do projeto.
Depois, esse número caiu para 22,3%, decréscimo de 72%o. Sendo assim, as equipes de gestão de dados identificam as informações de sinistros e os fatores de risco para diminuir.
Urbanismo tático
Ao todo, o recife já tem 50 áreas de urbanismo tático.
Muitas delas já se tornaram permanentes, como é o caso do Rosarinho, da Rua do Hospício, da Avenida Conde da Boa Vista e da Avenida Governador Agamenon Magalhães.
Pedestres
Os números demonstram não apenas a redução de sinistros, mas a redução de fatores de risco, como os de pessoas andando no leito viário.
No Largo Dom Luiz, na Zona Norte do Recife, 43% dos pedestres andavam no leito viário antes da intervenção, depois, esse número reduziu para 0,6%. Além disso, a distância entre as travessias diminuiu 60%.
Antes, os pedestres precisavam andar 26 metros; agora, apenas 11 metros. Já na Rua da Palma, na área central, houve uma redução de 75% dos pedestres caminhando no leito viário. Agora, não há mais crianças sendo carregadas ou andando no leito viário. Antes, 9,6% das crianças andavam ou eram carregadas no leito viário.
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