GUERRA NA UCRÂNIA

EUA e Reino Unido condenam retórica de Putin sobre armas nucleares na guerra

O presidente russo assinou um decreto nesta terça-feira (19) que expande a probabilidade de usar armas nucleares

Publicado em: 19/11/2024 17:47 | Atualizado em: 19/11/2024 17:56

Presidente russo, Vladimir Putin (foto: AFP PHOTO / POOL / Anatoly Maltsev)
Presidente russo, Vladimir Putin (foto: AFP PHOTO / POOL / Anatoly Maltsev)

O governo dos Estados Unidos condenou hoje o que chamou de retórica irresponsável do presidente russo, Vladimir Putin, após ter feito a revisão da sua doutrina nuclear, na qual ampliou a possibilidade do uso de armas atômicas na guerra da Ucrânia. No entanto, a Casa Branca garantiu que isso não exige uma revisão do preceito norte-americano. "Esta é mais uma demonstração da retórica irresponsável que a Rússia tem demonstrado nos últimos dois anos", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

 

O primeiro-ministro do Reino Unido Keir Starmer também seguiu o mesmo tom dos EUA. "Há uma retórica irresponsável vinda da Rússia e isso não nos vai dissuadir de apoiar a Ucrânia", declarou após a cúpula do G20, no Rio de Janeiro. Starmer ainda reiterou a mensagem de que é necessário assegurar que Kiev tenha o que é necessário para acabar com esta guerra. "Putin é o autor do seu próprio exílio e, no dia mil da guerra ilegal russa, volto a dizer: acabem com a guerra, saiam da Ucrânia", disse o primeiro-ministro britânico, se referindo a ausência de Putin no evento.

 

O presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto nesta terça-feira (19) que expande a probabilidade de usar armas nucleares, após os EUA terem autorizado Kiev a atacar solo russo com mísseis de longo alcance fornecidos por Washington. O documento de planejamento estratégico do Kremlin inclui a posição oficial sobre a dissuasão nuclear, define os perigos e ameaças militares contra os quais se pode atuar com dissuasão nuclear e garante uma resposta à agressão de um potencial inimigo contra a Rússia ou contra os seus aliados.

 

Putin já tinha alertado em setembro que Moscou poderia usar armas nucleares no caso de um lançamento massivo de ataques aéreos contra o país e que qualquer ofensiva por uma nação não nuclear, como a Ucrânia, mas apoiado por uma potência com armas atômicas, como os EUA, poderia ser considerado uma agressão conjunta, exigindo potencialmente o uso de armas nucleares.

 

Por outro lado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, defendeu hoje que chegou o momento da Alemanha também autorizar o uso de suas armas em território russo, assim como os norte-americanos. "Penso que, depois destas declarações de Putin sobre armas nucleares, é o momento da Alemanha apoiar as decisões corretas", afirmou Zelensky, acrescentando que trabalha com os outros parceiros para que estes se juntem à medida adotada pelos EUA. 

 

Zelensky, além disso, confirmou que detém os mísseis e que já os usou, como anunciou o Ministério da Defesa russo. O líder ucraniano insiste que só a permissão para a Ucrânia disparar contra alvos militares e logísticos em território russo é que as capacidades das forças armadas da Rússia podem ser prejudicadas. “Putin está concentrado na vitória. Ele não vai parar por si próprio. Quanto mais tempo tiver, mais as condições se deterioram”, disse.

 

O Parlamento Europeu promoveu hoje, em Bruxelas, uma sessão especial para demonstrar apoio comunitário à Ucrânia quando se assinala os mil dias de guerra causada pela invasão russa. Zelensky em seu discurso por videoconferência indicou que o número de tropas norte-coreanas a serviço dos russos pode crescer até 100 mil efetivos.  “Sem certos fatores-chave, a Rússia não terá motivação real para se envolver em negociações significativas. Sabem muito bem que Putin não dá valor a pessoas ou regras. Só dá valor ao dinheiro e ao poder. E são estas coisas que temos de lhe tirar para restaurar a paz", sublinhou. 


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