EUA

Kamala ataca ''fala ofensiva'' de Trump sobre mulheres

Democrata critica rival por afirmar que protegerá as mulheres, ''quer elas gostem ou não'', e acusa o republicano de pretender punir as americanas por suas escolhas. Candidatos cortejam latinos

Publicado em: 01/11/2024 08:15

A imagem de Kamala Harris é vista na cúpula de LED da Esfera, arena de música e entretenimento em Las Vegas  (Crédito: Ernesto Benavides/AFP)
A imagem de Kamala Harris é vista na cúpula de LED da Esfera, arena de música e entretenimento em Las Vegas (Crédito: Ernesto Benavides/AFP)

Defensora do direito de as norte-americanas fazerem escolhas sobre o próprio corpo, inclusive de tomarem a decisão de abortarem, Kamala Harris atacou o rival Donald Trump por declarações que considerou "muito ofensivas" sobre as mulheres. Durante comício em Green Bay, no estado de Wisconsin, na noite de quarta-feira (30/10), o magnata republicano prometeu proteger as mulheres, "quer elas gostem ou não". "Eu quero proteger as mulheres do nosso país. (...) Eu vou proteger as mulheres, quer elas gostem ou não. Eu vou protegê-las dos migrantes que chegam, dos países que querem nos atingir com mísseis, e de muitas outras coisas", afirmou Trump.

 

De acordo com Kamala, os comentários de Trump são "ofensivos para todos os americanos". "São muito ofensivos para as mulheres, pois ele (Trump) não entende o poder que elas têm", sublinhou. Em Madison, (Wisconsin), onde teve compromissos de campanha, Kamala comentou a retórica do republicano, ao ser abordada por jornalistas. "Acho muito ofensivas (as declarações de Trump) para as mulheres, em termos de ele não entender a autonomia delas, a autoridade, o direito e a capacidade de tomarem decisões sobre as próprias vidas, incluindo seus corpos", afirmou. "Esta é apenas a mais recente de uma série de revelações do ex-presidente sobre como ele pensa sobre as mulheres e sua autonomia, de achar que as mulheres devem ser punidas por suas escolhas."

 

A democrata acusou o adversário de criar uma situação na qual uma em três mulheres vive em um estado onde ele proibiu o aborto ou que tenha restrições legais sobre o direito que elas deveriam ter de tomar decisões sobre o próprio corpo. 

 

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Mais tarde, no comício em Phoenix (Arizona), Kamala tornou a criticar o republicano. "Todos ouviram o que ele disse ontem (quarta-feira), que fará o que quiser, quer as mulheres gostem ou não?", perguntou aos simpatizantes. "Há um ditado que diz que você tem que ouvir as pessoas quando elas dizem quem são. Ele (Trump) não acredita que as mulheres devam ter autonomia e autoridade para tomar decisões sobre seus próprios corpos", ressaltou. Kamala afirmou, ainda, que o rival não respeita a liberdade ou a inteligência das mulheres para saber o que é do interesse delas. 

 

Mary Ziegler, professora de direito da Universidade da Califórnia, Davis, e especialista em políticas reprodutivas, disse ao Correio não ter certeza sobre o que Trump quis dizer com a fala sobre a proteção às americanas. "Presumo que ele quis dizer que saberá o que é melhor para as mulheres do que as próprias eleitoras saberão — e que as suas políticas nas fronteiras ou tarifárias as beneficiarão", avaliou. "Pela fala de Trump, existe claramente uma suposição de que as mulheres precisam de proteção e não de poder para si mesmas."

 

De acordo com Ziegler, o ex-presidente republicano tem se mostrado bastante vago sobre a questão do aborto. "No entanto, sua posição em geral tem sido a de que todos adoram o que ele faz sobre o aborto, e que as mulheres irão se beneficiar das políticas de seu governo", observou. "Essas declarações nem sempre estão alinhadas com os fatos e posicionam as mulheres como pessoas muito fracas para se protegerem."

 

Migração

A cinco dias das eleições, Trump e Kamala priorizaram a crise migratória em seus compromissos de campanha. O republicano visitou Albuquerque, no Novo México, e tentou se retratar de declarações feitas pelo humorista Tony Hinchcliffe, em que comparou Porto Rico a uma ilha flutuante de lixo. "Amo os hispânicos. São muito trabalhadores e empreendedores, e são grandes pessoas. E são carinhosos, às vezes carinhosos demais para dizer a verdade", declarou Trump.

 

As mais recentes pesquisas mostram que Kamala vencerá no Novo México. No entanto, o magnata tornou a atacar os estrangeiros não documentados. "Os migrantes ilegais que chegam a este país matam gente todos os dias" e "estão desatando uma violenta onda de assassinatos por todos os Estados Unidos", afirmou em Albuquerque, sem provas. No comício, ele silenciou em relação à fala sobre as mulheres. No fim da tarde, ele desembarcou em Henderson, no estado de Nevada, e fez um comício no qual atacou a adversária. "Ninguém sabe quem é Kamala Harris", ironizou.

 

 

Donald Trump chega ao comício de campanha no Aeroporto Internacional de Albuquerque, no Novo México (Créditos: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP)
Donald Trump chega ao comício de campanha no Aeroporto Internacional de Albuquerque, no Novo México (Créditos: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP)

 

 

"O 5 de Novembro será o dia da libertação dos Estados Unidos", ressaltou, ao avisar que levará adiante o maior programa de deportação em massa da história dos Estados Unidos. Uma promessa que Trump tem feito em todos os comícios, nas últimas semanas. O republicano responsabilizou Kamala pela crise migratória e pela entrada de "criminosos" nos Estados Unidos. "Nós queremos que as pessoas entrem legalmente, não queremos assassinos nem traficantes de drogas", declarou, ao equiparar os estrangeiros não documentados a marginais.

 

Trump cedeu o púlpito aos pais de Nicholas Douglas Quets, um fuzileiro naval assassinado em uma rodovia do México, supostamente por integrantes de um cartel do narcotráfico. Ambos agradeceram ao ex-presidente pela visibilidade do caso. O magnata disse que, depois de expulsar os ilegais do país, trabalhará pelo crescimento da economia norte-americana.

 

Pesquisas

Por sua vez, Kamala visitou, ainda, Las Vegas, também em Nevada, e fez comício com a participação da cantora Jennifer López e da banda mexicana Maná. Antes, em Phoenix (Arizona), ela contou com a apresentação de Los Tigres del Norte, uma banda muito popular entre os mexicanos. Historicamente, os latinos votam em peso nos democratas. Uma pesquisa do The New York Times/Siena, que se centrou nessa parcela da população, mostra que Kamala tem 52% das intenções de votos frente a 42% para Trump.

 

Duas sondagens da CNN, conduzidas pelo instituto SSRS, indicam que Trump tem vantagem de um ponto percentual em relação a Kamala — 48% a 47% — na Geórgia. Kamala vence na Carolina do Norte com a mesma margem: 48% a 47%.

 

As informações são do Correio Braziliense. 

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